Mães, acompanhantes e parturientes da cidade de Pemba, em Cabo Delgado, exigem um atendimento humanizado nas unidades sanitárias, ao mesmo tempo que apelam para o fim do suborno, vulgo “refresco”, em troca de um cuidado especial.
Ana Maria, mãe de duas filhas e residente em Natite, disse à “Carta” que, além de um atendimento digno por parte das parteiras, é necessário que se abandone a exigência de “refresco” em todas as maternidades, de modo a garantir maior atenção à mulher grávida.
“Não é segredo para ninguém. Todas as maternidades fazem isso. É preciso ter dinheiro na ponta da capulana para ser bem atendida. Isso deve acabar, porque nem toda a gente tem refresco”, apelou.
A mesma opinião foi secundada por Ângela Sumail, residente no bairro Cariaco, que afirmou que, em todas as ocasiões em que deu à luz ou acompanhou alguém à maternidade, foi necessário oferecer algum dinheiro em troca de um bom atendimento.
“Estamos a pedir o fim dessa prática [de exigir dinheiro], porque trata-se de vida e é preciso muita paciência. No hospital pagamos dinheiro às parteiras para sermos bem tratadas e isso acabou virando algo normal. Acontece em muitos lugares aqui em Pemba”, denunciou.
Falando por ocasião do Dia da Parteira, celebrado esta terça-feira (06), a representante das Parteiras de Moçambique em Cabo Delgado, Atanásia Bernardino, apelou às suas colegas para uma maior dedicação e brio profissional.
A província de Cabo Delgado conta com 727 parteiras distribuídas pelas diferentes unidades sanitárias.