Maputo acolheu, nos dias 22 e 23 de Agosto, a segunda edição da Conferência Local das Crianças e Jovens Sobre Mudanças Climáticas (LCOY-Moçambique). Organizado pela Plataforma Juvenil para Acção Climática (YCAC-MOZ) e co-organizado por parceiros como AEFUM, Cooperativa de Educação Ambiental Repensar, ECOP Moçambique e Aseder, o evento contou com a participação de mais de 150 jovens de todas as províncias do país, que se reuniram para debater questões urgentes sobre as alterações climáticas e propor soluções concretas.
A cerimónia de abertura contou com a presença da Directora Nacional de Mudanças Climáticas, Jadwiga Massinga, em representação do Governo de Moçambique, e da Chefe de Cooperação da Embaixada da Alemanha, Christine de Barros Said. Ambas destacaram a importância do envolvimento das novas gerações na luta contra as alterações climáticas e reforçaram o compromisso das suas instituições em apoiar os jovens nesta jornada.
"A força motriz do progresso está nas mãos dos jovens, que trazem consigo ideias inovadoras e a vontade de fazer acontecer", afirmou Jadwiga Massinga, sublinhando o papel fundamental das novas gerações na construção de um futuro sustentável. "Os impactos das mudanças climáticas afectam principalmente as nossas crianças e jovens, e é urgente que todos trabalhemos juntos para mitigar estes efeitos e proteger as futuras gerações."
Ao longo dos dois dias de conferência, os participantes exploraram temas centrais como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC’s), Mercados de Carbono, Direitos Humanos, Transição Energética, Água, Saúde e Biodiversidade. Estes temas foram abordados em vários painéis de discussão interactivos, permitindo aos jovens uma compreensão aprofundada das questões climáticas que afectam Moçambique e o mundo.
A representante da Criança Defensora do Clima, Flávia Nicole, destacou a importância de que “as vozes dos jovens e crianças moçambicanas sejam ouvidas e valorizadas na luta contra as mudanças climáticas, para que possamos construir um futuro verde e inclusivo para todos”. Flávia frisou ainda que proteger o meio ambiente é uma responsabilidade de todos, e não apenas das instituições governamentais ou das organizações internacionais.
Shana Mausse, representante dos parceiros presentes, relembrou que “as alterações climáticas não têm passaporte; elas afectam-nos a todos, independentemente da nossa localização geográfica. É por isso que o papel dos jovens moçambicanos nesta luta global é tão crucial.”
O evento também celebrou a cultura e a arte como ferramentas de sensibilização. A peça teatral "Plasticidade", apresentada pela Companhia de Artes A Palhota, e as músicas "Mãe Natureza" e "Verde Maria" de MC Chamboco, bem como "Xlaíssa Bazaruto" de Juliana de Sousa, inspiraram os presentes. Além disso, sob a orientação do pintor moçambicano Coana, os jovens criaram obras de arte que retratam os desafios e as soluções climáticas.
O ponto alto da conferência foi a ractificação da Declaração de Crianças e Jovens Sobre Mudanças Climáticas, um manifesto que representa as aspirações, preocupações e compromissos da juventude moçambicana no combate às mudanças climáticas. Este documento será partilhado com diversas entidades, tanto públicas como privadas, e servirá como base para futuras acções de mitigação e adaptação climática no país.
Com a ractificação desta declaração, a conferência reafirmou o compromisso dos jovens de Moçambique em desempenhar um papel activo na acção climática, contribuindo para soluções sustentáveis a nível nacional e internacional.
A Conferência Local das Crianças e Jovens Sobre Mudanças Climáticas (LCOY-MOZ) é uma iniciativa global promovida pela YOUNGO, o braço jovem da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). O seu principal objectivo é proporcionar um espaço para que jovens líderes climáticos discutam, aprendam e contribuam para a acção climática global, com enfoque na realidade local.
O evento contou com o apoio da UNICEF Moçambique, Save the Children, GIZ, Tearfund, Embaixada da Alemanha, Embaixada dos Países Baixos e Enabel.
O Governo do Malawi garantiu um contrato de arrendamento de 99 anos com Moçambique para desenvolver um terminal no Porto de Nacala para lidar com as importações e exportações de mercadorias para o país. Autoridades do governo, bem como especialistas em transporte e logística, dizem que o acordo aumentará o tráfego de cargas no Corredor de Nacala.
