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Política

O recenseamento eleitoral começa hoje (15), mas não em todo o lugar. Existem 7.737 postos de recenseamento, em Moçambique (que serão também os centros de votação), mas apenas 5.096 brigadas de recenseamento. Algumas serão móveis e passarão por um cronograma fixo para cobrir vários postos de recenseamento em áreas mais remotas.

 

O STAE vai também usar as brigadas móveis para lidar com os problemas causados pelo ciclone IDAI e as inundações subsequentes, explicou Cláudio Langa, porta-voz do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), numa conferência de imprensa, concedida na quinta-feira (11).

 

"Vamos adaptar-nos", disse ele. O recenseamento decorre durante 46 dias (de 15 de Abril a 30 de Maio) e o STAE utilizará a experiência das duas primeiras semanas para se adaptar às condições locais. Com o longo período de recenseamento, as brigadas móveis poderão ir à locais mais isolados, à medida que secam e se tornam acessíveis.

 

Em Mafambisse, o Rio Púnguè ainda está quase um metro acima do nível de inundação e está apenas a cair 10 cm por dia, e algumas áreas permanecem inacessíveis. E o mapa de acesso do Programa Mundial da Alimentação (PMA), de 10 de Abril, mostra algumas estradas ainda intransitáveis em Sofala, Manica, Tete e Zambézia.

 

O armazém do STAE, na Beira, foi bastante danificado, com computadores e outros equipamentos, bem como a base de dados perdida. Mas, a base de dados foi copiada e foram obtidos equipamentos suficientes de outras áreas para o recenseamento começar.

 

Uma parte significativa da população afectada encontra-se nas cidades da Beira e do Dondo, a maioria das quais já estará recenseada. As pessoas recenseiam-se para votar perto donde residem, geralmente numa escola, e nas duas cidades os centros de acomodação são por bairro e, geralmente, dentro ou perto da escola, o que deve possibilitar o recenseamento. No Búzi e noutras áreas afectadas, as pessoas podem estar em centros mais distantes das suas casas, e segundo o porta-voz, ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre o recenseamento de pessoas em centros de acomodação.

 

Algumas pessoas terão perdido todos os seus documentos e vão querer obter um cartão de eleitor como a maneira mais fácil de obter um documento de identificação. Os eleitores sem identificação podem recensear-se, desde que sejam conhecidos por um membro da brigada de registo ou então identificados por um líder comunitário já recenseado naquele local, ou ainda por duas pessoas também recenseadas no mesmo local.

 

Muitas pessoas que perderam quase tudo e não têm uma casa permanecerão num centro durante o período de recenseamento. Mas, eles também retornarão para verificar suas terras e começar a reconstruir, e recensearão ao mesmo tempo apenas para obter uma identificação.

 

Apesar de haver relativamente menos pessoas a recensearem-se, na Beira e no Dondo, Langa espera mais transferências, à medida que as pessoas saem e chegam às cidades. Se as pessoas ainda tiverem seu cartão de eleitor do ano passado, a transferência é fácil, pois, eles só apresentam seu cartão no novo posto de registo. Se perderem o cartão, no entanto, eles devem recensearem-se como um novo eleitor, porque as brigadas de recenseamento têm o registo existente dos lugares onde estão a trabalhar, mas não estão online, portanto, não têm acesso à base de dados nacional.

 

Se as pessoas perderem o cartão, mas retornarem ao mesmo local para obter um novo cartão, elas só precisarão usar a impressão digital como identificação e um novo cartão será emitido.

 

Com o objectivo de 14 milhões de eleitores

 

Moçambique não tem recenseamento eleitoral permanente, pelo que, os eleitores devem recensearem-se, novamente, a cada cinco anos, correspondente a um ciclo eleitoral. O recenseamento está a decorrer em todo o país (e para moçambicanos no exterior). No ano passado, 6.824.582 pessoas recensearam-se nos 53 distritos com municípios que tiveram eleições no ano passado e não precisam se recensear novamente. O STAE espera recensear, este ano, 7.341.736 eleitores, num total de 14.166.318.

