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Economia e Negócios

Devido à quadra festiva, operadores hoteleiros e turísticos estão a verificar um movimento desejável de clientes, situação que não foi vivida nos meses de pico da Covid-19. Todavia, diversos operadores entrevistados pela “Carta” afirmam que a actual situação é “uma gota de água no oceano”, face aos avultados prejuízos provocados pela pandemia, durante mais de oito meses de emergência.

 

Por essa mesma razão, os entrevistados dizem que 2020 é um ano para esquecer.

 

Quessanias Matsombe é um dos operadores contactados. Relatou que o empreendimento (de quatro estrelas) que gere, regista actualmente uma ocupação de 90%. “É uma situação normal nessa quadra festiva, mas isto não vem para ficar. Vai até primeira semana de Janeiro”, disse.

 

Perante tal situação, o operador disse: “não é uma ocupação de duas ou três semanas que vai atenuar o impacto da crise provocada pela pandemia. Os prejuízos foram de tal forma enormes, que ainda não há previsão de quando recuperar”.

 

Pacheco Faria é outro operador do sector. À semelhança de Matsombe, disse que a actual situação vivida em empreendimentos turísticos, que resistiram à crise pandémica, é normal e rapidamente vai passar. “O movimento não modifica nada. É uma gota de água no oceano, porque o negócio da quadra festiva não se vai prolongar para além da segunda semana de Janeiro, numa altura em que grandes países emissores de turistas estarão a voltar a fechar-se por causa de outras vagas da Covid-19, causadas em parte pelo surgimento de outras variantes do novo coronavírus”, afirmou Faria. 

 

Este entrevistado é da opinião que o ano findo é para esquecer, sobretudo para os micro, pequenos e médios empreendedores. “A situação vivida em 2020 foi crítica e caótica”, disse a nossa fonte.

 

Entretanto, para Faria, se o país reforçar as medidas de prevenção e combate à pandemia, durante o ano de 2021 e a nova variante da Covid-19 registada na África do Sul não se alastrar a Moçambique, os empresários nacionais do sector poderão, a partir de Julho próximo, começar a reerguer-se. “Mas para voltarem a trabalhar como vinham, serão necessários 10 anos, porque o choque foi maior”.

 

Entretanto, dos nossos entrevistados, nem todos disseram estar a registar um movimento esperado. Tasslim Sidat, que é Director do Hotel Maputo, por exemplo, afirmou que, a partir de Dezembro, a curva da procura por serviços daquele empreendimento tendeu a cair. Neste momento, o hotel, com três estrelas, conta com uma ocupação de 20%, reportou a fonte.

 

Esse facto, revelou Sidat, deve-se à falta de turistas, principalmente estrangeiros que escalam o país para fazer negócios. O nosso entrevistado anotou que o hotel que gere é comercial, mas “nos últimos dias as organizações encerraram por causa da quadra festiva, daí que não há turistas, nem nacionais”.

 

Todavia, Matsombe, Faria e Sidat concordam que, se houver apoio para o sector, nomeadamente, empréstimos com condições altamente concessionais, os empresários poderão reerguer os seu negócios e, consequentemente, incrementar as suas contribuições para a economia, com impostos e postos de trabalhos.

 

Após 2020 ter sido um ano mau, os operadores auguram que 2021 seja melhor para o todo o sector e não só, apesar do grande desafio imposto pela contínua propagação da Covid-19, não obstante, em alguns países da Europa e América a vacinação tenha já iniciado. (Evaristo Chilingue)

Os empresários da cidade da Beira dizem-se preocupados com a aproximação do ciclone Chalane que, segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), poderá, a partir da meia-noite de terça-feira (29), sacudir a zona centro do país e, não só, afectadando quatro milhões de pessoas.

 

“Há uma grande preocupação, tendo em conta que a Beira foi assolada em Março do ano passado pelo ciclone Idai que devastou muitos negócios do sector privado e não só. Ora, enquanto nos reerguíamos à custa de fundos próprios, chegou a crise provocada pela pandemia da Covid-19 que também criou prejuízos, porque muitas empresas fecharam” –  queixou-se Ricardo Cunhaque, empresário e Presidente do Conselho Empresarial Provincial de Sofala – delegação da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

 

Falando esta terça-feira à “Carta” em entrevista telefónica, Cunhaque observou que, embora se diga que Chalane não é um ciclone de grande magnitude (a previsão indica que é, uma vez que é caracterizado por ventos de 90 km/hora e rajadas até 110 km/hora) em relação ao Idai, o empresariado local está em pânico.

