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Sociedade

Os Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) retomam, na próxima segunda-feira, a sua greve nacional, devendo durar um período de 30 dias prorrogáveis, pelo facto de, até agora, as negociações com o governo não terem produzido os efeitos desejados.

 

O anúncio foi feito esta quarta-feira (24) pela porta-voz da APSUSM, Rosana Zunguze. A retoma da greve deve-se ao incumprimento das várias promessas feitas pelo Executivo, entre as quais, o enquadramento dos profissionais de saúde e o pagamento de horas extras de parte dos funcionários e agentes da saúde.

 

Consta ainda das preocupações dos profissionais da saúde a incapacidade do governo na solução das crises vividas nos hospitais, tais como os recorrentes cortes de energia eléctrica, falta de comida para os pacientes, entre outros problemas.

 

Falando em conferência de imprensa, esta quarta-feira, a APSUSM disse que muita coisa não foi cumprida desde a última greve. “O que tem acontecido nos últimos dias é que, por exemplo, alguns hospitais ficam duas semanas ou mais sem corrente eléctrica ou água, e só depois do corte por parte dos fornecedores é que o problema é resolvido. Os pacientes ficam dias sem comida e os familiares é que devem suprir essa falta e ainda temos a situação da falta de combustível para ambulâncias”, disse a porta-voz da APSUSM, Rosana Zunguze.

 

A fonte referiu que a realização da greve é uma forma de pedir ajuda ou de pressão ao Governo para a busca de soluções. “Não é nossa vontade realizar greve, sempre que anunciamos a retoma da mesma, fazemos com muita dor, o que queremos é apenas ver todos os problemas da classe e dos pacientes resolvidos”, explicou. (M.A.)

Dados oficiais indicam que até 14 de Abril corrente havia um cumulativo de 60.800 casos de conjuntivite no país, desde a eclosão do primeiro caso, no mês de Fevereiro. Os gráficos do Ministério da Saúde (MISAU) mostram que, semanalmente, os casos tendem a diminuir, principalmente nas províncias onde o surto começou.

 

Segundo a representante do Programa Nacional de Oftalmologia no MISAU, Margarida Chagunda, os dados indicam que mais de 100 casos foram notificados na província de Inhambane e cidade de Maputo, enquanto algumas províncias não notificaram nenhum caso.

 

Chagunda falava no programa Café da Manhã da Rádio Moçambique, onde frisou que o controlo da conjuntivite hemorrágica não depende apenas das autoridades da Saúde, como também da comunidade.

 

“O controlo deste surto não depende apenas dos serviços de saúde, porque, sendo uma doença altamente contagiosa, tem muito a ver também com a conduta que a comunidade assume. Sabemos que a transmissão é de pessoa à pessoa, através do contacto directo e indirecto”, disse, quando questionada sobre se o país tem capacidade de controlo ou não da doença.

 

A fonte explica que a redução dos casos da conjuntivite no país ocorre por conta da adesão às medidas de prevenção e à disponibilidade de informação na comunidade.

 

Em relação ao crescente número de casos da doença em centros penitenciários e locais de acolhimento às vítimas de inundações e do terrorismo, Chagunda frisou que, onde há aglomerações, a disseminação de doenças é muito fácil, porque as pessoas têm alguma dificuldade em ficar isoladas.

 

Para combater situações de tratamento inadequado da conjuntivite, a entrevistada fez saber que esta é uma doença benigna, na medida em que se pode curar em pouco tempo (sete dias em média), quando o tratamento é adequado, e, sendo de causa viral, não exige aplicação de antibióticos, uma vez que estes servem para o tratamento de bactérias.

 

A fonte garantiu que os medicamentos como pomadas e gotas, habitualmente recomendadas nas farmácias, não têm nenhum efeito de cura. Aliás, ela refere que alguns medicamentos aplicados sem prescrição médica, tais como prednisolona e dexametasona, podem ser perigosos. Para o efeito, Margarida Chagunda chama atenção à necessidade de se combater a auto-medicação.

 

“A conjuntivite é benigna, cura por si só, basta seguir as medidas de higiene pessoal, como a lavagem frequente com água e sabão da cara e das mãos. Portanto, não há necessidade de alarme. Algumas pessoas usam a urina, e eu gostaria de reforçar que a urina é produzida através dos rins para eliminar aquilo que o organismo não precisa, incluindo substâncias tóxicas. Então, ela não pode ser uma coisa boa, por isso não podemos usar como tratamento”, frisou. Changunda disse ainda que o Ministério da Saúde registou até aqui um total de 45 casos de complicações oculares que culminaram com cegueira total ou parcial. Trata-se de situações provocadas pelo uso de medicação sem prescrição médica.

