Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
terça-feira, 26 novembro 2024 01:15

Eleições 2024: Familiares das vítimas das manifestações protestam em frente ao Conselho Constitucional

ccmanifs261124.jpg

Numa marcha realizada ao ritmo de canções evangélicas, a caminho do Conselho Constitucional (CC), seguida de um momento de orações, mães e esposas das vítimas das manifestações em curso em todo o país, em repúdio aos resultados das eleições de 9 de Outubro último, decidiram manifestar-se nesta segunda-feira (25) em frente ao CC.

 

Em lágrimas, e empunhando cartazes com os dizeres “Mãe Lúcia Ribeiro, qual é a meta de mortes?”, as mulheres gritavam por justiça, dizendo que estão cansadas de sofrer e que não querem mais mortes para o povo.

 

Questionadas sobre o motivo que as levou a se manifestarem em frente ao CC, responderam em coro: “Nós estamos neste local porque carregamos uma dor. O Governo disse que devíamos ir votar, mas em nenhum momento nos disse que deveríamos votar nos 25 tiros, nos nossos filhos que estão a morrer com balas e gás lacrimogéneo”.

 

Prosseguindo, as mulheres referiram: “viemos aqui para pedir que a justiça seja feita. Queremos que pare a morte dos nossos filhos. Nossos filhos morreram, outros estão feridos e outros ainda se encontram numa cama do hospital”.

 

“Por esta razão, estamos aqui para dizer que a mãe Lúcia Ribeiro é uma mãe que carregou por nove meses e sabe qual é a dor de uma mãe. Não existe mãe que vai parir um porco ou um cabrito. Então, ela, sendo mãe, não deve agir pelo dinheiro, mas sim pela justiça. Mesmo que sofra ameaças de morte, vale mais perder a vida e salvar milhares de moçambicanos que estão a morrer, que estão a chorar. Nossos filhos estão a morrer como cabritos. Queremos apenas manifestar pelos nossos direitos”.

 

Elas disseram ainda que querem mudanças e pedem que o Governo pare de violar a lei, e que seja reposta a verdade eleitoral de acordo com a vontade do povo, para que não haja mais derramamento de sangue.

 

“Eles estão a esquecer que somos o povo. Eles (os dirigentes) passam a vida a distribuir riquezas entre eles, enquanto o povo sofre. A cada dia, a vida está mais cara, o saco de arroz está cada vez mais caro. Viemos exigir ao Conselho Constitucional aquilo que o povo decidiu. Queremos que haja mudança no nosso país. Votamos em Venâncio e queremos que a verdade seja reposta”, detalharam.

 

As mães dizem igualmente que foram ao Conselho Constitucional porque acreditam que é lá onde a voz do povo será ouvida e esperam ver os seus problemas resolvidos. “Clamamos à mãe Lúcia para que ela sinta a nossa dor. Que ela esqueça o dinheiro, tenha piedade de nós e dos nossos filhos, que perecem a cada dia. Estamos a sofrer. O nosso governo está a matar-nos dia após dia. Se os nossos problemas não forem resolvidos, o povo não será mais o mesmo”, gritou uma das mães com lágrimas nos olhos.

 

Durante as manifestações, agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) dirigiram-se às mães, apelando para que se retirassem do CC. Elas cumpriram as ordens e saíram do local aos gritos, dizendo tudo o que estavam a sentir e repudiando a acção da polícia.

 

No local, deixaram vários cartazes com diferentes mensagens pedindo que fossem entregues à Lúcia Ribeiro e que não fossem jogados no lixo. “Pedimos que ela respeite esse povo, que é o seu patrão. Estamos a morrer dia após dia. Pedimos que vocês vejam as mensagens do povo que estão escritas nestes papéis que aqui viemos deixar. Eles dizem que o povo é quem manda, mas é esse mesmo povo que estão a matar todos os dias. Não votamos para a morte”, sentenciaram. (M.A)

Sir Motors

Ler 810 vezes