O Bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça, manifestou nesta quinta-feira a sua total preocupação com o desinteresse do Governo em ver terminada a greve dos médicos. Falando à imprensa, Manhiça disse que o mais agravante ainda, neste período de greve, é o facto de muitos técnicos não capacitados em medicina estarem a substituir os médicos.
“Os técnicos têm estado a trabalhar em condições normais, mas não podemos assumir que estes têm as competências de um médico, porque a qualidade do acto médico aqui produzido jamais vai ser igual”, lamentou.
“Onde está o lema ‘o nosso maior valor é a vida’ quando deixamos que a greve aconteça e perdure?”, questionou o Bastonário.
Para Gilberto Manhiça, os serviços clínicos prestados nos hospitais centrais do país estão a ser bastante afectados com a greve e decorrem a meio gás devido à grande adesão dos médicos.
"De uma forma geral, observa-se que os serviços estão a funcionar com metade de um terço do número de clínicos que normalmente operam".
Entretanto, a Ordem dos Médicos solidariza-se com a Associação Médica na luta pelos direitos que o Governo não só não tem honrado como ainda pretende cortá-los, revendo o Estatuto do Médico. (Marta Afonso)
A Missão de Formação Militar da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ) apelou à criação de um comando administrativo militar nas Forças de Intervenção Rápida (QRFs), que ficará responsável pela expulsão de terroristas em alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado.
Segundo o comandante da EUTM-MOZ, o Comodoro Martins de Brito, que falava quarta-feira em Maputo, o comando administrativo será responsável pela gestão do equipamento militar a ser fornecido pela Missão. Martins de Brito falava durante uma palestra subordinada ao tema “Contribuição da Missão de Formação da União Europeia (EUTM) para a Defesa e Segurança de Moçambique”.
“Além da formação e do equipamento, estamos também a assessorar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na criação de um comando administrativo que ficará responsável pela gestão destes QRFs”, disse.
Actualmente, as FADM recebem formação da Missão Europeia nos ramos de Comando; Combate Terrestre; Apoio a Serviços Marítimos e de Combate. Após a instalação das Forças de Intervenção Rápida (QRFs), disse De Brito, é necessário ter um órgão directamente responsável pela manutenção e fiscalização.
“O que estamos a criar é a acção do comando administrativo no Exército e na Marinha, que ficará responsável pela rotação destas QRF e pela gestão do pessoal que futuramente integrará as Forças em Cabo Delgado”, explicou.
Revelou também que as QRFs devem ter o equipamento até Março de 2024, observando que actualmente existem desafios de armazenamento, distribuição, controlo e monitoramento.
“Todas estas vertentes acabam por contar com a participação do Comando, no sentido de dar garantias e ferramentas a quem terá esta missão de poder conservar e utilizar este material”, sublinhou.
Em Outubro de 2021, o Conselho da União Europeia decidiu lançar a EUTM-MOZ para uma resposta mais eficiente e eficaz no combate ao terrorismo que assola Cabo Delgado desde 2017.
Actualmente, a Missão conta com 161 militares divididos em dois centros de treinamento, um para comandos e outro para fuzileiros navais. O seu mandato termina em Setembro de 2024. A palestra integrou o Plano de Actividades do Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). (Defenceweb)
Lucas Chachine assume o cargo sucedendo a Nuno Quelhas, que esteve no comando da empresa durante três anos da presidência rotativa na operadora de telefonia.
A Vodacom Moçambique apresentou, esta quinta-feira, 27 de Julho, o novo Presidente do Conselho de Administração, que assume o cargo por um período de três anos, no quadro da rotatividade entre o grupo de accionistas da operadora de telefonia. Lucas Chachine foi eleito em representação da Emotel, SA e o seu mandato irá prolongar-se até Junho de 2026.
Esta é a segunda vez que Lucas Chachine assume o cargo de PCA da Vodacom, sendo que já esteve no comando da empresa entre 2015 e 2017. Até à data da sua eleição, o novo PCA era membro do Conselho de Administração da empresa, o que, à partida, lhe confere largos conhecimentos e experiência comprovada para o comando dos destinos da Vodacom Moçambique.
