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sexta-feira, 28 fevereiro 2020 04:41

Taxas de juro de referência mantêm-se, enquanto dívida pública interna dispara

Reunido ontem, em Maputo, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BM) decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 12,75%.

 

O CPMO decidiu, igualmente, manter as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 9,75% e 15,75%, respectivamente, bem assim os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 13,0% e 36,0%, respectivamente.

 

Em comunicado recebido na nossa redacção, o BM explica que a decisão é sustentada pelo facto de as projecções continuarem a indicar uma inflação de um dígito, apesar do agravamento de riscos e incertezas para o horizonte de curto a médio prazos.

 

“A nível interno, destaca-se a intensificação da instabilidade militar na zona norte do país, para além das incertezas quanto ao prolongamento e impacto das cheias e secas que têm assolado o território nacional. A nível externo, realça-se a recente eclosão da epidemia do Covid-19 que, em caso de prolongamento, poderá resultar no abrandamento da economia global e consequente fraca procura externa, com impacto sobre a dinâmica dos preços domésticos”, explica o documento. 

 

Enquanto as taxas de referência se mantêm, o BM reporta que a dívida pública interna dispara. No comunicado, consta que, desde o último CPMO (havido a 12 de Dezembro), até 26 de Fevereiro do corrente ano, a dívida pública interna, contraída com recurso a Bilhetes do Tesouro, Obrigações do Tesouro e adiantamentos do Banco de Moçambique, aumentou de 140.073 milhões de Meticais para 145.571 milhões de Meticais, reflectindo, essencialmente, a utilização de Bilhetes de Tesouro pelo Estado e a emissão de Obrigações do Tesouro.

 

“Os montantes acima não tomam em consideração outros valores da dívida pública interna, tais como contratos de mútuo e de locação financeira, bem assim responsabilidades em mora”, sublinha a nota.

 

Num outro desenvolvimento, a nossa fonte explica que as perspectivas de inflação para o médio prazo foram revistas em alta, mantendo-se, ainda assim, na banda de um dígito. Este aumento, prossegue o documento, decorre fundamentalmente, do ajustamento em alta do nível do impacto dos choques climatéricos sobre a dinâmica futura dos preços, conjugado com as perspectivas de depreciação do Metical no curto prazo e a tendência para o aumento dos preços dos alimentos no mercado internacional. Neste contexto, o BM observou que, desde o último CPMO, a inflação anual de Moçambique acelerou, tendo passado de 2,58% em Novembro de 2019 para 3,48% em Janeiro de 2020. 

 

No que tange à recuperação da actividade económica, em 2020, a nota de imprensa explica que as previsões se mantêm, embora a níveis aquém do potencial. “O Produto Interno Bruto de Moçambique abrandou de 3,4% em 2018 para 2,2% em 2019, em linha com o esperado, tendo em conta o impacto dos ciclones Idai e Kenneth sobre a actividade económica e a fraca procura externa”, reafirma a nota.

 

“Entretanto, as perspectivas continuam a apontar para a retoma da actividade económica em 2020, sustentada pela implementação dos investimentos de exploração de gás, materialização dos projectos de reconstrução pós-ciclones e melhoria da confiança dos investidores, em face da liquidação de parte da dívida do Estado com os fornecedores de bens e serviços”, lê-se no documento.

 

Por fim, relativamente às reservas internacionais do país, a nota que temos vindo a citar refere que aumentaram e continuam em níveis confortáveis. Segundo a mesma fonte, no final da terceira semana de Fevereiro de 2020, as reservas internacionais brutas situavam-se em USD 3.921 milhões, mais USD 178 milhões em relação aos dados apresentados na sessão do último CPMO, nível suficiente para cobrir mais de seis meses de importações, excluindo os grandes projectos. (Carta)

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