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terça-feira, 09 janeiro 2024 10:11

Investimento estrangeiro poderá regredir em 2024 por ser ano eleitoral – Economista João Mosca

Em Outubro deste ano realizam-se em todo o país as sétimas eleições gerais. Para o economista sénior ouvido pela “Carta”, as eleições gerais poderão afectar a economia moçambicana, principalmente no que toca ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE), bem como o Investimento Directo Nacional (IDN).

 

Para João Mosca, economista, académico e gestor, as eleições presidenciais poderão retrair o IDE, pois, para ele, os investidores estrangeiros vão querer esperar pela realização das eleições para ver como se comporta a nova liderança do país. Acrescentou que os investidores vão recear injectar o seu capital porque, geralmente, depois das eleições tem havido, no país, conflitos que afectam a economia.

 

O endividamento público elevado é apontado pelo economista como um risco para a economia moçambicana durante o ano de 2024. Tal como tem acontecido nos anos anteriores, a dívida pública elevada leva instituições de notação financeira a classificar negativamente o país, facto que retrai a confiança dos investidores estrangeiros. Ora, é com base na confiança do país no mercado internacional que os investidores decidem investir numa dada economia.

 

Para além de retrair o investimento estrangeiro ou nacional, o elevado endividamento público propicia a desvalorização da moeda, a inflação (subida de preços), limitação e a redução da intervenção do Estado, a redução do consumo, o aumento do desemprego e a desaceleração do crescimento económico. Estas consequências advêm na sua maior parte da não aplicação do crédito de uma forma que beneficie a economia e da má gestão da dívida pública.

 

Para o entrevistado, o facto de Moçambique estar na Lista Cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) é outro empecilho para a economia durante o ano de 2024 em curso. Moçambique está na Lista Cinzenta do GAFI, desde Outubro de 2022, depois de o organismo ter constatado incumprimentos nas acções de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo no país. “Entretanto, espera-se que este ano o país seja retirado desta lista. Mas para tal é preciso um Governo competente, capaz de eliminar o branqueamento de capitais, financiamento ao terrorismo, raptos e reduzir a corrupção”, apelou Mosca. 

 

Apesar do abrandamento, o economista deu a entender que o terrorismo e os raptos são outros factores que afectam a economia de Moçambique, sobretudo a componente de investimento. Esses fenómenos retiram a segurança do país e a confiança aos investidores.

 

Contudo, numa perspectiva positiva, Mosca prevê ligeiro incremento do investimento interno e externo nos sectores de transportes e comunicações, bem como na construção. No primeiro sector, o economista perspectiva, para 2024, um aumento de consumo de serviços, o que irá demandar mais capital para expandir os negócios. Já no segundo sector, Mosca prevê maior investimento devido à reconstrução ou reabilitação da Estrada Nacional Número 1 prevista para este ano.

 

No que toca aos projectos de extracção de recursos minerais, este ano prevê-se a retoma da TotalEnergies e parceiros da Área 1 na Bacia do Rovuma para continuar o Projecto Mozambique LNG. Contudo, a concretizar-se, o início da produção de gás do Projecto só irá acontecer em 2028. O Governo prevê no Plano Económico e Social e Orçamento do Estado para 2024, aprovado em Dezembro de 2023, que a economia cresça 5% e a inflação atinja os 7%, em 2024. (Evaristo Chilingue)

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