 

Todavia, com vista a minimizar os impactos que possam ser causados pelo ciclone, o nosso interlocutor disse que acções estão a ser levadas a cabo pelo sector privado local. Destacou o reforço das infra-estruturas, principalmente os telhados.

 

O ciclone Chalane aproxima-se da Beira, 21 meses depois de o Idai criar danos ao tecido social e económico daquela que é a segunda maior cidade do país e, numa altura em que os apoios à reconstrução da economia ainda não começaram. Entretanto, dados facultados recentemente pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, enquanto apresentava o seu informe anual à nação, indicam que, em princípio de 2021, o Governo irá disponibilizar linhas de crédito no montante de 20 milhões de USD com vista a financiar negócios afectados pela intempérie.

 

Em relação a este aspecto, o Presidente do Conselho Empresarial Provincial de Sofala – delegação da CTA, comentou que o valor é bem-vindo porque chega numa altura em que as empresas necessitam de financiamento para se reerguer não só do Idai, mas também da crise pandémica.

 

Entretanto, calculou que o valor é relativamente pouco olhando para a avalanche das empresas devastadas pelo Idai. São mais de 700 empresas afectadas, de acordo com o relatório da CTA, disponibilizado em Maio de 2019, após uma avaliação do impacto da intempérie. De acordo com a CTA, os micro, pequenos e médios negócios é que mais se ressentiram do ciclone Idai. (Evaristo Chilingue)

Com vista a fazer face ao impacto do ciclone Chalane, a Importadora Moçambicana de Petróleos (IMOPETRO) garante haver disponibilidade de diferentes combustíveis, para abastecer a cidade da Beira, durante 30 dias. 

 

Em declarações à Rádio Moçambique, o Director-geral da IMOPETRO, João Macanja, disse que o terminal oceânico de combustíveis da Beira, conta com gasóleo para 39 dias. Já em relação ao jet, a fonte informou que a cidade conta com combustível para 31 dias. “Gasóleo para 20 dias e gás de cozinha para 16 dias”, acrescentou Macanja.

 

Dados avançados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) indicam que o ciclone Chalane iria devastar, principalmente, a província de Sofala e, consequentemente, a cidade da Beira, a partir da meia-noite desta quarta-feira (30).

 

Em comunicado divulgado segunda-feira, o INAM indicava que Chalane caracterizar-se-ia por ventos fortes até 90 km/h e rajadas até 110 k/h.

 

Para além da província de Sofala, o fenómeno irá afectar também outras províncias do centro, com destaque para Zambézia, Manica. O INAM avançou ainda que alguns distritos localizados da província de Inhambane, nomeadamente Govuro, Vilankulo e Mabote. (Evaristo Chilingue)

O Presidente do Conselho de Administração (PCA), do Banco Nacional de Investimento (BNI), Tomás Matola, disse, esta quarta-feira (23), em entrevista telefónica à "Carta", que a instituição que dirige continua à busca de dinheiro junto de diversos parceiros para financiar micro, pequenas e médias empresas (PME) afectadas pela crise pandémica, visto que o valor de 1.6 mil milhões de Meticais mostrou-se muito aquém de satisfazer a avalanche das empresas que concorreram.

 

Entretanto, Matola avançou que, para este ano, prestes a findar, não há garantias de receber os financiamentos em busca.

 

Numa entrevista feita no contexto do andamento das duas linhas de crédito, no montante referido de 1.6 mil milhões de Meticais, o PCA do BNI disse que, para essa verba concorreram, até à segunda semana de Dezembro corrente, 1058 propostas de pedidos de financiamento, mas somente 224 foram aprovadas.

 

Para comprovar que a procura pelo crédito superou a disponibilidade, a nossa fonte revelou que as 1058 propostas representam uma demanda de 11.1 mil milhões de Meticais, valor que ultrapassou a verba disponível em 9,5 mil milhões (cerca de 600%).

 

As 224 propostas aprovadas, equivalentes a 1.6 mil milhões de Meticais, a fonte detalhou que, em termos gerais, o sector do comércio lidera com 29%, seguido da avicultura/pecuária com 16%, tendo o turismo e a indústria transformadora alimentar, e não só, ocupado as restantes percentagens.