De acordo com a World Cargo e a Maritime News, Malawi garantiu o arrendamento do espaço no porto mais profundo do sul da África para a construção e operação de um terminal, o que criará uma estrutura logística mais económica, melhorando o comércio e o desenvolvimento económico.
O acordo acontece numa altura em que Malawi não conseguiu utilizar uma oportunidade semelhante por meio do Malawi Cargo Centre (MCC) em Dar-es-Salaam, na Tanzânia.
Também ocorre dois anos após as Pesquisas de Base, Intermediárias e Finais de 2021 de corredores comerciais seleccionados do Malawi mostrarem que a carga do país é movimentada principalmente nos portos de Beira e Durban, com os portos de Nacala e Dar-es-Salaam muito atrás, embora Nacala esteja à distância mais próxima, de 799 quilómetros.
“O Corredor de Nacala ocupa o primeiro lugar em termos de custo médio de transporte, com US$ 2.585 [cerca de 4,5 milhões de kwachas] por TPU [unidade equivalente a 20 pés], o que representa 70% do custo do Corredor da Beira, 66% do custo do Corredor de Dar-es-Salaam e 25% do custo do Corredor de Durban”, refere o estudo.
No entanto, apesar desta vantagem de custo, o Corredor de Nacala ainda atrai apenas cerca de 10 por cento da carga do Malawi. O Ministro da Informação e Digitalização, Moses Kunkuyu, que também é porta-voz do governo, disse que o acordo é semelhante ao que tem com a Tanzânia.
“Os benefícios que teremos se prendem com a possibilidade de construirmos instalações de armazenamento, que é o problema actual em Nacala. Dessa forma, podemos atracar e descarregar navios maiores, que são muito mais baratos”, explicou Kunkuyu.
Comentando sobre este desenvolvimento, o especialista em frete da MPK Freight Louis Uko elogiou o acordo, dizendo que será benéfico para a economia. Ele disse que será fácil juntar a vantagem da distância com oportunidades emergentes, como acesso directo ao mar, agilizando assim o desembaraço aduaneiro e reduzindo o congestionamento.
O director do Porto de Nacala, Neimo Induna, disse recentemente a jornalistas malawianos que a infra-estrutura pode movimentar 10 milhões de toneladas de carga por ano, mas neste momento a sua capacidade de utilização é de 40%.
“O equipamento é novo e não temos limitações em termos de quantidade de carga que o porto pode movimentar e as operações são 24 horas”, disse.
O porto fica no Corredor de Desenvolvimento de Nacala, que está a ser desenvolvido em conjunto por Malawi, Zâmbia e Moçambique para facilitar a conectividade regional e o acesso marítimo para Malawi e Zâmbia, dois países sem litoral. Inclui 1 161 km de rede rodoviária e verá a reabilitação da linha ferroviária que conecta Lilongwe e postos de fronteira de paragem única entre os países.
A Companhia Nacional de Petróleo do Malawi começou recentemente a importar combustível através de Nacala usando o transporte ferroviário, o que lhe permitirá reduzir gradualmente a sua dependência dos portos de Beira, Durban e Dar-es-Salaam, onde os custos de importação são inflacionados devido ao uso do transporte rodoviário.
O Porto de Nacala foi reinaugurado em Outubro de 2023 e vinha sendo modernizado desde 2018, após uma injecção financeira de 300 milhões de dólares da Agência de Cooperação Internacional do Japão. A modernização incluiu a dragagem para uma profundidade de 14 metros e a aquisição de novos equipamentos de movimentação de carga.
Em 2023, o porto movimentou 3,1 milhões de toneladas de carga geral, representando 103% do que havia previsto para o ano, com volumes esperados para atingir 3,5 milhões de toneladas até Dezembro de 2024, de acordo com o director do porto, Nelmo Induna. Além disso, quase 14 milhões de toneladas de carvão foram transportadas no ano passado da mina de Moatize, na província de Tete, para o porto de Nacala, através do Malawi.
O porto movimentou 18,9 milhões de litros de combustível destinados ao Malawi no ano passado e, até Julho deste ano, já movimentou 14,5 milhões de litros de combustível para o Malawi. Além do combustível, outras importações e exportações do Malawi que passam pelo porto incluem fertilizantes, trigo, clínquer, óleo vegetal, açúcar, ervilhas, tabaco e madeira. (WorldCargo News)
O Ministério da Saúde garantiu, esta segunda-feira, ainda não ter registado qualquer caso de Mpox (varíola dos macacos), em Moçambique, pelo que, desmente a existência de casos desta doença em Moçambique.