 

Cada brigada de registo tem um kit, conhecido como "ID móvel", com um computador laptop, câmera, leitor de impressão digital e impressora de cartão de recenseamento. Muitos dos kits foram usados há cinco anos e no ano passado, mas foram reformados e actualizados. Uma melhoria importante do ano passado é de 3000 painéis solares, que substituem os geradores que se mostraram difíceis de usar. Mas, as linhas de electricidade caíram devido ao ciclone em algumas áreas, então os geradores retornarão ao uso onde for necessário.

 

Algumas partes de Moçambique são normalmente de difícil acesso e algumas equipas de recenseamento viajam de barco, canoa, tractor, carroça de burro e a pé.

 

O orçamento total para o recenseamento eleitoral é de 4 mil milhões de meticais (63 milhões de dólares), sem contar o dinheiro pago às brigadas de recenseamento. A formação dos membros das brigadas terminou, quinta-feira (11 de Abril); 18.000 pessoas foram formadas e seleccionadas 15.288. Tudo entrou em vigor, este domingo (14) à noite. Além disso, há 6000 trabalhadores de educação cívica que estão no campo desde 8 de Abril. E 5000 agentes da polícia foram designados para as brigadas de recenseamento.

O Banco de Moçambique (BM) alterou sua forma de comunicar com a opinião pública, através da comunicação social. No passado, o BM convocava os jornalistas para uma conferência de imprensa onde, na presença de um ou dois administradores (ou mesmo do Governador), era possível uma discussão acalorada sobre várias temáticas decorrentes das suas atribuições. Este ano, o banco introduziu uma nova fórmula: convida os jornalistas a remeterem questões com antecedência, as quais são posteriormente respondidas, não pelo Governador nem por um administrador, mas pela Directora de Comunicação e Imagem, Silvina de Abreu.

O famoso criminalista Albano Silva é o advogado com procuração junto do Ministério Público para defender o antigo Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gouveia Gove. “Carta” sabe que Albano Silva foi a terceira escolha de Gove. Na passada sexta-feira, os dois entraram de “mãos dadas” no edifício da Procuradoria-Geral da República (PGR), na Vladimir Lenine, em Maputo. No processo das “dívidas ocultas”, Gove é acusado de abuso de cargo ou função e associação para delinquir.

 

O criminalista é uma velha raposa da advocacia moçambicana, um investigador nato, trabalhador incansável, como caracterizou um colega que lhe é chegado. Mas, reza outra descrição, Albano Silva é um advogado que sempre se valeu das suas influências extra-processuais para defender clientes, num registo de justicialismo imposto a todo o custo. Ao abraçar Ernesto Gove, o advogado regressa às barras, firmando-se como o mais experiente dos causídicos das “dívidas ocultas”. Para além dele, e de Abdul Gani Hassan, todos os outros pertencem a uma fornada de geração recente, que vai ganhando cada vez mais espaço nas lides.

 

Na segunda-feira, desta semana, perguntámos a albano se tinha aceite Gove como cliente. “Não sou advogado de ninguém”, disse ele. Mas, a procuração constante no processo desmente essa recusa. Nos últimos anos, Albano Silva esteve afastado das barras. Associou-se a um jovem jurista e criou a Albano Silva e Guilaze, uma firma que faz um pouco de tudo. Na sua página na internet, pode-se ler uma mini-biografia do advogado. Ela reza assim:

 

“António Albano Silva é sócio sénior e fundador da sociedade. É licenciado em Direito pela Universidade Eduardo Mondlane, em 1981, é advogado e membro fundador da Ordem dos Advogados de Moçambique e está inscrito na mesma (Ordem dos Advogados de Moçambique) desde o ano de 1994 (ano da sua fundação): Tem mais de 37 anos de experiência profissional e é responsável pelos serviços de assistência jurídica em várias áreas, com especial enfoque para o Direito Fiscal, Direito Bancário, Concessões e Licenciamento, Arbitragem, Mediação e Conciliação, Contencioso, Direito Administrativo e Contratação Pública”.

 

O retrato, breve como um cartão-de-visita, é muito lacónico. Não capta o percurso intenso de um dos mais mediáticos e controversos advogados do pós-independência. Entre meados dos anos 90 a cerca de 2010, Albano Silva tornou-se no advogado com mais parangonas nos “media” nacionais, tanto por motivos de bravura como de chacota. O primeiro grande caso foi de tráfico de droga. Em 1995, a Polícia apreendeu 40 toneladas de haxixe que circulavam na cidade de Maputo, em dois camiões.

