A cidade de Nampula tem vindo a debater-se, nos últimos dias, com a crise dos combustíveis, uma situação que deixa os automobilistas e os operadores de táxi-mota agastados. Ainda são desconhecidas as causas que provocaram a escassez deste produto na província de Nampula. A título de exemplo, o litro que antes era comercializado por 87,59 meticais, no mercado informal, passou para 500 meticais.
Algumas bombas de combustível, que operam na cidade de Nampula, já registam ruptura de “stock”, o que poderá agravar cada vez mais este cenário nos próximos dias, caso não sejam tomadas medidas urgentes por parte do Governo para pôr termo à crise.
Por conta da escassez de combustível, os operadores de táxi-mota e de transportes de semi-colectivo de passageiros, vulgo “chapa cem”, que operam na cidade de Nampula, equacionam aumentar o preço de transporte, caso a crise preval_eça. No entender destes operadores, não faz sentido que continuem a aplicar os preços actuais, uma vez que o custo da gasolina disparou nos mercados de Nampula.
Em entrevista à “Carta”, Martinho Vasco afirmou que, para obter combustível, teve de percorrer longas distâncias e que a maioria das bombas por onde passou se encontram praticamente às moscas, devido à escassez de gasolina. Vasco admite que poderá aumentar o preço de transporte.
“Estamos há duas semanas sem combustível, não sei se isso se deve aos navios que não atracaram no porto de Nacala. E dada esta situação, nos informais, meio litro de gasolina já está ao preço de 300 meticais e saímos prejudicados. Nas bombas, o litro está a 87,59 meticais, vamos subir dos 50 meticais para 200 meticais, para as curtas distâncias”, avisou.
Maurício Mário, “chapeiro” da rota Muahivire-Mercado Grossista de Waresta, afirmou que o problema já tem “barba branca” e criticou o silêncio das autoridades governamentais sobre a escassez de combustível.
“Quando chegamos, a informação que recebemos é que o problema é dos navios que não atracam em Nacala-porto. Outros dizem que têm fornecido de forma cautelosa devido ao pouco ‘stock’, como forma de manter os preços e não se sabe qual é a verdade”, lamentou Mário, visivelmente agastado.
Aquele motorista de um transporte semi-colectivo de passageiros declarou ter recorrido ao “mercado paralelo” na zona da Faina, para assegurar o seu movimento diário. “Hoje tive de abastecer de maneira informal”, acrescentou.
Por sua vez, Ângelo Inácio, moto-taxista, afirmou que os dirigentes usam discursos políticos muito bonitos, mas a realidade não espelha as promessas. “Estamos com problemas sérios de combustível e o Governo não diz nada, a propósito. O povo está a sofrer. Nós dependemos desta actividade, é aqui onde garantimos o nosso salário. O combustível está a subir e o Governo precisa de encontrar soluções imediatas para este problema”, afirmou Inácio.
Na ronda efectuada pela nossa reportagem em alguns postos de abastecimento de combustível, com particular destaque para Cameil Oil, situado no Bairro de Muahivire Expansão, constatamos que os fornecedores desconhecem as reais causas da falta de combustível.
Importa realçar que, devido à escassez e elevado custo deste produto, munícipes da cidade de Nampula pretendem marchar pacificamente no próximo sábado (10), em resposta à crise.