Tal como se tem verificado, em Mangungumete, distrito de Inhassoro, província de Inhambane, onde residentes locais paralisam actividades da SASOL e bloqueiam a Estrada Nacional Nº 1 em protestos à falta de oportunidades de emprego na petroquímica sul-africana, residentes do Arquipélago de Bazaruto, no mesmo distrito, expulsaram funcionários de estâncias turísticas, acusando-os de serem responsáveis pela falta de emprego dos membros da comunidade.
Segundo relatos colhidos pela STV junto da comunidade de Bazaruto, quando estes buscam emprego nas empresas locais ou em pontos turísticos, os funcionários dos departamentos de Recursos Humanos (RH) rasgam os curricula vitae e jogam no lixo, alegando que não há vagas. O que mais aborrece é o facto de algum tempo depois a comunidade descobrir que novas pessoas foram contratadas para as vagas que, supostamente, não estavam disponíveis para os membros locais.
Como se não bastasse, o que também entristece a população é o facto de as empresas afirmarem categoricamente que estão ali para apoiar os residentes, o que, para eles, não passa de mentira. “Decidimos mandar embora essas pessoas como forma de chamar a atenção do governo local e de outras partes sobre a situação real que se vive nesta região. As pessoas que expulsamos passam a vida humilhando os nossos irmãos. Alguns usam as nossas irmãs em troca de sexo por uma vaga de emprego”, afirmou um residente local, em entrevista à STV.
A população também culpa o governo local, alegando que este passa a maior parte do tempo realizando encontros com diversas empresas, mas nunca se dá ao trabalho de ouvir a comunidade. Isso tem gerado um sentimento de abandono entre os moradores.
Lembre-se que este é o segundo episódio em que a população local adopta esse tipo de confronto no decorrer deste mês. O primeiro ocorreu no dia 11, quando os moradores se dirigiram a um resort e expulsaram alguns funcionários do local. Na ocasião, o governo foi obrigado a intervir e criou uma equipe multi-setorial para interagir com a comunidade.
Os problemas de Bazaruto podem reflectir o aumento do desenvolvimento turístico na região, que acaba gerando grandes expectativas nas comunidades locais. À STV, o Administrador do Parque Nacional de Bazaruto afirmou que tem realizado encontros com a comunidade para entender as suas reivindicações e o que pode ser feito em conjunto para resolver o problema.
A revolta popular em Inhassoro não é nova. Em Mangungumete, por exemplo, a população tem estado em constante braço-de-ferro com a petroquímica sul-africana SASOL – que explora gás natural nos poços de Temane (Inhassoro) e Pande (Govuro) – devido à falta de oportunidades de emprego para os locais e à suposta falta de compromisso com a responsabilidade social.
Aliás, alguns residentes entendem que a SASOL tem priorizando o vizinho distrito de Vilankulo, em detrimento dos distritos de Inhassoro e Govuro que, na sua opinião, deviam ser as principais beneficiários das acções de responsabilidade social da empresa.
Por conta dessa situação, a população tem realizado protestos, incluindo bloqueio de estradas, sendo que o último caso foi registado em Novembro de 2024, no contexto das manifestações contra os resultados eleitorais de 09 de Outubro passado. (M.A.)