Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Sociedade

Cerca de 40 por cento da população moçambicana, ou seja, mais de 13 milhões de pessoas, sofrem de hipertensão arterial, revelou ontem (06) o Ministro da Saúde, Armindo Tiago. Tiago anunciou o facto durante o lançamento do projecto “Prevenção e Controlo das Doenças Não Transmissíveis”.

 

“A prevalência da hipertensão em Moçambique está entre as mais elevadas nos países em desenvolvimento, estimando-se em cerca de 40 por cento, variando com a faixa etária”, disse o governante.

 

Disse igualmente que dados de estudos realizados em 2015 indicam que a prevalência da diabetes mellitus no país é superior a sete por cento.

 

“Entre os indivíduos dos 15 e 49 anos, o cancro já representa a terceira causa de morte, oito por cento das mortes, segundo os dados do COMSA (Sistema de Vigilância de Eventos Vitais e Causas de Morte)”, avançou Tiago.

 

O ministro justificou o elevado peso das doenças não transmissíveis no país como sendo resultado de uma maior exposição a diversos factores de risco tais como o consumo excessivo de álcool, tabaco, sedentarismo, consumo excessivo de alimentos gordurosos, salgados e açucarados.

 

“Apesar de altas prevalências, as doenças não transmissíveis são preveníveis, particularmente através da redução da exposição aos factores de risco. Portanto, com a colaboração e o engajamento de todos, particularmente do indivíduo, poderemos alcançar ganhos consideráveis na redução da prevalência destas doenças”, esclareceu.

 

Actualmente, segundo o ministro, Moçambique passa por uma transição epidemiológica caracterizada por manutenção do peso elevado das doenças transmissíveis e um aumento considerável da prevalência de doenças não transmissíveis como as doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, cancro, doenças respiratórias crónicas e o trauma.

 

E Itália desembolsa cinco milhões de euros para combate às doenças não transmissíveis

 

O Governo Italiano, através da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS), vai desembolsar cinco milhões de euros, ao longo dos próximos três anos, para a prevenção e controlo de doenças não transmissíveis em Moçambique.

 

O financiamento vai reforçar as actividades do Ministério da Saúde (MISAU) e tem como foco três províncias prioritárias, nomeadamente, Sofala e Zambézia no centro do país e Maputo, sul. A informação foi partilhada ontem, em Maputo, pelo embaixador da Itália acreditado em Moçambique, Gianni Bardini.

 

Bardini disse que a canalização destes fundos é de extrema importância para a identificação precoce e tratamento das doenças não transmissíveis.

 

“É um projecto muito abrangente. Em primeiro lugar vai auxiliar o fornecimento de equipamento, incluindo material de laboratório e medicamentos. O segundo ponto é a formação a vários níveis, o terceiro ponto é o rastreio que permite a identificação de doenças e intervenções nelas ainda precoces”, defendeu.

 

Disse que vai contribuir ainda em acções de sensibilização e no aprofundamento da conexão entre as “deficiências e as doenças não transmissíveis”.

 

O ministro da Saúde, por sua vez, destacou o papel da Itália no combate às doenças não transmissíveis.

 

“A Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento tem desempenhado o seu papel apoiando o Ministério da Saúde na redução da morbi-mortalidade por doenças não transmissíveis, através do reforço da capacidade de vigilância, prevenção, fornecimento de meios de diagnóstico bem como do apoio na aquisição e distribuição de medicamentos”, disse Tiago.

 

“Estamos convictos de que este programa, aliado aos esforços empreendidos pelo Ministério da Saúde, irá reforçar a capacidade do sector em aumentar o acesso a serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças não transmissíveis”, assegurou.

 

Apelou ainda aos gestores de saúde aos níveis provincial e distrital, para se empenharem na implementação do projecto e garantirem que o mesmo contribua para ganhos adicionais nos indicadores de saúde da população.

 

O programa “Prevenção e Controlo das Doenças Não Transmissíveis” será implementado numa fase inicial em cerca de 20 unidades sanitárias, sendo sete da província de Zambézia, igual número de Sofala e seis de Maputo. (AIM)

Uma adolescente de nome Akima da Sónia Horácio Huo, de 19 anos de idade, foi encontrada morta numa vala e com sinais de violação sexual e agressão física, na estrada circular de Maputo, bem próximo à Vila Pitanga, em Marracuene, na província de Maputo.

