É já amanhã, 20 de Julho de 2023, que serão conhecidos os novos órgãos sociais do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), com destaque para o novo Secretário-Geral. Faruco Sadique, um dos candidatos àquele cargo, garante ter o perfil certo para liderar a organização.
Em entrevista à “Carta”, o antigo PCA da Rádio Moçambique e da Televisão de Moçambique assegurou que a sua candidatura não tem motivações políticas e que nasce de um apelo de amigos e colegas que reconhecem o seu trabalho sindical, exercido no Diário de Moçambique e no Secretariado Regional Centro do SNJ.
Acompanhe, a seguir, os excertos desta conversa:
Pode nos dizer o que o motivou a candidatar-se ao cargo de Secretário-Geral do SNJ, depois de ter sido PCA da rádio e televisão pública?
FS: A motivação é responder a um apelo que muitos colegas e amigos me fizeram. Acho que conhecem o trabalho sindical que desenvolvi durante muitos anos, tanto como Secretário local no Diário de Moçambique, como membro do Conselho Fiscal do Sindicato Nacional de Jornalistas e como Secretário Regional Centro. Portanto, conhecem esse meu percurso e acharam que me devia candidatar.
Quem são esses amigos?
FS: Não posso relevar nomes, mas grande parte da minha base de apoio está na cidade da Beira.
O SNJ é visto agora como um clube de amigos ou uma associação dos trabalhadores dos órgãos de informação do sector público. Como inverter este cenário?
FS: Esta é uma das razões que nos fez apresentar a nossa candidatura, pois, sentimos que deixou de ser um Sindicato Nacional de Jornalistas, no qual os membros se revejam. Também temos os novos órgãos de comunicação social que não têm comités locais do SNJ, estão a funcionar sem incentivar os mais novos a aderir ao Sindicato. Talvez não vejam a importância, mas um Sindicato actuante e forte há-de ser sempre importante para a vida dos jornalistas.
Mas de que forma se pode conquistar os mais jovens?
FS: É preciso motivar os jovens a ingressarem no SNJ. Mas não pode ser apenas por palavras, também devem ser motivados por acções. O jovem deve perceber que, ao chegar ao Sindicato, por exemplo, tem alguém que o defenda, no dia em que tiver algum problema com a sua entidade patronal. Agora, eu pago cotas e não sinto que o Sindicato me defende, pago cotas e não sinto que o Sindicato me ampara, então esse jovem vai aderir a esse Sindicato? Provavelmente, não. Por isso, temos de fazer, a nível das nossas redacções, algum trabalho que desperte atenção e curiosidade dos mais novos.
Quem vai à sede do SNJ hoje só vê um centro de bares. Concorda com este modelo de rentabilização da organização?
FS: São essas questões que precisamos de ver juntos quando estivermos lá. Conhecermos, de facto, a realidade do Sindicato e quais são os rendimentos que essas instalações nos dão. O que acho é que o Sindicato deve servir mais aos membros.
Quando se olha para sua lista, vê-se pouca juventude. Porquê?
FS: Não creio que a minha lista tenha poucos jovens, por um lado, e, por outro, não sei se tens certeza de que todos os jovens que estão nas redacções são membros do SNJ. Muitas das pessoas com as quais falei não são membros do SNJ, pelo que não havia condições de colocá-las na minha lista. Tentei, primeiro, fazer uma abrangência nacional e, segundo, fazer a distribuição dos lugares pela diferença de idade. Agora, não podemos forçar quem não é membro para integrar a lista, porque o estatuto não permite.
No seu manifesto, propõe-se a acelerar o processo de aprovação da Carteira Profissional, um projecto que não sai do papel há mais de 10 anos. Como poderá fazê-lo?
