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BCI
terça-feira, 05 julho 2022 06:17

Ecos da greve de transportes: Gás lacrimogénio, queima de pneus e balas voltaram às ruas do Grande Maputo

A região do Grande Maputo, que compreende as cidades de Maputo e Matola e os distritos de Marracuene e Boane, acordou agitada esta segunda-feira, com os transportadores semi-colectivos a paralisarem as suas actividades, como forma de exigir o agravamento da tarifa do “chapa” face ao aumento dos preços dos combustíveis.

 

Logo pela manhã (05:00 horas), os transportadores (formais e informais) das diversas rotas da região do Grande Maputo parquearam as suas viaturas nos principais terminais (Zimpeto, Albazine, Magoanine, Costa do Sol, T3, Tchumene, Matola-Gare, Boane, Marracuene, etc.), alegando não estarem em condições de se fazer à estrada devido ao recente reajuste do preço do combustível, que tornou o gasóleo, o produto petrolífero mais caro do momento: saiu de 78,97 para 87,97 Meticais.

 

A situação deixou os terminais e diferentes paragens abarrotados. Algumas pessoas tiveram de caminhar para os seus postos de trabalho, enquanto outras acabaram regressando às suas casas. Os alunos e estudantes viram o seu dia de aulas perdido e algumas Universidades tiveram mesmo de adiar os exames semestrais. A cidade de Maputo esteve deserta toda esta segunda-feira.

 

A greve dos transportadores semi-colectivos afectou, igualmente, os utentes dos transportes escolares, que viram alguns operadores parquearem as suas viaturas por temer vandalização por parte dos grevistas. Aliás, a Estrada Nacional Nº 1, junto ao Mercado Grossista do Zimpeto, esteve temporariamente bloqueada pelos transportadores. O mesmo cenário verificou-se na Estrada Circular de Maputo, tanto na região do Chihango (Cidade de Maputo) e do Intaka (Município da Matola). Na Avenida 4 de Outubro, junto ao terminal da Zona Verde, no Município da Matola, alguns grevistas queimaram pneus.

 

Em todas as situações, a Unidade de Intervenção Rápida (Polícia de Choque) e a Unidade Canina, dois ramos da Polícia da República de Moçambique (PRM), tiveram de intervir para conter os ânimos. No caso da Estrada Nacional Nº 1, a UIR teve de lançar o gás lacrimogénio para dispersar os manifestantes. Em outras ocasiões, houve registo de disparos com recurso a balas verdadeiras.

 

Trata-se de situações que já não se viam na região do Grande Maputo desde a greve registada nos dias 1 e 2 de Setembro de 2010, que resultaram na morte de 13 pessoas e ferimento de outras 10. No entanto, diferentemente da greve de 2010, não houve registo de vandalização e nem pilhagem. Também não houve excesso de força por parte da Polícia, como tem sido habitual. Orlando Mudumane, porta-voz da PRM, disse à imprensa que a corporação deteve duas pessoas por desobediência e incitação à violência.

 

Devido à greve, o Ministério dos Transportes e Comunicações e a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO) tiveram de reunir de emergência e, em duas horas, encontraram a fórmula necessária para a retoma das actividades: manter as actuais tarifas de transporte e compensar os operadores, enquanto se finaliza o pacote de subsídios aos utentes dos transportes públicos.

 

A medida agradou os transportadores, que ao princípio da tarde regressaram timidamente aos seus postos de trabalho. No entanto, defendem ter sido mal representados na reunião de emergência havida na manhã de ontem. Já o Presidente da FEMATRO garante que irão monitorar o processo de implementação dos subsídios e, caso a medida não surta efeito, voltarão a paralisar as actividades.

 

Refira-se que o último reajuste da tarifa do transporte urbano, interdistrital e interprovincial teve lugar em Janeiro último, em resultado da subida do preço dos combustíveis em Outubro de 2021. No entanto, entre Março e Julho, houve três agravamentos do preço do combustível. (Carta)

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