Cerca de 44 famílias desalojadas pela tempestade tropical Jude, na cidade de Nampula, acusam o Governo de falta de apoio e de apenas ter dado lonas para cobertura das cabanas precárias onde vivem no Mercado de Mpavara, Bairro de Carrupeia, onde se “refugiaram”, depois de perderem as casas, devido ao temporal.
Segundo contam as vítimas, a última visita efectuada pelo governo do distrito de Nampula às famílias que “vivem” no Mercado de Mpavara foi há cerca de dois meses.
Desde essa altura, nenhum dirigente se deslocou ao local, para saber da situação em que os desabrigados se encontram.
Antes da ocupação pelas vítimas da tempestade tropical Jude, o Mercado de Mpavara se encontrava vazio, porque nunca foi utilizado, desde que foi construído pelo falecido presidente do município de Nampula Mahamudo Amurane, assassinado em Outubro de 2017.
As famílias que ali vivem se encontram em condições desumanas e a maior parte das crianças já contraíram malária por falta de rede mosquiteira.
“Estamos aqui com 44 famílias há dois meses. Desde que estamos aqui, o governo visitou-nos uma vez, eles apenas fizeram promessas. O governo distrital simplesmente ofereceu plástico a cada família que aqui vive, com promessas de voltar para nos apoiar”, afirmou Litos Ramos, líder do bairro.
“A nossa questão sempre tem sido: como cobrirmos uma casa se nem bambus temos? Aliás, não temos nenhum material para construirmos as nossas casas. As crianças estão a sofrer com malária porque estamos rodeados de lixo”, queixou-se Ramos.
A área onde estão alojadas as 44 famílias também está cheia de lixo e não se sabe quando é que a imundície será retirada, acrescentou.
“Na visita que recebemos do Conselho Municipal, pedi que retirassem o lixo, mas sem sucesso. Aqui vivemos à nossa própria sorte e Deus é que sabe”, lamentou Isabel Gregório, também abrigada no Mercado de Mpavara.
Gregório disse que se não fosse a ajuda prestada por pessoas de boa vontade, a situação seria mais grave, devido à fome.
“Se não fosse a ajuda que temos vindo a receber de algumas pessoas, teríamos óbitos por aqui, porque para obter um quilo de farinha não tem sido nada fácil, alimentamo-nos apenas de ‘papahi’ [peixe seco] quase todos os dias”, relatou Isabel Gregório.
As vítimas da tempestade tropical Jude pedem apoio em produtos alimentares, redes mosquiteiras e artigos de higiene.
“Estamos a pedir ajuda ao nosso governo, estamos a passar muito mal, não temos outra maneira, sentimo-nos abandonados, fizeram-nos promessas falsas”, acusou Mualua Amade. (Elina Eciate)