FS: Precisamos, primeiro, perceber o que, ao longo destes anos, imperou este processo. Todos nós queremos que saia do papel, mas é preciso ver o que está a imperar: se é dentro da própria classe [dos jornalistas] ou se é fora desta. Onde for preciso, vamos actuar colectivamente, se a classe estiver de acordo que precisamos de carteira profissional, então é o primeiro passo. Já é, realmente, muito tempo. Estamos a falar da carteira profissional há quase duas décadas. A carteira profissional ajudará na valorização da profissão do jornalista, principalmente, junto das entidades patronais, de modo que a situação do jornalista esteja bem melhor do que está agora, tanto do ponto de vista contratual, assim como de meios de trabalho. Temos muitos jornalistas com contratos precários e outros que não descontam para o INSS.
Será um candidato elegível? Há quem diga que só regularizou a sua situação em Maio…
FS: Isso é percepção. Eu tenho minhas cotas em dia.
Tem algum comentário em relação ao local da realização desta conferência (Mafambisse)?
FS: Se olhares para trás, hás-de ver que as conferências do SNJ sempre foram realizadas na zona centro. A última foi no Inchope, a anterior foi na Beira e a outra foi em Chimoio. É uma opção do Sindicato. Penso que, ao se escolher a zona centro do país, tomou-se em conta a acessibilidade. Acredito que os actuais órgãos do Sindicato devem se ter deslocado ao local para avaliar as condições.
Acredita na vitória?
FS: Acredito. Os delegados dão-nos essa confiança. Estamos animados com a resposta que temos recebido dos eleitores.
Ganhando as eleições, o que fará em primeiro lugar?
FS: A primeira acção é fazer com que o SNJ seja uma organização em que os membros se revejam.
Perfil de Faruco Sadique: é jornalista do Diário de Moçambique desde 1982, exercendo, agora, as funções de Coordenador Editorial do jornal na Delegação de Maputo. Também foi Chefe da Redacção do Diário de Moçambique, para além de ter assumido as funções de PCA da Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique. Já foi Secretário do Comité Local do Diário de Moçambique, membro do Conselho Fiscal Nacional e Presidente do Conselho Regional Centro do SNJ. Em 2009, foi eleito para representar a classe jornalística no Conselho Superior da Comunicação Social. (Abílio Maolela)
Em Agosto de 2021, a identidade de Bonomade Omar foi amplamente caracterizada num relatório da organização Observatório do Meio Rural (OMR). Ele é um"leão da floresta", alguém com "capacidade de comando, carisma e liderança" e "boas relações no Exército".
O estudo do OMR foi intitulado assim: "Do inimigo sem rosto à hipótese de diálogo: Identidades, pretensões e canais de comunicação com os machababos". Nele são apresentados os perfis de algumas das lideranças da insurgência em Cabo Delgado. Tem data de 10 de Agosto desse ano.
O documento aponta Bonomado Machude Omar, ou Ibn Omar, como o líder da insurgência que começou em finais de 2017 no norte de Moçambique. Ele troca frequentemente de nome, usando, entre outros, nomes de guerra como Omar Saíde ou Sheik Omar e atualmente conhecido por Nuro Saíde ou Abu Surakha.
Omar nasceu em Palma no povoado de Ncumbi e, aos 5 anos, ficou órfão de pai. A família viajou para Mocímboa da Praia e a mãe juntou-se a outro homem chamado Mze Tchidi, qye foi que introduziu Omar no Islão.
Ele terminou a 10ª classe na Escola Secundária Januário Pedro em Mocímboa da Praia e, de acordo com antigos professores, era um jovem calmo, bom aluno e bom jogador de futebol. Depois de atingir a maioridade, cumpriu o serviço militar na marinha em Pemba, findo o qual residiu.
No internato do African Muslim, faz a 12ª classe e "torna-se um elemento carismático junto de outros jovens, onde era conhecido pelo seu sentido de justiça e de proteção dos mais novos. Um dos seus passatempos era jogar futebol. Devido à estatura elevada (entre 1,80 e 1,90m) e pelo facto de jogar no meio campo, adquiriu a alcunha de Patrick Vieira".