 

A Polícia deteve preventivamente o empresário Mahomed Ikbal Gafar, do Grupo AGT de Nampula. Albano Silva foi contratado como advogado, naquele que foi o primeiro grande caso criminal após a transição para a democracia. O advogado meteu-se no terreno como um exímio detective e cedo desmontou a narrativa incriminatória da Polícia. Ikbal acabou sendo libertado provisoriamente, mas morreu pouco depois de hepatite num hospital no estrangeiro. A única pessoa verdadeiramente presa em conexão com esta apreensão foi o condutor de camião Samssudine Satar.

 

Depois veio Robert Macbride, na altura funcionário de alto escalão do Departamento de Relações Exteriores da África do Sul. Foi preso pela polícia moçambicana, em Ressano Garcia, com várias AK47 na sua bagageira. Alegou-se que McBride estava em missão de investigação sobre alegações de contrabando de armas de Moçambique para a África do Sul. Está-se em 1998. O Tribunal Supremo mandou soltar McBride após a intervenção do advogado Albano Silva. O sul-africano acabou fugindo do país sem sequer ser julgado.

 

E por fim a saga do caso da fraude ao antigo BCM (que se desenrolou em várias dimensões e episódios). A fraude (14 milhões de USD) foi descoberta entre 1996/1997. O BCM, maior banco comercial do pais, contratou Albano Silva, que trabalhou incansavelmente para levar o caso do BCM ao tribunal, apesar de obstáculos de vária ordem. Esbarrou com agentes da Polícia corruptos e entrou em rota de colisão com dois procuradores encarregues de investigar o caso, nomeadamente, Diamantino dos Santos e Rui Seuane (marido da Procuradora Geral Beatriz Buchili). A investigação recaía sobre um antigo gerente do BCM, Vicente Ramaya, e sobre os irmãos Satar (Ayob e Nini, na Unicâmbios).

 

Os dois lados, nomeadamente, o grupo investigado e o advogado, tornaram-se inimigos figadais. O advogado tinha descoberto evidências que levavam ao grupo como sendo o mentor da fraude. Mas, o grupo começou a alegar que Albano estava a “persegui-lo” para esconder os verdadeiros mentores do rombo. Albano Silva percebeu, então, que uma aliança com o jornalista Carlos Cardoso era fundamental para ele ganhar uma causa que já não era apenas do foro da justiça; jogava-se também no extenso palco da opinião pública. Carlos Cardoso viria a ser assassinado quando investigava, entre outros, o caso BCM, numa colaboração profícua com o advogado. O caso da fraude ao BCM viria a ser julgado, em 2003, e a tese de Albano Silva acabou vingando: Vicente Ramaya e os irmãos Satar viriam a ser condenados.

 

Foi uma vitória de Albano arrancada a ferros. Seus detractores não lhe vêem brilhantismo nenhum, mas apenas uma habilidosa capacidade de mover influências. Agora que ele regressa às barras há quem prefira recordar um caso que parece vexatório para o causídico. Em 1999, um ano antes do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, Albano Silva reportou uma tentativa de assassinato contra si, apontando para os irmãos Satar. O caso só foi julgado em 2008 mas ninguém foi condenado. Porquê? Sabe-se hoje que a trama não passara de uma inventona. Albano Silva é considerado um exímio manhoso, um lobo matreiro. Mas na inventona, ele falhou redondamente. E agora? Que trunfos usará para safar Gove? (Marcelo Mosse)

Félix Machado, Director da Terramar Logística, na Beira, uma empresa privada escolhida pelo governo de Moçambique para trabalhar com o Programa Mundial de Alimentação (PMA) na distribuição de ajuda às vítimas do Ciclone IDAI, no centro do país, já teve um caso de fraude e perdeu o emprego por essa razão, escreve a Zitamar News.

 

O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) anunciou, a 1 de Abril corrente, uma comissão conjunta para a distribuição de ajuda, composta pelo PMA e pela empresa privada Terra Mar Logística. Félix Machado, Diretor da Terra Mar, já foi Director Comercial da Cornelder de Moçambique, a joint-venture moçambicana-holandesa, que opera o Porto da Beira. Machado encabeçava um departamento que deveria ter evitado, em 2015, um fraudulento esquema que custou ao Porto da Beira mais de 500 Mil USD.