Em comunicado emitido ontem, o Ministério da Saúde revela ter submetido, entre os dias 14 e 26 de Agosto, sete casos suspeitos de Mpox, cujos testes laboratoriais deram negativo. Os casos em referência foram detectados nas províncias de Cabo Delgado (quatro), Niassa (um), Zambézia (um) e Maputo (um).
As autoridades da saúde esclarecem, no documento, que os sintomas de mpox são similares às de outras doenças exantemáticas, como o sarampo, a rubéola e a varicela, pelo que os casos suspeitos podem estar relacionados à estas doenças.
Lembre que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, a 14 de Agosto último, a Mpox como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, facto que levou as autoridades de saúde a elevar o seu nível de alerta. (M. Afonso)
A Polícia da República de Moçambique (PRM) deteve, na última sexta-feira (23), no bairro de Mahlazine, na cidade de Maputo, uma cidadã de 35 anos, suspeita de tráfico de órgãos, após uma denúncia feita pelo parceiro da sua empregada doméstica. A detenção ocorreu depois que a empregada encontrou órgãos humanos (braços e seios) no congelador da casa da patroa, o que a levou a informar o parceiro, que então denunciou o caso à polícia.
Entretanto, a detida afirma que está a ser acusada de um crime que não cometeu, alegando que nada foi encontrado na sua residência. "Quando a polícia revistou a minha casa e o meu quarto, encontraram apenas quatro seringas e coleira do meu cão. No meu carro, encontraram um kit de primeiros socorros e ervas medicinais que uso para os meus banhos. No meu telemóvel, encontraram algumas mensagens de um jovem que me arranja pessoas para trabalhar, mas no meu congelador não encontraram nada", explicou.
Segundo a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Marta Pereira, a cidadã foi detida por possuir na sua residência partes do corpo humano, que foram descobertas pela empregada, após a patroa ter ligado pedindo para retirar carne do congelador para preparar.
Mas como não era tarefa da empregada preparar comida, ao procurar a carne, deparou-se com um plástico contendo braços e seios femininos, o que a fez sair correndo até desmaiar. Pouco depois, a filha da patroa ligou para a mãe para contar o sucedido e esta retornou à casa, confrontando a empregada sobre o que ela tinha visto no congelador.
Em pânico, a empregada pediu à patroa que a enviasse de volta para a província de Gaza, onde reside, mas a patroa recusou. A empregada então contactou o seu parceiro, que accionou a polícia, tendo esta se dirigido de imediato à casa da suspeita, mas não encontrou nada, pois já havia removido os itens para outra residência.
Quando a polícia chegou ao local, rastreou o celular da cidadã e descobriu que ela recrutava pessoas, prometendo emprego na África do Sul, através da partilha de informações nas redes sociais sobre a solicitação de empregadas domésticas. Na mesma residência, a polícia encontrou vários medicamentos tradicionais, materiais de primeiros socorros, seringas e outros itens. (M.A.)
O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, disse ontem que o país recebeu, entre 2019 e 2023, cerca 8,9 mil milhões de euros em investimentos e pediu aos empresários “diversificação” dos destinos das exportações.
“Registamos um fluxo de investimentos diversificados acima de 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) entre 2019 e 2023 direcionados para os setores de energia em 40%, turismo em 18%, indústria em 15 %, serviços com 14% e construção na ordem de 5%”, declarou o Presidente moçambicano, durante a abertura da 59.ª edição da Feira Internacional de Maputo (Facim), que decorre na província de Maputo até domingo.
Filipe Nyusi destacou que grande parte dos investimentos que ocorreram em Moçambique no período em referência são fruto, sobretudo, das medidas de aceleração económica, destacando a redução do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) e a isenção de vistos para 29 países em 2022, que permitiram “a diversificação da economia”.
“Em termos da nossa estrutura do Produto Interno Bruno (PIB), esta realidade está mais do que patente” como ilustram os registos do primeiro trimestre do ano corrente, em que “os ramos de agricultura e outras atividades relacionadas que contam com 31,5%, a indústria extrativa, com peso de 10,5%, transportes, armazenagem e comunicações, com 8,5%, o ramo de comércio e serviços de reparação, com peso de 8%, e indústria com 7%”, detalhou Nyusi.