O OMR diz que, entre 2008 e 2009, Omar trabalhou no mercado Maringué, em Pemba, onde vendia hortícolas e roupas muçulmanas, para um comerciante estrangeiro. Posteriormente, ele viajou para a Tanzânia e para a África do Sul e regressou a Mocímboa da Praia onde dinamizou uma mesquita e uma barraca de venda de quinquilharias, adquiridas em mercados tanzanianos ou na cidade de Pemba.
Bonomado Omar participou nos primeiros ataques a Mocímboa da Praia e refugiou-se nas matas. Pela sua habilidade militar e capacidade de camuflagem adquiriu localmente a alcunha de "Rei da Floresta”. Atualmente é o líder do grupo em Moçambique, assim como o elo de ligação com o exterior, como confirma tardiamente a PGR.
"Omar demonstra capacidade de comando, carisma e liderança, ditando as regras e decidindo onde e como atacar, assim como quem deve ser assassinado". É a Omar que se recorre perante situações mais delicadas. Omar destaca-se como bom nadador. Futebol, alcorão, condução de veículos e manuseio de material bélico constituem as suas grandes paixões", lê-se.
Tem três esposas nas matas de Cabo Delgado e vários filhos menores, inclusive na cidade de Pemba. À noite, circula com uma lanterna de mineiro na cabeça, por vezes com uma escolta de motas atrás de si. Os que o acompanham são geralmente mais velhos e experientes. Por vezes, é visto trajando "roupa muçulmana preta”.
Em Março de 2021, Omar coordenou o ataque a Palma e envolveu-se diretamente num processo de negociação de resgates. É conhecido por ter bastantes relações em vários distritos de Cabo Delgado, inclusivamente no exército moçambicano. Para além do suaíli, língua com a qual mais se identifica, Omar exprime-se fluentemente em macua, maconde e português. (Carta)
Cerca de 80 delegados à VII Conferência Nacional do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), que se realiza a partir de hoje, no Posto Administrativo de Mafambisse, distrito de Dondo, província de Sofala, são chamados, esta quinta-feira, 20 de Julho, a eleger os novos órgãos sociais da organização, com destaque para o Secretário-Geral.
Entre os candidatos à substituição de Eduardo Constantino está o jornalista Alexandre Chiúre, membro do Conselho Superior da Comunicação Social, um dos pioneiros no debate sobre as eleições no SNJ, que se encontram atrasadas há seis anos.
Em entrevista à “Carta”, Chiúre revela que as suas reflexões em torno do actual estágio do SNJ tornaram-no inimigo número um da direcção da organização, porém, considera-se homem firme e ideal para a condução dos destinos da mais antiga organização sócio-profissional do país. “Se votasse apenas a direcção actual do Sindicato, diria que vou perder, mas porque votam outros companheiros, sinto que vou ganhar, porque tenho muito apoio dos colegas”, garante.
Acompanhe, a seguir, os excertos da conversa:
Foi uma das vozes mais audíveis na defesa da realização das eleições no SNJ, um acto que se encontra atrasado há seis anos. Chegou mesmo a escrever artigos de opinião a criticar directamente o actual Secretário-geral pela sua gestão. Terá sido neste momento em que nasceu a ideia de se tornar líder do SNJ?
AC: Quando escrevi aqueles artigos, não tinha nenhuma intenção de me candidatar, era apenas uma contribuição para que o SNJ saísse da situação em que está, era apenas uma chamada de atenção à classe, no sentido de que estávamos a deixar o Sindicato morrer. Foi muito difícil escrever aqueles artigos, primeiro, porque achei que ia ser mal-entendido, segundo, achei que as pessoas iam pensar que estou a escrever porque quero poder e acabou acontecendo um pouco disto porque a actual direcção do Sindicato olha para mim como se fosse um inimigo, como uma pessoa maldosa, enquanto em nenhum momento discuti pessoas.
E como nasce a sua candidatura?