 

Para o tratamento da conjuntivite, a fonte reitera a lavagem regular do rosto com água simples, lavagem frequente das mãos e aplicação de pachos de água gelada, apenas para casos de muita inflamação.

 

Recorde-se que o primeiro surto da conjuntivite hemorrágica em Moçambique foi registado na província de Nampula. Ao nível nacional, Tete e Manica são as províncias com menos registos de casos da doença, com cerca de 300 e 500, respectivamente. Os pontos críticos são a cidade de Maputo e as províncias de Sofala, Nampula e Maputo. (M.A)

O Governo aprovou ontem novas datas para o recenseamento eleitoral no distrito de Quissanga, província de Cabo Delgado, depois de os órgãos eleitorais terem falhado, desde o passado dia 15 de Março, o registo de eleitores naquela parcela do país. De acordo com o novo calendário, Quissanga irá acolher o recenseamento eleitoral entre os dias 01 e 15 de Maio próximos.

 

O novo calendário de registo de eleitores no distrito de Quissanga resulta de uma proposta da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que aponta a intransitabilidade das vias de acesso (por causa das chuvas torrenciais) e a insegurança (causada pelos ataques terroristas) como estando na origem do atraso na colocação e movimentação de 22 brigadas de recenseamento eleitoral naquele distrito costeiro de Cabo Delgado.

 

Segundo a CNE, em reunião havida no dia 19 de Abril, a Comissão Provincial de Eleições de Cabo Delgado deliberou, entre outras matérias, já existir um plano para a protecção dos brigadistas e dos membros dos órgãos eleitorais do distrito de Quissanga, pelo que solicitou um período de 15 dias para reorganizar o processo. A reunião contou com a presença das Forças de Defesa e Segurança e dos membros da Comissão e do STAE Distrital de Quissanga.

 

Dados da Comissão Provincial de Eleições de Cabo Delgado indicam que, com um total de 512 brigadas de recenseamento eleitoral criadas (490 operacionais), a província já registou 540.190 eleitores, o equivalente a 91,41% da meta projectada. O registo dos eleitores termina no próximo domingo, 28 de Abril.

 

Em conferência de imprensa concedida ontem, a CNE disse ainda existirem mais duas brigadas de recenseamento eleitoral, todas localizadas na província de Gaza, que enfrentam dificuldades de colocação, devido a problemas de articulação entre as comunidades e autoridades locais. No entanto, não revelou se as mesmas seriam ou não abrangidas pelo novo calendário.

 

Em geral, os órgãos eleitorais defendem que o processo de inscrição de eleitores decorre a um ritmo satisfatório em todo o território nacional. Contudo, contam que, nos distritos com autarquias locais, há fraca afluência aos postos de recenseamento eleitoral e, consequentemente, o índice de registos é baixo. Dá o exemplo dos postos de recenseamento eleitoral instalados na cidade de Maputo que registam médias entre quatro a sete eleitores por dia.

 

“Tal situação pode estar relacionada ao facto de muitos cidadãos destas regiões terem sido registados aquando do recenseamento para as eleições autárquicas de 2023”, justifica, revelando que, nos primeiros 37 dias do processo, foram inscritos 6.666.838 eleitores, o que corresponde a 88,96% da previsão.

 

“Importa realçar que este número de inscritos não reflecte a globalidade de eleitores registados até então, visto que há dificuldade de comunicação com algumas brigadas, o que suscita atrasos no envio de dados estatísticos”, salienta a fonte, sublinhando que, em termos cumulativos, já foram inscritos 15.390.643 eleitores, o que representa 94.90% da previsão estimada pelo INE (Instituto Nacional de Estatística), que é de 16.21.816 eleitores.

 

Na sua avaliação, a CNE diz registar, com satisfação, o facto de os elementos das brigadas de recenseamento eleitoral demonstrarem um certo domínio na utilização dos equipamentos, o que faz com que o tempo de registo de um determinado cidadão eleitor dure, em média, entre 3 a 6 minutos.

 

Quanto ao equipamento, a CNE garante que toda a infra-estrutura tecnológica de recenseamento eleitoral regista um bom desempenho. No entanto, relata casos de falhas de comunicação entre os mobiles e as impressoras PVC; problema de perda de conexão da base de dados; diminuição do desempenho dos painéis solares em dias de pouco sol; assim como o registo de erros de leitura/gravação de dados nos discos dos laptops do processo de 2018 e 2019.