O Presidente referiu que Moçambique tem estado a registar uma dinâmica moderada de crescimento económico, com o PIB a alcançar uma evolução de 5% em 2023, sendo que no primeiro trimestre de 2024 o seu crescimento foi de 3,2%, abaixo dos 5,5% da previsão anual.
“Este resultado foi fruto do pendor das medidas contracionistas da política monetária que conduziram à atual situação, onde se conjugam a baixa inflação com tendências sólidas de crescimento económico, igualmente com exportações a par da estabilidade cambial”, referiu o chefe do Estado moçambicano.
No seu discurso de abertura da Facim, Filipe Nyusi pediu ainda aos empresários para “diversificarem” os destinos dos seus produtos, lembrando que Índia, África do Sul, China, Reino Unido, Itália, Correia do Sul, Croácia, Tailândia, Singapura são os atuais locais preferenciais das exportações moçambicanas. “Isso é um TPC [trabalho para casa] que temos, há que diversificar mais em qualidade e quantidade os destinos dos nossos produtos e de forma competitiva”, apelou Filipe Nyusi.
A Feira Internacional de Maputo, a maior exposição de bens e serviços de Moçambique, vai decorrer até 01 de setembro, contando com a presença de 3.300 expositores de 26 países, das quais 2.300 empresas são moçambicanas e 750 estrangeiras, de acordo com dados do Ministério da Indústria e Comércio, que promove a exposição. (Lusa)
Moçambique exportou 336 milhões de dólares em produtos para o Zimbabwe em 2022. Os principais produtos que Moçambique exportou para o Zimbabwe foram óleo de soja (US$ 93 milhões) e petróleo refinado (US$ 59,7 milhões).
Nos últimos seis anos, as exportações moçambicanas para Zimbabwe aumentaram a uma taxa anual de 24,4%, de US$ 113 milhões em 2017 para US$ 336 milhões em 2022.
Por seu turno, Zimbabwe exportou bens no valor de 119 milhões de dólares para Moçambique em 2022, sendo os principais produtos o tabaco processado (US$ 26,6 milhões), minerais (US$ 25 milhões) e ferroligas (US$ 22,6 milhões). Nos últimos seis anos, as exportações de produtos do Zimbabwe para Moçambique diminuíram a uma taxa anual de 2,9%, de US$ 348 milhões em 2017 para US$ 119 milhões em 2022.
Os dados foram divulgados pelo Observatory Economic Complexity, uma plataforma de visualização e distribuição online para comércio internacional, na véspera da deslocação do Presidente Filipe Nyusi a Harare, onde vai inaugurar a Feira Agrícola do Zimbabwe.
As estatísticas indicam que há muito mais que os dois países ainda precisam fazer para melhorar o comércio, pese embora o Instituto de Estatísticas do Zimbabwe (Zimstat) tenha indicado que as exportações do Zimbabwe para Moçambique duplicaram em 2023, passando de cerca de US$ 190,4 milhões em 2022 para US$ 397,7 milhões.
O estadista moçambicano é esperado esta terça-feira, para abrir oficialmente a 114ª edição da Feira Agrícola do Zimbabwe (ZAS). O evento deste ano decorre desde ontem até sábado no Exhibition Park em Harare, e tem como lema “Cultivando a Prosperidade: Crescimento de Negócios, Inovando para Mudança, Nutrindo Nosso Futuro”, devendo atrair mais de 200.000 visitantes.
O director-chefe interino do Ministério das Relações Exteriores e Comércio Internacional para serviços de protocolo e conferências, Livit Mugejo disse que “não é uma visita de Estado, mas sim uma visita de trabalho. Ele vem apenas para a abertura oficial da 114ª edição da Feira Agrícola do Zimbabwe.”
A visita do Presidente Nyusi, disse Mugejo, ressalta o relacionamento de longa data entre Harare e Maputo, enraizado em laços históricos, culturais e económicos.
Ele também afirmou que o convite de um chefe de Estado estrangeiro para abrir a feira agrícola visa fortalecer as relações comerciais entre os dois países. “As relações bilaterais entre o Zimbabwe e Moçambique se fortaleceram com base na parceria estratégica mútua entre os dois países”, acrescentou.