AC: Nasce de uma pesquisa que eu fiz ao nível nacional sobre a situação do jornalista. Viajei pelo país e conversei com alguns colegas das províncias, do Sindicato e do MISA para entender o estágio actual do jornalista em Moçambique. Foi nessa altura que me questionaram porquê não me candidatava, citando o facto de ter sido o pioneiro no debate sobre a situação do Sindicato. Portanto, depois de uma reflexão, pensei que podia avançar porque estou preocupado com a situação em que a organização se encontra. Ninguém se revê num Sindicato ausente, que abandonou os seus membros e que luta muito pouco na defesa dos seus associados.
Na sua óptica, o facto de ter sido pioneiro no debate sobre a organização das eleições no SNJ, constitui alguma vantagem ou desvantagem?
AC: Se votasse apenas a direcção actual do Sindicato, diria que vou perder, mas porque votam outros companheiros, sinto que vou ganhar, porque tenho muito apoio dos colegas. Há, na classe, um sentimento de que tem de haver mudanças e eles olham para mim como o ideal para tornar o SNJ actuante, interventivo e que vá atrás dos interesses dos seus associados. Conto com apoio de vários colegas e sinto que vão votar em mim, porque um dos candidatos lidera a lista da continuidade e o outro era patrão até “ontem”.
O apoio a que se refere não será de colegas que não integram o SNJ e que muito menos são delegados à conferência?
AC: Estou consciente disso e, quando falo de ter apoio dos colegas, refiro-me também aos que vão à conferência. Infelizmente, o voto ainda é delegado e é uma coisa que queremos mudar. Temos de ter um sistema em que todos aqueles que são membros do SNJ, com cotas em dia, devem votar do Rovuma ao Maputo. Agora, quem toma a decisão da classe é um punhado de gente (cerca de 80 pessoas). Também temos de rever essa ideia de que só membros com mais de cinco anos podem votar e serem votados. Aqueles Estatutos são anti-democráticos.
Algum comentário em relação ao local da realização do evento?
AC: Bom, acho que a direcção do Sindicato gosta muito de realizar as conferências em Sofala. Não sei porque é no centro do país e facilita o encontro entre os colegas, mas quase todas as conferências realizam-se em Sofala. Mas não tenho nada contra isso, não importa onde se realiza a conferência, o que me interessa é o resultado.
A sua candidatura propõe-se a instituir a Carteira Profissional do jornalista, um sonho de longa data. Como fará isso?
AC: É preciso fazer lobbies, porque o assunto está na Assembleia da República e está a ser adiado em todas as sessões. É um assunto sensível e é por isso que o seu tratamento exige muito cuidado por parte dos deputados. Então, o que nós vamos fazer, assim que ganharmos as eleições, é aproximarmo-nos junto da Assembleia da República e do Governo para fazermos os nossos lobbies e fazer entendê-los a importância da aprovação da lei, porque será através da carteira profissional que vamos disciplinar o exercício da actividade jornalística.
É também seu projecto influenciar as entidades patronais a oferecer contratos de trabalho dignos aos jornalistas. Numa área já viciada em contratar mão-de-obra barata, como pensa em mudar este cenário?
AC: Eu acredito que, com diálogo, é possível mudar este cenário. Sonhamos com um Sindicato que sirva de plataforma de diálogo, portanto, vamos sentar com as entidades patronais e assinaremos um compromisso para a mudança do actual paradigma.
O SNJ hoje é uma organização de jornalistas mais velhos e na sua maioria pertencentes aos órgãos de comunicação social do sector público. Como captar os jornalistas do sector privado, em particular os mais jovens?
AC: A nossa grande prioridade vai ser justamente sindicalizar os jornalistas que trabalham no sector privado. Neste momento, por exemplo, quem manda é a Rádio Moçambique porque os seus jornalistas estão sindicalizados e o pagamento de cotas é feito na fonte. Mas o SNJ é para todos e se há esse entendimento é por culpa dos jornalistas do sector privado que não se sindicalizam. Por exemplo, na organização da minha lista, o desejo era constituir órgãos com jornalistas jovens, porém, enfrentei muitas dificuldades porque grande parte não é membro do SNJ. Mas faremos o esforço de trazê-los ao Sindicato.