 

Um representante da Cornelder disse à Zitamar News, nesta semana, que Machado não foi considerado responsável por aquilo que foi descrito como “uma irregularidade interna”, mas que “o seu departamento deveria ter detectado a irregularidade e, por isso, ele foi responsabilizado por este fracasso”.

 

De acordo com uma reportagem do jornal “Notícias”, de Fevereiro de 2015, a “fraude” envolveu funcionários ligados ao sector de manuseamento de cargas para a Zâmbia, Zimbábue, Malawi e RD do Congo. A reportagem refere ainda que Cornelder disse ter lidado com as “irregularidades” internamente, descartando a necessidade de procedimento criminal.

 

Machado disse à Zitamar que não discutiria o caso por telefone, mas que estava de “consciência tranquila”. Na Beira, todo o mundo sabe que Félix Machado foi “expulso da Cornelder por roubo”. (Carta)

A polícia britânica prendeu nesta quinta-feira o fundador do site de vazamentos de dados sigilosos Wikileaks, Julian Assange, em um novo capítulo da história do ativista. As revelações feitas por Assange mostravam detalhes pouco conhecidos da atuação dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. Segundo os documentos, soldados americanos são acusados de atacar e matar homens, mulheres e crianças que não tinham relação direta com os conflitos.

 

Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres, onde estava exilado havia sete anos. A prisão não estaria relacionada aos vazamentos, mas à acusações de abuso sexual feitas por duas mulheres contra ele na Suécia - casos que ele havia colocado como possíveis investidas dos EUA em uma suposta campanha de "caça às bruxas" contra o Wikileaks. Ele também teria violado as leis dos Estados Unidos ao publicar no Wikileaks documentos secretos do governo americano.

 

O ativista havia-se refugiado na embaixada para evitar a extradição para a Suécia ou, ainda, para os Estados Unidos, mas acabou surpreendido com a retirada do asilo. A Polícia Metropolitana disse que ele foi preso por não se render à Justiça.

 

"Violações"

 

A prisão ocorre um dia após o Wikileaks ter anunciado que havia descoberto uma operação de espionagem das atividades de Assange na embaixada do Equador.

 

O atual governo do presidente do Eaquador, Lenín Moreno vinha limitando as ações permitidas a Assange no interior da embaixada em Londres. Segundo o correspondente da BBC James Landale as autoridades equatorianas já tinham vetado o acesso à internet a Julian Assange e tinham acusado o co-fundador do Wikileaks de estar desenvolvendo atividade política o que não é permitido àqueles que têm o pedido de asilo atentido.

 

O presidente do Equador, Lenin Moreno, disse que retirou o asilo de Assange depois de ele ter violado repetidamente regras internacionais. Em vídeo publicado em sua conta no Twitter, o presidente do Equador, Lenín Moreno, disse que a conduta de Assange era "desrespeitosa e agressiva". Moreno acrescentou que o WikiLeaks publicou declarações "hostis e ameaçadoras". O ex-presidente do Equador Rafael Correa, que atendeu em 2012 o pedido de asilo feito por Assange, criticou a decisão de Lenín Moreno.

 

"Lenín Moreno [...] revelou ao mundo sua miséria humana, entregando Julian Assange a polícia britânica - não somente um asilado, como também um cidadão equatoriano", disse Correa.

 

Para o ex-presidente, a decisão de entregar Julian Assange à polícia britânica "põe em risco a vida dele e representa uma humilhação para o Equador". O Wikileaks, por sua vez, tuitou que o governo do Equador agiu ilegalmente ao encerrar o asilo político de Assange "em violação do direito internacional".

 

O secretário de Estado para Assuntos Internos do Reino Unido, Sajid Javid, confirmou, também via Twitter, a prisão de Assange: "Posso confirmar que Julian Assange está agora sob custódia da polícia e vai responder à Justiça no Reino Unido. Gostaria de agradecer ao Equador por sua cooperação e à polícia por seu profissionalismo. Ninguém está acima da lei." Assange tem 47 anos e havia se recusado a deixar a embaixada, alegando que seria extraditado para os Estados Unidos para interrogatório sobre as atividades do WikiLeaks.

 

Para seus apoiadores, Julian Assange é um corajoso defensor da verdade. Para seus críticos, ele é alguém que busca publicidade e que pos vidas em risco ao colocar uma massa de informações confidenciais em domínio público. Assange é descrito por ex-colaboradores como intenso, motivado e altamente inteligente - com uma capacidade excepcional de decifrar códigos de computador.