 

Refira-se que decorre, de segunda-feira (22 de Abril) até ao dia 7 de Maio, a inscrição dos partidos políticos interessados em participar das eleições gerais de 09 de Outubro próximo. (Carta)

O chefe da diplomacia angolana, Téte António, chegou ontem (22) a Maputo a fim de participar da 10ª Sessão da Comissão Mista de Cooperação Angola/Moçambique, a realizar-se hoje (23).

 

A decorrer sob o lema "Moçambique e Angola juntos pelo Progresso Económico e Social”, a reunião vai avaliar os projectos em carteiras entre os dois países, revisar os Acordos em curso e apreciar o Relatório da Reunião dos Altos Funcionários realizada no domingo em Maputo.

 

A 10ª Sessão da Comissão Mista de Cooperação Moçambique/Angola vai também passar em revista assuntos bilaterais nos domínios da Política e Diplomacia, Defesa, Interior, Administração do Território, Economia, Finanças, Transportes, Comunicações, Indústria, Comércio, Energia, Recursos Minerais, Petróleos, Obras Públicas, Agricultura, Pescas, Mar, e Ambiente.

 

Em comunicado de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores de Angola esclarece que o evento representa o firme compromisso dos dois países em cimentar uma relação histórica, que data desde os primórdios da luta de libertação nacional pela conquista da independência. (JA online)

Dois (2) terroristas foram mortos na semana finda (nos dias 17 e 18) pelas Forças Locais, quando os insurgentes atacaram as comunidades de Nanua A que fica cerca de 7 quilómetros da sede do distrito de Ancuabe e Mopanha, ao longo da estrada N380 que liga a localidade de Salaué (Silva Macua) à de Oasse (Mocímboa da Praia).

 

Na aldeia Nanua A, os terroristas  saquearam bens e destruíram infra-estruturas, obrigando a fuga da população para a sede do distrito. Aparentemente, os terroristas não tinham intenção de matar civis, mas, sim, de apoderar-se de produtos alimentares.

 

Em entrevista telefónica à Zumbo FM, o Secretário da aldeia Mopuanha, Matares Abudo, confirmou o ataque, protagonizado por pelo menos 50 homens, entre as 18h00 e 19h00.

 

Numa publicação, na noite de sábado, os meios de propaganda do Estado Islâmico reivindicaram a autoria do ataque e, sem citar as baixas sofridas, assumiram a queima de salas de aula e de uma igreja.

 

"Por exemplo em Mopuanha, eles não mataram, mas capturaram três mulheres e deixaram nas suas casas, enquanto muitas pessoas estavam no mato. Roubaram muitas coisas nas barracas como arroz, farinha e refrigerantes", disse Mouzinho António, que recebeu alguns deslocados na sua casa em Ancuabe-sede.

 

Outra fonte disse que os "mababus" destruíram quantidades significativas de cigarros e despejaram muitas bebidas alcoólicas que estavam à venda nos estabelecimentos comerciais. (Carta)

Vários fiéis católicos e de outras congregações religiosas reuniram-se, neste domingo, em Guiua, distrito de Jangamo, província de Inhambane, numa missa de recordação dos 23 catequistas assassinados barbaramente a 22 de Março de 1992, na guerra dos 16 anos.

 

O grupo de 23 catequistas, mártires de Guiua, era composto por homens, mulheres e crianças e os seus corpos repousam num cemitério transformado em santuário. Este grupo foi assassinado por um grupo de homens armados, durante uma formação no Centro Catequético em Guiua.

 

Informações partilhadas pela Rádio Moçambique (RM) indicam que, na missa orientada pelo Bispo da Igreja Católica em Inhambane, Dom Ernesto Maguengue, para além dos peregrinos oriundos de diversas paróquias desta província, participaram também crentes de outras províncias e até mesmo estrangeiros.

 

A homilia do Bispo esteve centrada na necessidade de construção de uma nação que respeita a vida humana, preserva valores éticos e morais e aceita a missão divina. Foram feitas ainda orações para a necessidade do cultivo do perdão e manutenção da paz.

 

O Padre responsável por Guiua diz que alguns peregrinos cumprem com esta jornada anualmente e o fazem também num contexto turístico. Por sua vez, o Governo de Inhambane considera o momento importante para o fortalecimento do espírito de Deus.

 

Lembre que os 23 catequistas assassinados tinham sido escolhidos em diferentes Missões, entre os distritos de Vilankulo, Mapinhane, Massinga, Funhalouro e Guiua e perderam a vida quando acabavam de chegar na sequência de um ataque de homens armados ao Centro Catequético e raptou a maior parte das famílias.

 

Durante uma marcha carregando os bens saqueados pelos atacantes, foram conduzidos à força para uma base, de onde vinham os invasores. Pelo caminho, um grupo de 23 catequistas acabou sendo chacinado à baioneta. (Carta)

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