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30 de August, 2021

Ndambi “Cinderela” Guebuza ouvido hoje pelo Tribunal

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Retoma, na manhã desta segunda-feira, nas instalações do Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança (vulgo B.O.), o julgamento do Processo de Querela n.º 18/2019-C, relativo às dívidas ocultas, no qual o Ministério Público acusa 19 pessoas por estarem envolvidas na contratação ilegal, entre 2013 e 2014, de cerca de 2.2 mil milhões de USD, que levaram o país ao descrédito nas praças financeiras internacionais.

 

Esta segunda-feira, senta-se no banco dos réus, o arguido Armando Ndambi Guebuza, primogénito do ex-Chefe de Estado, Armando Emílio Guebuza. No meandro do escândalo das “dívidas ocultas”, Ndambi Guebuza é identificado por “Cinderela”, um nickname atribuído por Teófilo Nhangumele, no âmbito na lista de pessoas que deviam receber subornos da Privinvest.

 

O filho mais velho do antigo estadista moçambicano é acusado pelos crimes de chantagem, de falsificação de outros documentos, uso de documento falso, abuso de confiança, corrupção passiva para acto ilícito, associação para delinquir e branqueamento de capitais.

 

Segundo a acusação, Ndambi Guebuza desempenhou um papel fundamental na aprovação, pelo então Presidente da República (seu pai), do projecto proposto pela Abu Dhabi Mar, uma das empresas do Grupo Privinvest. Refere que, com a demora do presidente Guebuza em responder à proposta apresentada pela Abu Dhabi Mar, do Grupo Privinvest, Teófilo Nhangumele abordou Bruno Tandane acerca do assunto para que este conversasse com o amigo Ndambi Guebuza, de modo que este convencesse o pai a aceitá-la.

 

No princípio, diz a acusação, o primogénito de Armando Guebuza disse ter reservas em falar com o pai, porque havia muitos empresários que procediam da mesma forma (contactá-lo para convencer o pai a aceitar as suas propostas), porém, num segundo momento, exigiu garantias de que ser-lhe-ia pago dinheiro, como forma de fazer chegar a proposta da Privinvest ao pai. A exigência foi comunicada a Nhangumele que, por sua vez, partilhou com o libanês Jean Boustani, que garantiu o pagamento dos subornos exigidos. Três semanas depois, Guebuza deu aval para a execução do projecto.

 

Com vista a acompanhar de perto as negociações, Ndambi Guebuza exigiu que fosse incluído nas viagens, assim como o seu amigo Bruno Tandane, tendo sido incluídos nas viagens à Alemanha, em Dezembro de 2011, e Abu Dhabi, em Janeiro de 2012. Ambas viagens visavam avaliar as capacidades reais do fornecedor.

 

Aliás, na sua audição, Teófilo Nhangumele disse ao Tribunal que Armando Ndambi Guebuza era agente “acelerador” dos processos, enquanto ele “facilitava” aproximação entre a Privinvest e o Estado moçambicano e vice-versa.

 

Pelo papel, diz o Ministério Público, “Cinderela” facturou 33 milhões de USD, investidos na compra de 15 viaturas luxuosas e diversos imóveis na vizinha África do Sul. Entre os sortudos estão os amigos e a falecida irmã Valentina Guebuza. (A. Maolela)

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