Quadro bastante experiente em matéria de direcção e gestão empresarial, Chachine pretende dar continuidade aos projectos que vinham sendo desenvolvidos pelos seus antecessores e, nessa linha, consolidar a posição da Vodacom como instituição de experiências inovadoras e que tem vindo a destacar-se no mercado das telecomunicações em Moçambique, apoiando a tão necessária digitalização da economia nacional.
“É com muita emoção que volto a assumir a presidência da Vodacom Moçambique. A responsabilidade é grande, os desafios são enormes, mas a vontade de oferecer melhores serviços à sociedade, ligar cada moçambicano e juntos fazermos crescer Moçambique supera qualquer adversidade. Alegra-me saber que volto a integrar-me numa equipa fantástica, comprometida com o trabalho e pronta a dar respostas, num mercado cada vez mais concorrencial, onde a indústria das telecomunicações deve estar em constante evolução tecnológica. Nos últimos anos, a Vodacom tem-se mantido na dianteira da inovação e na aposta na melhoria do serviço prestado. A empresa tem vindo a alargar a base do investimento social no país, com destaque para o programa de inclusão digital nas escolas públicas, através da oferta de material informático e conectividade”, referiu Chachine, sobre as acções que pretende dar continuidade.
O novo timoneiro da Vodacom destacou a necessidade de se continuar a expandir a rede de telecomunicações, melhorar a qualidade e, sempre, perceber as necessidades dos Clientes em todos os produtos e serviços oferecidos pela empresa. “Queremos fazer a diferença e acredito que estamos no caminho certo, por isso, quero agradecer ao meu antecessor, Nuno Quelhas, por ter mantido a missão da Vodacom Moçambique”.
Consciente dos desafios, Chachine olha para a sua reeleição como oportunidade única de voltar a fazer parte de uma equipa multidisciplinar, determinada e confiante no trabalho que desenvolve. “Para já, a estratégia passa por consolidar a posição da Vodacom como uma empresa activa na sociedade moçambicana e, assim, continuar a contribuir para uma sociedade mais equitativa e sustentável”,
Para o novo PCA, o espírito de coesão e trabalho em equipa que caracteriza os colaboradores da Vodacom é fundamental para o crescimento da empresa.
Chachine destacou a necessidade do contínuo empenhamento no apoio à inclusão financeira dos moçambicanos, através do M-Pesa, recordando que, até 2025, a Vodacom pretende que 75% dos moçambicanos estejam interligados através da plataforma financeira M-Pesa e que a rede de telefonia atinja cerca de 21 milhões de moçambicanos, em todo o país.
Refira-se que Nuno Quelhas deixa a presidência da Vodacom, mas continua na instituição, como membro do Conselho de Administração. A entrada do novo PCA representa uma renovação dos compromissos da Vodacom de se manter líder do mercado das telecomunicações e continuar a fazer a diferença no dia-a-dia de todos os moçambicanos.
Nove pessoas perderam a vida na noite de ontem, na região de Mapapa, distrito de Chókwè, província de Gaza, vítimas de acidente de viação. Um vídeo amador publicado nas redes sociais indica que o sinistro foi causado por um corte de prioridade, provocado por um camião que transportava cana-de-açúcar a um transporte semi-colectivo que saia da cidade de Chókwè com destino para a vila de Macia.
Dados avançados esta manhã pelo jornal “Notícias” indicam que vítimas mortais perderam a vida no local, sendo sete adultos (cinco mulheres e dois homens) e duas crianças (um menino e uma menina). Os feridos, cujo número ainda não foi apurado, foram transportados para o Hospital Rural de Chókwè.
Refira-se que este é o segundo acidente mortal a ser testemunhado na Estrada Nacional Nº 101, que liga Chókwè e Macie, em menos de um mês. No passado dia 28 de Junho, um acidente de viação matou 11 pessoas e feriu outras oito, na zona de Lionde, também no distrito de Chókwè.
O acidente envolveu uma viatura de transporte semi-colectivo de passageiros, que fazia o trajecto Chókwè-Macia e foi originado pelo rebentamento de um dos pneus traseiros, facto que projectou a viatura para o canal de regadio, situado na berma da estrada. (Carta)
Com o discurso de um Estado neutral no conflito militar que envolve a Rússia e a Ucrânia, o Chefe de Estado moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, visita, a partir de hoje até ao próximo sábado, a Federação da Rússia, a convite do seu homólogo, Vladimir Putin.