Também tem constituído preocupação, a nível da classe, a existência de inúmeros bares na sede do Sindicato. Será, aquela, a melhor forma de rentabilizar as contas da organização?
AC: Não é a única forma, mas são aqueles restaurantes que asseguram as receitas para pagar salários. Mas há algumas coisas que precisam ser feitas ali. Por exemplo, quando chegas no Sindicato, o que chama mais atenção é a publicidade de bebidas alcoólicas. Dá a impressão de que ali só se bebe. Então, é preciso devolver, ao Sindicato, o debate de ideias e isso vai mudar muito o rosto da organização. Aliás, pretendemos abrir oficinas de jornalismo para os estudantes. Pretendemos celebrar parcerias com Universidades para que os seus estudantes visitem o Sindicato como parte da sua actividade curricular, de modo a consolidar os seus conhecimentos práticos do jornalismo e isso será vantajoso, tanto para as universidades, tal como para as empresas jornalísticas, que ganharão uma força de trabalho qualificada. O SNJ também vai ganhar membros muito cedo.
Caso ganhe as eleições, qual será a sua primeira acção?
AC: A primeira actividade será o levantamento estatístico para saber quantos jornalistas o país tem, incluindo os que não estão sindicalizados e os jornalistas estrangeiros baseados no país. A partir daí, será possível aferir quantos operam no sector público, quantos operam no sector privado, quantos estão nas rádios comunitárias. Será possível sabermos onde trabalham, em que condições trabalham, seus graus académicos e suas respectivas áreas de formação. Com essa informação, será possível, por exemplo, saber quantos precisam de formação, de modo a explorarmos algumas janelas de formação, seja no país, assim como no estrangeiro.
Perfil de Alexandre Chiúre: Natural do distrito de Chibuto, província de Gaza, Chiúre é membro do Conselho Superior da Comunicação Social. Foi jornalista do Diário de Moçambique, tendo desempenhado as funções de Coordenador Editorial na Delegação de Maputo. Foi repórter sénior do jornal Savana (1994/1995) e correspondente do jornal português Diário de Notícias, entre 1991 e 2020. Também colaborou com a Agência LUSA em Maputo na década 90. (Abílio Maolela)
A Procuradoria Geral da República divulgou, através do Boletim da República (datado de 12 de Julho de 2023, I SÉRIE-Número 133) os nomes de 43 alegados terroristas e 3 instituições colectivas suspeitas de financiarem a matança e destruição em Cabo Delgado.
Entre os nomes, destacam-se o de Bonomade Machude Omar, o conhecido líder dos grupos que actuam em Cabo Delgado. A PGR diz que Bonomade usa os seguintes nomes de guerra, Omar Saíde, Ibin Omar, Sheik Omar, Nuro Saíde, Abu Surakha, Abu Sulayfa Muhammad.
Nas notas biográficas que a PGR coligiu para Bonomade refere-se também que ele nasceu em Palma, no povoado de Ncumbi-Cabo Delgado e "é um dos líderes do grupo que actua em Moçambique, assim como o elo de ligação com o exterior. É o principal coordenador de todos os ataques realizados em Moçambique”.
A PGR recorda que, em Agosto de 2021, Bonamade foi designado como “Terrorista Global”, pelo Departamento de Estado norte-americano. Por outro lado, no dia 24 de Abril de 2023, o Conselho da União Europeia (UE) incluiu o nome de Bonomade Machude Omar na lista de sanções da UE pela "responsabilidade em ataques terroristas e sérios abusos dos direitos humanos”. A PGR desconhece o seu paradeiro, assim como o de todos os outros integrantes da lista, mas refere que ele, Bonomade, já andou por Palma e Mocímboa da Praia.
Para além dos 43 nomes de indivíduos, a PGR também publicou nomes de pessoas colectivas ligadas à insurgência em Cabo Delgado. Trata-se de:
1.Ansar al-Sunna: Desde fins de 2019 que o grupo Ansar al-Sunna pertence ao chamado EIPAC (Estado Islâmico na Província da África Central, ou IS-CAP, Central Africa Wilayah ou Wilayat Wasat Ifriqiya, uma divisão do Daesh.
