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17 de Janeiro, 2020

Inaugurada há 22 dias: Estrada Lichinga-Mandimba já está esburacada

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Inaugurada com pompa e circunstância a 20 de Dezembro último, pelo Presidente da República (PR), Filipe Nyusi, a Estrada Nacional Número 13 (N13), que liga a Cidade de Lichinga e o distrito de Mandimba, na província de Niassa já está esburacada por conta da chuva que tem estado a fustigar a zona norte do país e não só.

 

Não passa sequer um mês após a inauguração daquela estrada de cerca de 180 km, via em que durante a cerimónia, Nyusi fez questão de conduzir pessoalmente o seu carro protocolar quiçá para demonstrar a qualidade e confiança na nova infra-estrutura.

 

Aliás, discursando durante a inauguração, o Chefe de Estado disse que a estrada “é das melhores que o país e a província de Niassa têm”. E, por ter custado muito ao Estado (foram aplicados mais de 400 milhões USD, financiados pelo Governo moçambicano em parceria com o Banco Africano de Desenvolvimento e a Agência Japonesa para o Desenvolvimento Internacional), Nyusi apelou na ocasião o bom uso da para maior durabilidade.

 

“Não façam dela um corredor de morte. Conduzam com prudência, porque há mais curvas aqui”, acrescentou o PR. Entretanto, sem sequer 30 dias em uso, hoje a estrada já está repleta de buracos, revela um vídeo amador a que “Carta” teve acesso e, do qual extraiu-se as imagens que exibimos.

 

Os buracos demostram a Nyusi que a estrada não tem qualidade. No vídeo, o autor, um automobilista interroga-se repetidamente: “Que alcatrão é esse?”

 

Face a realidade da obra revelada pelo vídeo, depreender-se que a estrada terá sido inaugurada ainda em obras e para a acção poder constar do relatório do primeiro mandato do Presidente Nyusi. É que iniciada em Junho de 2017, a obra tinha a duração de dois anos, mas até Novembro passado (cinco meses depois do prazo previsto), a estrada ainda não tinha sido concluída.

 

Conforme o jornal “O país”, em finais de Novembro o Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine visitou a obra e constatou que o trabalho encontrava-se ligeiramente atrasado.

 

“De acordo com o Ministro, existem desafios no processo de acabamentos que passam pelo reforço do equipamento, recursos humanos e aumento das horas de trabalho”, escreveu o jornal On-line. Face às informações partilhados pelo “O país” e o vídeo, questiona-se: O que valeu ao PR “cumprir metas”, sem se adicionar a real qualidade necessário à obra?

 

Reação do Ministro João Machatine

 

Em contacto com o jornal, o Ministro Machatine afirmou que a obra foi executada de acordo com o previsto no caderno de encargos. Em relação ao troço esburacado, o Ministro disse que consta de uma secção sobre a reconstrução da ponte sobre o rio Lucule, que não era parte do âmbito do projecto.

 

“Em suma, não se está diante de um problema resultante de má execução da obra como está a ser interpretado, mas sim de situação pontual associada a trabalho que não estava inicialmente previsto no projecto (construção de uma nova ponte), mas que entretanto irá ser executado a bem da segurança dos utilizadores da estrada”, conclui Machatine. (Carta)

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