Um comunicado emitido pelo Gabinete de Imprensa da Presidência da República informa que Filipe Nyusi irá participar da Segunda Cimeira Rússia-África, que decorre entre hoje e amanhã, na cidade russa de São Petersburgo, um evento que contará com a presença de 49 representantes dos 54 países africanos, incluindo 17 Chefes de Estado.
Segundo o Gabinete de Imprensa da Presidência da República, “a participação do Presidente Nyusi, nesta cimeira, tem em vista o reforço das relações de amizade, solidariedade e cooperação entre a Rússia e o continente africano em vários domínios de interesse mútuo, bem como ao nível bilateral”.
O Chefe de Estado moçambicano é um dos dois presidentes lusófonos que marcarão presença na cimeira. O outro Chefe de Estado lusófono que marcará presença na cimeira é Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau. Angola enviou o Ministro dos Negócios Estrangeiros, enquanto São Tomé e Príncipe será representado pelo Embaixador em Lisboa, que está também acreditado em Moscovo. Cabo Verde decidiu gazetar da reunião em protesto à guerra.
Refira-se que desde o início da guerra Rússia-Ucrânia, em Fevereiro de 2022, Moçambique tem assumido uma posição de neutralidade na guerra, alegando ser defensor do diálogo entre as duas forças beligerantes, porém, a participação na Cimeira Rússia-África é vista como sinal de apoio ao governo russo. (Carta)
O Governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, inaugurou esta tarde, em Pemba, o Balcão de Atendimento Único de Conteúdo Local do Projecto Mozambique LNG. O Balcão visa promover o conteúdo local, incluindo através da divulgação de informação de interesse comercial, da promoção de ligações empresariais, da capacitação de empresas e recursos humanos moçambicanos, do fomento de relações comerciais e integração de empresas moçambicanas nas oportunidades de negócio criadas, directa ou indirectamente, pelo projecto Mozambique LNG, operado pela TotalEnergies EP Mozambique Area 1 Limitada.
Durante a cerimónia de inauguração, o Governador de Cabo Delgado, congratulou o Projecto Mozambique LNG pela “aposta firme nas PME`s da Província de Cabo Delgado, demostrada a partir da concepção desta plataforma, que representa uma capacidade adicional para mudar para melhor o paradigma da relação entre os grandes investimentos, o Governo na Província e o empresariado local. Acrescentou ainda que esta infraestrutura é importante “não apenas pelo alargamento das capacidades institucionais de assistência ao sector privado, mas, especialmente, por representar mais um passo na restauração do melhor ambiente de negócio”.
Por sua vez, Stéphane Le-Galles, Vice-presidente sénior de operações do projecto Mozambique LNG, afirmou: “Continuamos a investir em acções de conteúdo local, embora o nosso projecto, Mozambique LNG, esteja em força maior e, portanto, com as operações de construção suspensas. Este Balcão é mais um passo importante da nossa iniciativa CapacitaMoz, que funciona como plataforma para contribuir para, entre outros objectivos, a capacitação de moçambicanos, e constitui mais um marco na implementação da nossa Estratégia de Conteúdo Local, que está em linha com o Programa Único de Conteúdo Local estabelecido pelo Governo. Na verdade, este Balcão, que hoje inauguramos formalmente, tem vindo já a afirmar a sua mais-valia, 2 estando actualmente a desenvolver diversas actividades, incluindo a implementação de um programa de formação que está a beneficiar 25 empresas locais”.(Carta)
Durante o ano económico de 2022, a empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique registou um resultado líquido (lucro) de 2.3 mil milhões (ou biliões) de Meticais, contra 3.3 mil milhões de Meticais registados em 2021, o que representa uma queda de um bilião de Meticais. Mesmo com essa derrapagem, a empresa aumentou os seus dividendos ao Estado, em 2022.
Os dados constam do Relatório e Contas dos CFM referente ao exercício económico findo a 31 de Dezembro de 2022 e publicado recentemente no site oficial da empresa. Nesse documento, a empresa aponta os ciclones, acidentes ferroviários de tipo descarrilamento, fraca oferta da carga ferroviária e o conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia como factores que influenciaram para esse desempenho.