“Neste caso, Moçambique não é apenas nosso vizinho, mas um parceiro comercial muito importante do Zimbabwe. Moçambique fornece uma rota comercial para nós para o mar. Portanto, a plataforma ZAS fornece aos dois países uma oportunidade de aumentar as suas relações bilaterais e comerciais.”
Em entrevista separada ao The Sunday Mail, o director executivo da ZAS, Andrew Matibiri, disse que doze expositores internacionais de países como Moçambique, Rússia, Índia, África do Sul, Zâmbia, Paquistão, E-swatini, Japão, China, Malawi e Tanzânia confirmaram a sua participação, contra cinco no ano passado.
Por outro lado, 16 empresas do Zimbabwe expõem na feira comercial de Maputo aberta ontem (26) pelo Presidente da República Filipe Nyusi, em Ricatla, distrito de Marracuene.
A Feira Internacional de Comércio de Maputo (FACIM), que acontece de 26 de agosto a 1 de Setembro, oferece uma oportunidade única para empresas do Zimbabwe se conectarem com os principais parceiros em Moçambique, criando uma plataforma que deve melhorar o comércio bilateral entre os dois países vizinhos.
As empresas participantes são provenientes de sectores como alimentos processados, construção civil, bens de consumo, alimentos processados, vestuário e têxteis e produtos farmacêuticos. Outros sectores representados são vestuário e têxteis, engenharia, embalagens, móveis e insumos e implementos agrícolas. (Herald/The Sunday Mail)
O Fórum das Rádios Comunitárias (FORCOM) denunciou, nesta segunda-feira (26), a agressão a dois jornalistas da rádio comunitária Paraphato, localizada no distrito de Angoche, província de Nampula, quando cobriam a campanha eleitoral do partido FRELIMO. O incidente ocorreu no último fim-de-semana nas ruas da vila municipal.
A denúncia foi feita em comunicado, no qual o FORCOM acusa figuras de destaque do partido FRELIMO naquele distrito, nomeadamente, o Primeiro Secretário e a Presidente do Conselho Municipal Dalila Ussene, como mandantes da violação e confisco do material de trabalho dos jornalistas Ussene Mamur e Raissom Tomé.
De acordo com a nota, no dia 24 de Agosto, o jornalista Ussene Mamur foi ameaçado e espancado e teve o seu material de trabalho confiscado, enquanto filmava o início da campanha eleitoral da FRELIMO na Escola Primária Farlahe, no bairro Inguri. O acto foi cometido pelo ajudante de campo da presidente do Conselho Municipal de Angoche, que questionou o jornalista sobre quem o havia mandado filmar, mesmo depois deste ter apresentado credencial.
No domingo (25), outro episódio semelhante também ocorreu durante a campanha eleitoral. Segundo o FORCOM, a presidente do Conselho Municipal, Dalila Ussene, e o Primeiro Secretário da FRELIMO ameaçaram e apoderaram-se do material de trabalho do jornalista Raissom Tomé quando este captava imagens de um acidente de viação envolvendo a caravana do partido no poder.
Além do confisco do material, o jornalista foi levado ao Comando Distrital da PRM, onde, após algumas horas, foi posto em liberdade por ordem do Comandante Distrital. Contudo, as imagens do acidente, no qual pelo menos 16 membros e simpatizantes da FRELIMO ficaram feridos e depois levados ao Hospital Rural local, foram apagadas. (Carta)
Quando o país entra no quarto dia consecutivo da campanha eleitoral rumo às VII Eleições Gerais (Presidenciais e Legislativas) e IV Provinciais (do Governador e dos Membros das Assembleias Provinciais), Venâncio Mondlane, candidato a Presidente da República, e 30 formações políticas candidatas ao Parlamento e às Assembleias Provinciais ainda não fizeram o uso do espaço de antena existente na televisão pública.
De acordo com o artigo 31 da Lei n.º 2/2019, de 31 de Maio, os candidatos a Presidente da República, os partidos políticos e coligações de partidos políticos às eleições têm direito à utilização do serviço público de rádio e de televisão durante o período da campanha eleitoral.
No entanto, desde o arranque da campanha eleitoral, Venâncio Mondlane ainda não enviou seu material audiovisual à Televisão de Moçambique, tornando-se no único candidato a Presidente da República que não tem conteúdos publicados na televisão pública.
O mesmo acontece com o PODEMOS (Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique), partido que suporta a candidatura de Venâncio Mondlane, que ainda não enviou conteúdos à televisão pública. Tal como Venâncio Mondlane e PODEMOS, estão também 29 partidos políticos, que ainda não enviaram seus materiais à Televisão de Moçambique.