 

Em termos regionais, o nosso interlocutor pormenorizou que os padrões variam. Na zona sul lidera a avicultura/pecuária com 25%, seguida do comércio, turismo e educação com respectivamente 17%, 13% e 9%. No centro do país, por seu turno, lideram o sector do comércio com 37%, seguido pela indústria transformadora alimentar, agricultura e turismo com respectivamente 16%, 11 e 6%.

 

Por fim, na zona norte do país lidera também o comércio com uma percentagem expressiva de 55%, seguido da avicultura/pecuária, indústria transformadora, agricultura e educação com 16%, 11%, 5% e 5% respectivamente.

 

Em termos de desembolso, Matola disse que, dos 1.6 mil milhões de Meticais, o BNI já financiou as empresas em mais de 800 milhões de Meticais, ou seja, mais de metade do valor.  (Evaristo Chilingue)

A consultora NKC African Economics considera que a inflação vai continuar moderada em Moçambique, mas alerta que os riscos de subida dos preços podem materializar-se e não vão desaparecer no curto e médio prazo.

 

"A perspetiva de evolução da inflação em 2021 vai manter-se relativamente modesta, mas estamos muito cientes dos riscos de subida dos preços, incluindo o enfraquecimento da moeda local, o aumento dos preços da energia, eventos climatéricos adversos e o conflito local disruptivo", lê-se num comentário à inflação em Moçambique, que subiu 0,66% em novembro.

 

"É improvável que estes riscos desapareçam a curto e médio prazo, o que pode significar que se houver surpresas na inflação, a capacidade das autoridades monetárias para fornecerem alívio será limitada", acrescentam os analistas num comentário à inflação, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso.

 

Moçambique registou em novembro uma inflação mensal de 0,66%, de acordo com os dados publicados pelo boletim do Índice de Preços no Consumidor (IPC) do Instituto Nacional de Estatística (INE) em meados deste mês.

 

A inflação acumulada em 11 meses situa-se este ano em 1,97% e a inflação homóloga em novembro fixou-se em 3,27%.

 

A inflação média a 12 meses está em 3,14%.

 

De janeiro a novembro, destacaram-se as subidas de preços do carapau, peixe fresco, óleo alimentar, veículos automóveis ligeiros (novos e usados), refeições completas em restaurantes e pão de trigo.

 

A tendência de subida de preços, ainda que a ritmo ligeiro, já tinha sido identificada pelo Banco de Moçambique e outras autoridades do setor.

 

A conjuntura reflete choques na economia provocados pela pandemia de covid-19.

 

Os valores do IPC são calculados pelo INE a partir das variações de preço de um cabaz de bens e serviços, com dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira e Nampula. (Lusa)

Moçambique é alto para investimento chinês e terras agrícolas, mas seu envolvimento é baixo em outras áreas. Em muitos dos números, é muito semelhante ao Gana. O investimento estrangeiro directo (IED) chinês em 2018, em Moçambique, foi de $546 milhões, o terceiro depois da África do Sul e da República Democrática do Congo. O IDE total da China em Moçambique é de $1,4 mil milhões, o 7º em África.

 

As propriedades de terra da China em Moçambique são 31.200 ha, a segunda maior na África (depois dos Camarões). Isto cobre seis projectos, dos quais os dois maiores totalizam 26.000 ha de arroz no vale do Limpopo. Os dados são do Projecto de Pesquisa China África da Universidade Johns Hopkins, chefiado pela professora Deborah Bräutigam, especialista em investimento e comércio China-África.

 

Mas em outros sectores, Moçambique não está entre os 10 primeiros. A receita bruta chinesa de contratos em Moçambique totalizou $3,6 biliões nos anos de pico de 2015,16,17. Mas este foi apenas o 14º maior da África. A dívida total de Moçambique para com a China é de $2,45 mil milhões, dos quais $2,15 são créditos à exportação e o sector chave é o dos transportes, $1,5 mil milhões. Mais uma vez, Moçambique ocupa apenas a 14ª posição. As importações da China foram de US $1,9 bilião em 2018 e as exportações para a China de US $ 651 milhões, novamente bem abaixo na lista. Em 2018, havia 3.153 trabalhadores chineses em Moçambique. (JH)