Contudo, mesmo com a queda nos lucros em 2022, a empresa incrementou em 23 por cento os dividendos ao único accionista, o Estado, representado pelo Instituto de Gestão de Participações do Estado (IGEPE), ao canalizar 944.3 milhões de Meticais (40 por cento do total de lucro), contra 769.9 milhões de Meticais pagos em 2021.
O valor remanescente do lucro total (2.3 mil milhões), os CFM vão reservar 236 milhões de Meticais (contra 334 milhões de 2021) para fins sociais e 1.1 mil milhão de Meticais (50 por cento do lucro total) para investimento (contra 2.2 mil milhões de Meticais, equivalente a 67 por cento reservados em 2021).
O balanço dos CFM mostra que a empresa fechou o ano de 2022 com um activo total, avaliado em 72 mil milhões de Meticais, contra 63 mil milhões registados em 2021. O passivo total foi de 26.7 mil milhões de Meticais, contra 21 mil milhões de Meticais contabilizados em 2021. (Evaristo Chilingue)
O Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público expulsou um magistrado, um oficial de justiça e um assistente de oficial de justiça. A decisão foi tomada durante a XVIII Sessão do Plenário daquele órgão que teve lugar entre os dias 19 e 21 do presente mês, na qual também foram despromovidos um magistrado e um assistente de oficial de justiça.
De acordo com uma nota de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR), a expulsão e despromoção resultam da violação dos deveres e princípios profissionais, designadamente, zelo, legalidade, dignidade, lealdade e honestidade.
Sem revelar os nomes (algo que tem sido recorrente na magistratura do Ministério Público, sem razões claras), a PGR explica que a expulsão de uma magistrada com a categoria de Procuradora da República de 2ª do quadro de pessoal da Procuradoria Provincial da República em Maputo, deveu-se ao facto de ela ter favorecido a soltura de um arguido preso, indiciado no tráfico de drogas, em prejuízo da justiça e do Estado moçambicano. A mesma magistrada determinou a prisão de um cidadão sem razões justificadas e não compareceu pontualmente nas diligências, prejudicando o controlo da legalidade das detenções e a observância dos respectivos prazos.
Por uso das suas funções para benefício próprio e em prejuízo de terceiros, ao solicitar valores monetários para facilitar a soltura de presos, foram expulsos o Oficial de Justiça, com a categoria de Ajudante e Escrivão de Direito, do quadro de pessoal da Procuradoria Provincial da Zambézia e o Assistente de Oficial de Justiça, com a categoria de Oficial de Diligências Distrital, do quadro da Procuradoria Provincial – Gaza.
Segundo a PGR, a despromoção de um Magistrado com a categoria de Procurador da República de 2ª do quadro da Procuradoria Provincial da República – Nampula deveu-se ao descaminho de um processo com detidos em prisão preventiva. Já Assistente de Oficial de Justiça, com a categoria de Escriturária Judicial Provincial do quadro da Procuradoria Provincial – Cabo Delgado foi despromovida por não ter praticado actos processuais obrigatórios.
Dados da PGR indicam o aumento em cada ano de casos de corrupção envolvendo magistrados e que culminam em expulsão. Em Dezembro de 2022, foram expulsos um magistrado e um Assistente de Oficial de Justiça e, em Maio deste ano, foram expulsos mais três magistrados do quadro da Magistratura Judicial. (Carta)
A Associação Médica de Moçambique (AMM) afirma não existirem condições para a suspensão da greve e pretende avançar para mais 21 dias de greve nacional. “São várias inquietações que a classe médica tem estado a apresentar e que não estão a receber a devida atenção, no entanto, nós como classe vamos nos reunir, nesta sexta-feira, para decidir a prorrogação desta greve por mais 21 dias, visto que não existem condições para suspensão da mesma”, disse o Presidente da AMM, Milton Tatia, à saída de uma reunião com os associados.
Segundo o Presidente da Associação, volvidos 17 dias de greve, ainda não foram contactados, mas a classe tem estado a receber vários recados pela imprensa. Conta que alguns recados falam sobre a situação económica do país da qual os médicos têm consciência, sendo que foi com base nisso que a classe médica cedeu no acordo de Fevereiro a quase todas as exigências do caderno reivindicativo inicial.
“Cedemos na redução dos subsídios de exclusividade de 40 por cento para cinco por cento, do subsídio de turno de 30 para cinco por cento e assim em diante. Portanto, nós temos consciência das dificuldades que o nosso país enfrenta, mas o que nós não percebemos é que, no meio destas dificuldades, estejam a ser realizadas reuniões, formações, seminários, fora da cidade de Maputo”, defende a fonte.
