As agências internacionais de notação financeira, Standard & Poor's, Fitch Ratings e Moody's continuaram, no primeiro semestre de 2021, a classificar Moçambique como estando à beira do incumprimento (ou lixo), no mercado financeiro internacional por causa do elevado endividamento público.
A descoberta do escândalo das dívidas ocultas, no valor de 2.2 biliões de USD e consequente suspensão da ajuda externa ao Orçamento do Estado contribuiu grandemente para que as agências classificassem o país, em 2018, como incumpridor (default) no pagamento da dívida pública.
De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira recentemente publicado pelo Banco de Moçambique e referente ao primeiro 2021, as agências de rating classificaram o país como estando em “CCC”, o que significa “risco substancial”, na capacidade de honrar suas obrigações financeiras integralmente e no prazo determinado (classificação que recebe desde 2019). Ou seja, Moçambique continua à beira do incumprimento/”lixo”.
“No primeiro semestre de 2021, a confiança do país no mercado internacional permaneceu no nível de risco substancial, influenciado pela intensificação do conflito armado na região Norte do país, que culminou com a suspensão do projecto Mozambique LNG”, lê-se no relatório do Banco Central.
Como consequência, a fonte sublinha que a classificação de risco substancial no mercado internacional impõe restrições no acesso aos mercados financeiros internacionais, o que pode incrementar o risco do mercado financeiro doméstico nas vertentes taxa de câmbio e taxa de juros.
De acordo com a fonte que temos vindo a citar, a classificação de Moçambique atribuída pelas principais agências de notação financeira (Standard & Poor's, Fitch Ratings e Moody's), baseou-se nos riscos associados aos actuais níveis de dívida pública, as limitadas fontes de financiamento, para além da falta de resolução judicial do processo das dívidas ilegais e inconstitucionais.
Até ao primeiro semestre situava-se em 848.8 biliões de Meticais (13.3 biliões de USD) o equivalente a 87,11% do Produto Interno Bruto (PIB). Para cúmulo, o relatório do Banco Central refere que, comparativamente aos países da região da SADC, Moçambique apresenta uma das notações mais baixas (estando apenas acima da Zâmbia que está em default), podendo ser um factor penalizador na captação de investimentos para o país. (Evaristo Chilingue)