Fontes de financiamento:Contrabando ilegal, redes religiosas e traficantes de pessoas, que o grupo usa para enviar recrutas para a Tanzânia, Quénia e Somália.
Outras informações relevantes: O grupo foi formado em Cabo Delgado pelos seguidores do radical clérigo queniano Aboud Rogo Mohammed (já falecido). O grupo realiza ataques às forças de segurança e civis na tentativa de estabelecer um estado islâmico em alguns distritos de Cabo Delgado.
O grupo, sob a designação de “Estado Islâmico do Iraque e Síria – Moçambique (ISIS-Moçambique)”, foi, em Março de 2001, designado pelo Departamento do Estado Norte-americano como “Organizações Terroristas Estrangeiras” sob a secção 219 da Lei da Imigração e Nacionalidade. No dia 24 de Abril de 2023, o Conselho da União Europeia (UE) incluiu este braço moçambicano do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL-Mozambique, na sigla em inglês) na lista de sanções, passando a ser considerado um grupo terrorista pelos Estados-membros da UE.
2: EI-PAC: 2. Estado Islâmico na África Central ou Província da África Central (abreviada como EI-PAC).
Acrónimos e outros nomes: EI-PAC - Wilayah da África Central - Wilayat Wasat Ifriqiya. É uma divisão administrativa do autoproclamado Estado Islâmico, um grupo militante jihadista salafista e proto-estado não reconhecido pela comunidade nternacional.
Outras informações relevantes: Não é conhecida a data de fundação e a extensão territorial na África Central é difícil de avaliar. O grupo tem presença em Moçambique e em Setembro de 2020, o autoproclamado estado Islâmico na África declarou ter ocupado a cidade de Mocímboa da Praia.
Outras informações relevantes: O grupo opera principalmente no Médio Oriente. No entanto, em Junho de 2019, o Estado Islâmico (EIPAC – Estado Islâmico na Província da África Central) deu a conhecer a sua presença em Moçambique e o seu envolvimento nos combates que têm abalado o norte do país desde o final de 2017.
Por causa desse apoio, o pequeno e mal armado bando de jihadistas em Cabo Delgado, revela agora um nível superior de organização, estratégia e armamento. Foi designado como Grupo Terrorista pelas Nações Unidas a 18 de Outubro de 2004, pelo Conselho de Segurança da União Europeia em 2004, (ao adoptar as sanções da ONU), e por vários Estados.
O despacho da PGR
A divulgação do nomes dos 43 alegados terroristas e das 3 entidades colectivas referidas foi justifica pela PGR nos seguintes termos:
“PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA
Despacho
Desde Outubro do ano de 2017, o País, com destaque para a Província de Cabo Delgado, tem estado a ser alvo de actos terroristas. Desde então, as Forças de Defesa e Segurança e o Judiciário passaram a tomar acções coordenadas tendentes a prevenir e combater o fenômeno, o que resultou na instauração de processos-crime, identificação, detenção, acusação, julgamento e condenação de alguns indivíduos por crimes de terrorismo e conexos. Outros ainda, embora identificados, não foram responsabilizados criminalmente, por se encontrar em parte incerta. Assim, ao abrigo do disposto nos pontos i) e ii), da alínea a) e alínea d), do n.° 1, do artigo 27 da Lei n.° 13/2022, de 8 de Julho, que estabelece o regime jurídico de prevenção, repressão e combate ao terrorismo e proliferação de armas de destruição em massa, designo as pessoas singulares, colectivas, entidades e grupos terroristas que constam da lista em anexo, que faz parte integrante do presente despacho.
Publique-se, nos termos do n.o 5 do artigo 27 da lei acima citada. Procuradoria-Geral da República, em Maputo, 12 de Julho de 2023.