“Não cabe ainda na nossa cabeça como é que numa semana em que um hospital da cidade de Maputo não tem energia por falta de pagamento, outro não tem água e o Hospital Central de Maputo que é a maior unidade sanitária do país não tem oxigénio porque não pagou o seu credor, seja realizada uma reunião de cinco dias na praia da Macaneta com todos os custos como deslocação, combustível, acomodação e ajudas de custos”, lamentou.
Acrescentou ainda: “não conseguimos perceber também como é que com tantas unidades sanitárias que têm dificuldades para comprar comida para os seus pacientes, incluindo combustível para as ambulâncias, continuam a ser realizadas reuniões fora da cidade de Maputo enquanto podiam ser feitas online".
Tatia avançou que há cerca de duas semanas que o Ministério da Saúde (MISAU) garantiu publicamente que resolveria neste mês de Julho os problemas de enquadramento e de reduções salariais, mas diariamente a associação tem recebido informações de que esta situação não foi resolvida.
"Portanto, é-nos difícil confiar que estes problemas de facto serão resolvidos. Temos estado a notar também uma onda crescente de intimidações que tem levado à marcação de faltas. Existem colegas que mesmo a prestarem serviços mínimos estão a ser marcados faltas. Há colegas que foram ameaçados no sentido de que não terão um parecer favorável para renovação dos seus contratos e outros não terão nomeação definitiva", disse.
O responsável afirmou que, para agravar a situação da classe, nesta terça-feira, o MISAU enviou-lhes um documento em que pretende rever o regulamento do estatuto do médico.
"Em plena greve, com um processo a correr no Tribunal Administrativo desde 2020 para implementação do nosso estatuto e com estes acordos que não foram cumpridos, o MISAU pretende reduzir e de certa forma eliminar ainda mais os nossos direitos. Pretende eliminar o subsídio de risco, o subsídio de compensação pelo trabalho nocturno, a diferenciação do cálculo da remuneração extraordinária do médico, a redução da diuturnidade de quatro para duas, o que significa que muitos colegas só vão receber a sua primeira diuturnidade quando tiverem mais de 50 anos de idade".
Lembre-se que, das 14 reivindicações apresentadas pelos médicos, o Governo só cumpriu com um ponto e a cada dia manifesta intenção de agravar mais a situação da classe. (Marta Afonso)
Seis imóveis da empresa Farmácias de Moçambique (FARMAC, SA), localizados nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Sofala, Inhambane e Cidade de Maputo estão à venda em hasta pública, desde o passado dia 12 de Julho, num processo descrito como de revitalização da maior e mais antiga rede de farmácias do país.
Trata-se de dois apartamentos Tipo 2, localizados nas províncias de Nampula e Niassa; uma habitação do Tipo 2, situada na Praia do Tofo, província de Inhambane; uma habitação de 3 pisos, que se encontra na província de Cabo Delgado; uma loja comercial, situada na província de Sofala; e um armazém comercial, localizado na capital do país.
Em entrevista à “Carta”, o Director-Geral da FARMAC, Eusébio Macete, explicou que a venda dos referidos imóveis está enquadrada no Plano de Revitalização da FARMAC, aprovado em Novembro de 2022, que recomenda a capitalização de tudo que não constitui core business da empresa e que acaba constituindo um fardo para a mesma.
“Por exemplo, os bens colocados à venda não constituem o core business da empresa. Temos casas que, quando olhas, temos de pagar luz, água, segurança, entre outras despesas, mas quando somas ao fim do mês, é uma despesa fixa que tens de aguentar. Portanto, a solução é livrar-se dessas despesas e levar esse dinheiro revitalizar a empresa”, defende Macete.
Segundo a Directora da Área Financeira, Isa Maria, esta não é a primeira vez que a FARMAC coloca os referidos imóveis à venda em hasta pública, tratando-se de uma terceira chamada. A primeira chamada, revela, foi feita em 2021, porém, os concorrentes não alcançavam 30 por cento do valor calculado pela empresa. A segunda foi feita em 2022 e os concorrentes também não alcançaram o valor de licitação.