 

O cadáver apresentava vários golpes, inclusive com um dos braços quebrados, o que leva a presumir que a vítima tenha tentado lutar com os agressores, que a violentaram sexualmente e, depois, assassinaram-na para evitar que fossem denunciados.

 

No local onde o corpo foi abandonado havia vários preservativos espalhados. Alguns moradores que residem próximo do local onde foi encontrado o corpo contaram à “Carta” que, por volta das 03h00 de madrugada deste domingo (05 de Maio), ouviram a voz da adolescente a correr enquanto gritava por socorro (chamava pela sua mãe), mas quando saíram não conseguiram perceber donde vinha a voz porque a menina já havia desaparecido.

 

“Na altura em que saímos para perceber de onde vinha a voz que pedia socorro, não conseguimos ver nenhum rasto, provavelmente, porque os bandidos tinham puxado a menina para uma mata que há por aqui e amordaçaram-na para que não continuasse a gritar. Ela foi encontrada com um pano na boca”, explicou um dos moradores.

 

No local da ocorrência, o chão estava completamente “maltratado”, o que sugere que ela tentou resistir, mas acabou sendo dominada, violada e morta. Posteriormente, o cadáver foi deixado de barriga para baixo.

 

Entretanto, logo pela manhã, a mãe da adolescente que não sabia que a sua filha não tinha dormido em casa, ao se aperceber do seu desaparecimento, solicitou uma vizinha e começaram a procurar pelo bairro. Em poucas horas, ficaram a saber que uma menina tinha sido encontrada morta e a mãe não queria aceitar que se tratava da sua filha.

 

Aos prantos e gritos, Sónia Horácio Huo, mãe da falecida, preferia acreditar que a sua filha ia voltar e dar-lhe um abraço. Mas por volta das 12h00, depois do pai da adolescente se ter dirigido ao Hospital de Marracuene, veio a confirmação de que se tratava da Akima. A adolescente perdeu a vida depois da sua mãe ter repetido diversas vezes que ela não devia sair sozinha no período nocturno, porque um dia o pior podia acontecer. A profecia da sua mãe cumpriu-se.

 

Akima tinha 19 anos de idade, era a primeira filha de Sónia Huo e Carlos Alfredo Manjate, nascida na província de Inhambane, onde vivia com os avós maternos. Em 2022 veio residir em Maputo com os seus pais e frequentava a 11ª classe na Escola Secundária Gwaza Muthini.

 

Neste momento, o corpo da vítima encontra-se na morgue do Hospital Central de Maputo, para a realização da autópsia para se apurar as causas da morte. (M.A.)

Alguns Centros de Saúde nem estão a prestar o devido atendimento aos pacientes, na sequência da greve dos Profissionais de Saúde, que arrancou no dia 29 de abril, em todo o país.

 

Na última sexta-feira, Amélia João Nhamussua, que regressava com o seu bebé de colo, do Centro de Saúde do 25, no bairro do Siduava, contou que, enquanto o Governo não intervier, muitos pacientes vão morrer.

 

“Eu fui ao centro de saúde levar a minha filha que não se sentia bem, mas quando cheguei, encontrei vários profissionais sentados a conversar. Gritei pelo socorro e pedi que atendessem a minha filha e, em viva voz, disseram-me que o material está à minha disposição e que eu devia atender a minha filha pessoalmente”.

 

Por outro lado, Alda Mangue, que voltava do Centro de Saúde da Machava-Bedene, disse que não recebeu o devido atendimento porque estava muito cheio e os poucos médicos que estavam a atender aconselhavam os pacientes com casos leves a regressar para casa.

 

“Tenho dores nas costas, estou há dias a dormir com muitas dificuldades, mas acabei voltando para casa porque os hospitais estão um caos. Eu penso que se eles não nos querem atender, nem deviam sair das suas casas para os postos de trabalho. Inclusive deviam fechar os Hospitais para sabermos que não estão a funcionar”, disse.

 

De um modo geral, “Carta” apurou que vários Centros de Saúde na cidade e província de Maputo funcionam a meio gás, sobretudo aqueles que se encontram nas zonas suburbanas.