 

Ele criou o Wikileaks, que publica documentos e imagens confidenciais, em 2006 - ganhando manchetes em todo o mundo em abril de 2010, quando divulgou imagens de um vídeo mostrando soldados dos Estados Unidos matando 18 civis no Iraque. Eles atiravam do alto de um helicóptero.

 

No final daquele ano, no entanto, Assange acabou detido no Reino Unido após a Suécia emitir um mandado de prisão internacional por denúncias de abuso sexual contra ele.

 

As autoridades suecas queriam interrogá-lo sobre denúncias apresentadas por duas mulheres no país. Uma o acusava de estupro. A outra, de que ele a havia molestado e coagido sexualmente em agosto de 2010, quando esteve em Estocolmo como convidado para dar palestra. Ele diz que os dois encontros foram totalmente consensuais. Assange foi preso pela polícia britânica em 11 de abril depois de passar quase sete anos exilado na embaixada equatoriana e retirar-se das instalações da embaixada. (BBC)

quinta-feira, 11 abril 2019 11:01

Omar al-Bashir, do Sudão: a queda de um ditador

Milhares de sudaneses comemoram nas ruas enquanto aguardam anúncio oficial das forças armadas. Há dez anos, Omar al-Bashir tornou-se no primeiro Presidente em exercício a ser acusado pelo Tribunal Penal Internacional.

 

O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, no poder há quase 30 anos, demitiu-se esta quinta-feira sob pressão dos militares. As forças armadas estão ainda a preparar uma declaração pública, mas um ministro do Governo sudanês disse que “estão em curso negociações para a transição de poder”.

 

Os jovens já não são “um grupo a quem a história acontece”. Agora, fazem a própria história. A agência Reuters avança que Bashir está detido no palácio presidencial, “sob forte escolta armada”. A televisão estatal do país avançou que as forças armadas vão fazer uma “importante declaração em breve”.

 

Segundo o site Sudanese Tribune, os militares avançaram para travarem um outro golpe de Estado que estaria em curso, liderado por oficiais islamistas em conjunto com os serviços secretos e a milícia do partido no poder, conhecida como Segurança Popular. O ministro da Produção e dos Recursos Económicos no Darfur do Norte, Adel Mahjoub Hussein, disse ao canal Hadath TV, do Dubai, que “há negociações em curso para a formação de um conselho militar que vai assumir o poder após a saída do Presidente Bashir”.

 

Segundo o investigador sudanês Nile Nomad, as embaixadas do país já receberam a notificação de que Omar al-Bashir já não é o Presidente do Sudão, e que devem aguardar novas instruções. A jornalista sudanesa Reem Abbas disse no Twitter que estão a ser libertados prisioneiros na cadeia de Kober, onde estão os presos políticos relacionados com a questão do Darfur. E onde, segundo os activistas sudaneses e as organizações de defesas dos direitos humanos, os detidos são sujeitos a tortura.

 

O Exército colocou soldados em redor do Ministério da Defesa e nas principais estradas e pontes de Cartum, à medida que milhares de pessoas se deslocam para junto do edifício do ministério.Dezenas de milhares de sudaneses celebram nas ruas da capital a provável saída do poder de Omar al-Bashir e o fim do seu regime, que governa o país desde Junho de 1989, quando liderou um golpe de Estado militar contra o Presidente eleito democraticamente, Sadiq al-Mahdi.

 

Militares invadem sede do Movimento Islâmico

 

A agência Reuters avança que a sede do Movimento Islâmico, liderado por Omar al-Bashir, foi tomada pelos soldados sudaneses. O Movimento Islâmico foi criado pelo Partido do Congresso Nacional, no Governo, na sequência da divisão ocorrida em 1999 com o seu antigo líder, Hassan al-Turabi, que formou o Partido do Congresso Popular. O movimento foi criado para alargar a base de apoio à orientação islamista do Partido do Congresso Nacional e para juntar no seu seio os grupos radicais. É controlado pelo partido no poder e teve como líder, entre 2004 e 2012, o vice-presidente do Partido do Congresso Nacional, Ali Osman Mohammed Taha. (Alexandre Martins, Publico.pt)