“Se houvesse intenção de entregar a alguém, já teríamos entregue”, remata o Director-Geral da FARMAC, para quem, caso os concorrentes não alcancem o valor de licitação, os imóveis não serão vendidos.
Sem avançar os números esperados pela FARMAC, a Directora da Área Financeira garante que os imóveis à venda foram avaliados pela consultora Ernest&Young e que, na sua óptica, um dos factores que não ajuda a sua venda é a localização, pois, grande parte estão localizados nas províncias. “Fizemos um reajuste dos valores, mas se as propostas não chegarem aos valores de licitação, não iremos vender os imóveis”, sublinha Isa Maria.
O Director-Geral da FARMAC explica ainda que o património da empresa vem desde o período colonial, facto que encarece os custos de manutenção. “Muitas das nossas farmácias estão localizadas em prédios, na sua maioria construídos na época colonial, e que, neste momento, estão degradados, apresentando problemas de infiltração”, sublinhou, dando exemplo da cidade de Pemba, onde a empresa teve de encerrar uma farmácia por se localizar num edifício em avançado estado de degradação e já com dias contados.
“O fim único deste exercício [de venda de imóveis] é dar rentabilidade à empresa, de modo que esta volte a ser dinâmica. Não há nenhum objectivo de vender a empresa. Isso não está nos planos da empresa. A ideia é não perder recursos com algo que não será rentável para empresa, sobretudo na situação financeira em que se encontra”, defende Eusébio Macete, revelando que a empresa já vendeu quatro imóveis no âmbito do processo de revitalização.
Primeiros resultados positivos
O Plano de Revitalização da FARMAC, de acordo com o corpo directivo da empresa, prevê três fontes de financiamento, nomeadamente, as vendas; a rentabilização dos activos; e a injecção financeira por parte dos accionistas, neste caso, o Estado moçambicano. O Plano é válido por três anos (2022-2025) e visa tornar a FARMAC numa empresa sustentável, capaz de honrar com os seus compromissos de curto, médio e longo prazo.
Neste quadro de revitalização da maior e mais antiga rede de farmácias do país, a FARMAC está em processo de rebranding (mudança de imagem), estando a trocar o emblemático “cor-de-rosa” pelo “azul”. Desde 2018 que deixou de ser uma Empresa Estatal, sendo agora uma Sociedade Anónima, detida pelo Estado, através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE).
A Directora da Área Financeira diz que o rebranding visa mudar a imagem que a sociedade transporta da “antiga FARMAC”, de uma farmácia sem medicamentos e com instalações em estado deplorável. Aliás, a Farmácia Vitória, localizada na Avenida Mao Tse Tung, na cidade Maputo, está a ser transformada, devendo tornar-se em “farmácia-modelo”. Igualmente, está a ser concebido um website da empresa. As duas novidades serão lançadas no próximo dia 16 de Agosto, o Dia da FARMAC.
“As pessoas associam o anterior branding a um passado não muito positivo. Então, há essa necessidade de mudarmos a imagem da marca, pois, por mais que a gente abasteça as nossas farmácias com todo o tipo de medicamento, haverá um público que poderá não entrar devido a este passado”, explica Isa Maria, sublinhando que o novo branding está a influenciar positivamente os fornecedores e a banca, que já haviam perdido confiança na empresa.
Segundo Isa Maria, a FARMAC fechou o ano de 2022, pela primeira, depois de muitos anos, com um lucro de 800 mil Meticais. “É um valor pequeno, mas é encorajador, pois, vínhamos de um ano em que tivemos um resultado negativo de 15 milhões de Meticais. No entanto, em termos históricos, a nossa balança está muito afectada devido às dívidas históricas que a empresa tem”, sublinhou a fonte.
Maria garante que a FARMAC tem estado a lutar para competir, em pé de igualdade, com as farmácias privadas, apesar das dificuldades financeiras que atravessa, pois, neste momento, é obrigada a adquirir os medicamentos com o valor na mão, devido ao volume de dívidas que transporta.
Refira-se que a FARMAC é a maior e mais antiga rede de farmácias de Moçambique, contando, actualmente, com 38 farmácias, das quais 18 na Cidade de Maputo. No âmbito do processo de revitalização, a empresa reduziu a sua massa laboral de 193 trabalhadores, em 2021, para 133, em 2023. (Abílio Maolela)