– O Vice-Procurador-Geral da República, Alberto Paulo
(Carta de Moçambique)
Com mais de 30 anos de carreira dedicada à dança e ao canto, Cândida Mata carrega o selo do sucesso da Companhia Nacional de Canto e Dança, mas também do ensino artístico em Moçambique. Enquanto criadora, sempre procurou representar as práticas culturais e ritualísticas de um Moçambique em que cada canto é incomparável ao outro. É da geração que desbravou os caminhos ainda difíceis das carreiras e profissões artísticas.
Com certeza tem muito que contar e revelar, numa conversa/entrevista que se fará com todos.
(19 de Julho, às 18:00 horas na Fundação Fernando Leite Couto)
“Kutikuma”, que traduzido para o português significa “encontrar-se”, é o título do álbum de estreia de Lalah Mahigo. O álbum é composto por 15 temas, com dois interlúdios e 13 canções gravadas ao vivo.
É sem dúvidas um nome a seguir na nova geração de artistas moçambicanos, cuja música revela as suas raízes, referências e irreverência.
(20 de Julho, às 18:00 horas na Fundação Fernando Leite Couto)
Um sarau de poesia com Loide Nhaduco e com a participação especial de Anabela Adrianopoulos
"Como consagrar a simples loucura", título retirado da obra do poeta Léo Cote, é um sarau para recordar que a Poesia está em tudo e em todos. Que aqueles que escrevem e cultuam a Poesia permanecem além do tempo e do corpo e sem geografias.
O que mais dizer?
Só ouvindo e sentido a Poesia a dilatar-se e diluir-se em presença
(21 de Julho, às 18:00 horas na Fundação Fernando Leite Couto)
A equipa de cooperação entre militares e civis (CIMIC) da Missão de Formação da União Europeia em Moçambique (EUTM MOZ) é “significativa” para o sucesso global da missão ao lidar com pelo menos sete ameaças. Dentre as ameaças, incluem-se as rivalidades militares e não militares, étnicas, políticas e religiosas, disputas territoriais, conflitos por recursos, esforços inadequados ou fracassados de reforma, violações dos direitos humanos e enfraquecimento dos Estados, refere a EUTM MOZ.
A necessidade de interligar, avaliar e acessar o impacto que esses desafios têm ou podem causar em missões militares é de extrema importância, acrescenta aquela entidade.
A Equipa CIMIC da Missão de Formação da União Europeia em Moçambique (EUTM MOZ) tem um duplo papel. Um deles é desenvolver projectos próprios, envolvendo as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) para apoiar os objectivos da EUTM MOZ. O outro é a formação das Forças de Reacção Rápida (QRFs) das FADM, dotando-as de ferramentas necessárias para compreender o ambiente civil, fins e objectivos dos actores não militares, respeitar a primazia civil, actuar com integridade e coordenar parcerias com intervenientes internacionais e nacionais.
A interacção entre civis e militares em todas as actividades da EUTM MOZ fornece uma aceitação da força de comando, liberdade de movimento, bem como meios e capacidades para criar condições para um ambiente seguro e protegido, considerado essencial para o cumprimento da missão.
O conceito de CIMIC para operações militares lideradas pela UE define-se como “a coordenação e cooperação em todos os níveis entre componentes de operações militares lideradas pela União Europeia e actores civis externos, incluindo a população e autoridades locais, bem como organizações e agências internacionais, nacionais e não-governamentais. Tudo isso é para apoiar o mandato da missão militar juntamente com todas as outras funções militares”, lê-se na declaração.
A CIMIC apoia os objectivos da missão estabelecendo e mantendo a cooperação com actores não militares na área de operações, garantindo que as actividades sejam “harmonizadas” para evitar impactos negativos nas próprias operações e nas operações não militares e no ambiente civil. (Defenceweb)
Os reclusos, todos do sexo masculino e que respondiam por vários crimes, estavam detidos na Cadeia Distrital de Namacura, na província da Zambézia, e fugiram no último domingo. As autoridades garantem estar no encalço dos fugitivos.
