“Eu não conheço o [Teófilo] Nhangumele”. Dizem que foi esta a reacção do camarada Armando Guebuza, antigo Presidente desta república, quando perguntado como foi possível ele [o Guebuza] ser enganado por um indivíduo como o Teófilo Nhangumele para assinar um calote que fez o país se ajoelhar desta maneira. Dizem que o camarada Guebuza não gostou nem tampouco da brincadeira, e com razão.
Pois é! Se o Presidente da República não conhece a pessoa que levou o dinheiro da dívida da sua própria República, imagina então nós, o povo! Se a pessoa que assinou a papelada da dívida não conhece a pessoa que trouxe a papelada, imagina então eu que só soube da dívida depois que o frango subiu! Se Guebuza não conhece Nhangumele, imagina então o cota Aiuba que vive nos confins da Zambézia! Se Guebuza ouviu falar do Nhangumele pela primeira vez quando este foi preso, imagina então a tia Muanacha que nem sabe que alguém foi preso!
O povo também não conhece esse “Indivíduo”, camarada! Afinal, quem é esse tal de Teófilo Nhangumele? Como é que ele se torna o personagem principal desta novela? Como entra ele na vida dos moçambicanos? Se o presidente não sabe, nós também não sabemos.
Nós não conhecemos nenhum Nhangumele, nem Ndambi, nem Inês, nem António, nem Renato, nem Gregório, nem Chang. Nós apenas conhecemos Armando Guebuza – a pessoa que confiamos para gerir os destinos deste país durante dez anos. Agora, como ele adjudicou esta missão a terceiros, nós não sabemos. Por isso, Nhangumele é um problema seu, camarada presidente! É o senhor quem devia conhecê-lo.
– Co’licença!