Até esta segunda-feira, terceiro dia da campanha eleitoral, apenas os partidos Frelimo, Renamo, MDM (Movimento Democrático de Moçambique), Nova Democracia (ND) e o PDM (Partido Para o Desenvolvimento de Moçambique) tinham enviado material à estação pública de televisão, sendo que o partido no poder é o único que já enviou materiais de propaganda diferentes para cada momento de antena. Refira-se que os tempos de antena estão divididos em três momentos: para os candidatos às provinciais; às legislativas; e às presidenciais.
O MDM tem preenchido os três momentos com vídeos de Lutero Simango, Presidente do partido e candidato a Presidente da República, enquanto a Renamo tem recorrido a dois vídeos, sendo um (da abertura da campanha eleitoral em Quelimane) para as legislativas e provinciais e outro (de Ossufo Momade, na pré-campanha) para as presidenciais.
Já o partido Nova Democracia tem usado o mesmo vídeo (da abertura da campanha eleitoral em Xinavane, província de Maputo) para os dois momentos (legislativas e provinciais), enquanto o PDM tem publicitado o seu hino.
De um espaço concebido para durar, no mínimo, 90 minutos, a Televisão de Moçambique tem dedicado menos de 30 minutos (de manhã e à noite) para divulgar a propaganda eleitoral dos partidos políticos por falta de conteúdos.
Refira-se que a campanha eleitoral para as eleições de 9 de Outubro próximo continua menos vibrante que nos anos anteriores, apresentando caravanas menos numerosas e ruas desertas de panfletos e outdoors propagandísticos, para além da escassez de camisetas e capulanas. (A.M.)
O primeiro dia da campanha eleitoral rumo às eleições de 9 de Outubro foi caracterizado nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa por uma maior participação dos principais actores políticos nas ruas e nas respectivas delegações.
Na cidade de Pemba, por exemplo, o MDM, terceiro maior político no país, escolheu o bairro Paquitequete para o lançamento da sua campanha. A cerimónia foi conduzida por António Macanige, Delegado Político Provincial, que pediu votos para o seu partido e para o seu candidato presidencial, Lutero Simango. O cabeça-de-lista para governador da província, Santos Abílio, prometeu resolver o problema de insegurança em Cabo Delgado.
A condução das actividades do dia da RENAMO, a segunda maior força política, após desfilar pelas ruas, coube a Manuel Alex, Delegado Político Provincial, na presença da cabeça-de-lista Ângela Maria Eduardo. Falando no bairro municipal de Muxara, Ângela Maria Eduardo prometeu resolver as principais dificuldades da população da província.
A FRELIMO, sob orientação de Amélia Muendane, membro da Comissão Política do partido no poder, abriu a campanha no bairro Metula. Na ocasião, o cabeça-de-lista para governador, Valige Tauabo, prometeu dias melhores e mais desenvolvimento na província.
Por outro lado, apoiantes de Venâncio Mondlane, através do PODEMOS, saíram às ruas sob a direcção do Delegado Provincial da CAD no bairro de Alto Gingone. Em Nampula, maior círculo eleitoral do país, os partidos MDM, FRELIMO, RENAMO, PODEMOS e AMUSI também saíram às ruas.
O MDM marchou pelas ruas da cidade de Nampula até ao bairro Muhala-Expansão e o seu cabeça-de-lista, o Padre Fernão Magalhães, prometeu melhorar as vias de acesso que ligam os distritos e prestar maior atenção ao sector da educação.
A RENAMO privilegiou a campanha porta-a-porta nos bairros da cidade de Nampula. A cabeça-de-lista para governador, Abiba Abá, não se fez presente. O AMUSI também marchou pela cidade de Nampula, percorrendo algumas artérias da urbe. O cabeça-de-lista, Santos Almeida, prometeu desenvolver a província. No entanto, membros e simpatizantes do AMUSI e da FRELIMO trocaram acusações, mas sem incidentes.
Os apoiantes de Venâncio Mondlane exaltaram a figura do seu candidato presidencial, pedindo votos com a promessa de que vai melhorar a vida dos moçambicanos. (Carta)
O Presidente da República, Filipe Nyusi, abre esta segunda-feira (26) a 59ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), evento de sete dias, que decorre anualmente em Ricatla, distrito de Marracuene, província de Maputo. Trata-se da última edição que Nyusi abre enquanto Chefe de Estado, por isso o acto será carregado de grande simbolismo.