Os reclusos começaram por destruir as grades das celas onde estavam detidos e depois puseram-se em fuga, conforme avançou esta segunda-feira a Polícia da República de Moçambique (PRM), na cidade de Quelimane.
O porta-voz da PRM na Zambézia, Sidner Lonzo, confirmou a fuga dos reclusos, mas garante que a corporação, em coordenação com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), está a trabalhar para a captura dos fugitivos. Até agora, pelo menos um dos onze foragidos foi capturado.
O porta-voz da PRM na Zambézia revelou, por outro lado, que outros dois indivíduos, sendo um deles motorista, foram neutralizados no domingo, na posse de 44 galões de 20 litros de combustível supostamente roubado numa empresa de exploração de areias pesadas em Inhassunge. Na posse dos mesmos, a PRM recuperou igualmente 27 mil meticais. (Carta)
Moçambique e os Emirados Árabes Unidos estão a negociar um Acordo de Parceria Económica Abrangente para criação de uma Área de Comércio Livre nos mercados de bens, serviços e investimentos, anunciou ontem a Embaixada daquele país árabe em Maputo.
Em comunicado, a Embaixada dos Emirados Árabes Unidos refere que os dois países estão a trabalhar na “remoção de barreiras comerciais e de investimento de uma ampla gama de bens e serviços com vista a promoção do comércio bilateral não petrolífero entre ambos”.
“Para o efeito, a Embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Moçambique tem acrescentado vantagens as parcerias económicas através de negociações ainda em curso que poderão culminar nos próximos meses com a celebração do Acordo de Parceria Económica Abrangente [CEPA] que abrange várias áreas económicas que tem como visão o estabelecimento de uma Área de Comércio Livre que atraia oportunidades de acesso a mercados de bens, serviços e investimento entre as partes”, lê-se no comunicado.
Acrescenta que a integração económica entre os dois países “trará oportunidades de negócios particularmente para os importadores e exportadores de ambos os lados”, representando “benefícios mútuos tendo em conta da posição estratégica, geográfica e logística dos Emirados Árabes Unidos por um lado, e por outro os vastos recursos naturais e humanos com destaque a agricultura de que Moçambique dispõe”.
“Com a assinatura da declaração conjunta de intenções para o lançamento das negociações do CEPA, os Emirados Árabes Unidos compromete-se fortalecer a parceria económica de longo prazo com Moçambique”, justifica ainda o comunicado.
Trata-se de um entendimento baseado “em interesses mútuos” que “estabelecerá uma cooperação estratégica mais forte e promoverá a inovação para alem de estimular o crescimento económico e criar oportunidades de trabalho nos dois países”.
De acordo com dados da Embaixada, o volume de trocas comerciais entre os Emirados Árabes Unidos e Moçambique atingiu, entre 2010 e 2021, os 3.700 milhões de dólares (3.295 milhões de euros). Deste total, 1.500 milhões de dólares (1.335 milhões de euros) foi de investimento direto, “sendo que de modo geral o CEPA irá valorizar ainda mais o comércio e investimento entre a África e o Médio Oriente”.
“Há várias oportunidades para uma integração económica mais estreita entre os dois países especialmente nas áreas de agricultura, turismo, infraestrutura, tecnologia e energias renováveis, numa altura em que há cada vez maior número de empresários moçambicanos ansiosos em estabelecer seus negócios em Dubai, onde seguramente terão o apoio de serviços necessários de consultoria”, explica igualmente.
Os Emirados Árabes Unidos posicionaram-se em 2021 entre os 20 maiores recetores de investimento estrangeiro direto, com um aumento anual de 4%, fixado em 20,7 mil milhões de dólares (18,4 mil milhões de euros), sendo que Moçambique “está entre oito países com os quais Emirados Árabes Unidos pretende aprofundar e estreitar laços comerciais pelo seu mercado estratégico”.
O anúncio da intenção para um CEPA entre aquele país árabe e Moçambique “reflete o compromisso com vista a alcançar maior progresso económico através do comércio e do investimento”, salienta o comunicado. (Lusa)