De acordo com a proposta do programa de abertura, disponibilizada pela Agência de Promoção de Investimentos e Exportações (APIEX), a cerimónia terá dois principais momentos, nomeadamente, a visita pelo PR à exposição (das 09h00 às 11h00) e a abertura oficial da feira. No primeiro momento e olhando para os anos anteriores, a visita do PR é feita de tenda em tenda para interagir com os diferentes expositores.
No segundo momento, Nyusi vai efectivamente abrir a FACIM. Antes do discurso de abertura do Chefe de Estado, serão galardoados os maiores exportadores e investidores referentes ao ano de 2023. A proposta do programa prevê que este momento comece às 11h30 até por volta das 13h00.
Para a 59ª Edição da FACIM são esperados mais de 3.300 expositores, dos quais 2.300 empresas nacionais, 26 países, 750 empresas estrangeiras e 65.000 visitantes.
No que toca às inovações, o destaque vai para o Pavilhão da Industrialização, através do qual pretende-se exaltar o potencial da indústria nacional e o melhor do Made in Mozambique, e o Pavilhão dos Corredores de Desenvolvimento, cujo foco serão os vários projectos e iniciativas estruturantes em implementação nos principais Corredores de Desenvolvimento (Norte, Centro e Sul).
Aquando do lançamento do evento, há uma semana, o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, explicou que, à semelhança das edições anteriores, a FACIM 2024 inclui, para além da exposição, a realização de eventos promocionais, nomeadamente, seminários temáticos e fóruns de negócios com envolvimento de entidades nacionais e estrangeiras, com o objectivo de apresentar oportunidades de investimento e negócios em vários sectores de actividade económica.
O governante destacou que a FACIM 2024 reveste-se de enorme simbolismo, tendo em conta o facto de ser a última edição no presente ciclo governativo, que apesar dos sucessivos choques internos e externos, sem precedentes, registou progressos assinaláveis no domínio económico como resultado das medidas de reforma adoptadas pelo Governo, tendo o sector privado como o centro da transformação económica e desenvolvimento do país.
O presente certame reveste-se ainda de singularidade contextual, pelo facto de suceder à conclusão do processo de efectiva adesão de Moçambique à Zona do Comércio Livre Continental Africana, através da recente aprovação pelo Governo da Oferta Tarifária e Estratégia de Implementação do Acordo.
Segundo Moreno, para além de ser o maior mercado de livre Comércio do Mundo (com cerca de 1.4 bilião de consumidores), com circulação preferencial de bens e serviços, a Zona apresenta vantagens e oportunidades para internacionalização da economia e do sector privado, especialmente as micro, pequenas e médias empresas nos sectores prioritários do país, designadamente o agro-negócios, indústria, os recursos minerais, os serviços de energia, turismo e infra-estruturas de logística e corredores.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) participa na FACIM promovendo exportações e trocas comerciais, através da segunda edição do “Canto do Exportador”, no qual pretende que seja um dos lugares mais visitados da feira e se espera, também, que seja um espaço onde grande parte das parcerias seja fechada.
A CTA terá igualmente especial atenção para a promoção do estabelecimento de contratos comerciais envolvendo agentes económicos à procura de mercado e os que se mostrarem interessados na aquisição de produtos e serviços diversos.
“Uma outra componente, e com fito de minimizar a assimetria de informação existente no seio da comunidade empresarial, será a facilitação de informação, sobre o acesso a mercados preferenciais como o da SADC, Zona de Comércio Livre Continental Africana, União Europeia, Reino Unido, EUA, entre outros. Para o efeito, será disponibilizada uma brochura que terá informação sobre os critérios e requisitos para exportar para esses destinos, assim como constarão detalhes das empresas inscritas e seus produtos e/ou serviços”, disse Vuma.
“Portanto, da 59ª edição da FACIM, temos elevadas expectativas de que, para além de ser a montra da produção local, irá espevitar que mais empresas exportem, estabelecendo assim uma maior interacção entre os empresários, o que pode proporcionar o estabelecimento de parcerias e mais negócios”, concluiu Vuma. Índia e Manica são o país e a província de honra respectivamente, pelo forte compromisso na mobilização do sector empresarial para participar da FACIM 2024. (Carta)