 

No Centro de Saúde de Bagamoyo, por exemplo, os pacientes queixavam-se de lentidão, longas horas de espera e incerteza quanto ao atendimento porque grande parte dos Profissionais de Saúde mostravam-se indiferentes e outros estavam numa conversa animada.

 

Entretanto, o Ministério da Saúde refere, em comunicado de imprensa, que não há motivos para paralisação das actividades, visto que o processo das negociações decorre a bom ritmo, descartando aparentemente buscar soluções para o problema que inquieta os pacientes.

 

“As negociações estão a decorrer, mas nós continuamos com o pé firme e só voltaremos a trabalhar quando tudo estiver resolvido e devidamente organizado”, disse o Presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM).

 

Prevê-se que a greve dos Profissionais de Saúde tenha a duração de 30 dias, podendo terminar antes caso o Governo resolva as inquietações da classe, ou mesmo ser prolongada por mais tempo no caso de não haver consenso. Neste momento, mais de 70 por cento dos profissionais aderiram à greve que decorre num ambiente de intimidações.

 

Lembre que a APSUSM exige, entre outras condições, material de trabalho, pagamento de horas extras e subsídio de turno, enquadramento definitivo dos profissionais no aparelho do Estado e aumento de subsídio de risco para 10 por cento. (M.A)

Um grupo terrorista que se acredita que seja parte dos que escaparam das operações conjuntas das FDS na região de Odinepa no distrito de Eráti, em Nampula, atacou a aldeia Nacoja, posto administrativo de Mazeze, distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado.

 

Fontes disseram à "Carta" que os atacantes, mais de dez homens, queimaram palhotas da população e não fizeram o pior porque a população que ainda permanece na aldeia se escondeu quando se apercebeu da presença dos terroristas.

 

"Não temos registo de morte porque a população tinha fugido quando se percebeu que os malfeitores estavam na aldeia", disse um residente em Chiúre-sede, afirmando que "muitas pessoas estão aqui na vila e ainda não voltaram porque estão a enfrentar muitas dificuldades".

 

Outro residente acredita que alguns dos atacantes foram capturados e mortos pelas Forças de Defesa e Segurança e seus aliados.

 

Contudo, acrescentou que a maior parte da população das aldeias Nacoja, alvo de ataque na sexta-feira, Magaia, Micoleni, 25 de Setembro, Napala, Ntonhane, entre outras, continua refugiada na vila de Chiúre.

 

Refira-se que, na semana passada, o administrador de Chiúre, Oliveira Amimo, queixou-se da falta de transporte para evacuar as famílias deslocadas da sede para o centro de acolhimento. (Carta)

Moçambique poderá receber mais um lote de material não letal para as Forças de Defesa e Segurança (FDS) até fim do corrente ano, revelou no sábado (04) à AIM, o oficial de Relações Públicas da Missão de Treino da União Europeia (EUTM-Moçambique), Ricardo Carvalho.

 

O referido material inclui equipamento de protecção individual, tais como capacetes e colectes anti-bala, joelheiras, binóculos nocturnos, botas, GPS, tendas, entre outros, revelou Ricardo Carvalho durante as celebrações antecipadas do Dia da Europa, que se assina no próximo dia 9 de Maio corrente.

 

As celebrações, que tiveram lugar em Maputo, foram marcadas por uma exposição que retrata uma série de actividades que a Missão de Treino da União Europeia (EUTM-Moçambique) e as Forças Armadas de Moçambique estão a promover.

 

“As celebrações estão a decorrer no âmbito da delegação da União Europeia e da Missão de Treino aqui em Moçambique, nós associamos para promover esta exposição com equipamentos fornecidos pela União Europeia”, disse Carvalho.

 

Recordou que o mandato da EUTM-Moçambique termina no dia 9 de Setembro próximo e já está em curso uma análise estratégica da Missão da União Europeia.

 

Para além da formação das forças especiais de defesa de Moçambique, nomeadamente, os fuzileiros navais no distrito municipal da Ka Tembe, a força Aérea em Mavalane e os Comandos no Chimoio, a EUTM-Moçambique está igualmente a formar os formadores dentro das Forças Armadas de defesa em Moçambique.

 

“Esta iniciativa vai capacitar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique a conseguirem formar os próprios militares nesta área das forças especiais de fuzileiros e comandos”, disse a fonte.

 

Questionado sobre uma eventual intervenção militar da União Europeia ou fornecimento de material letal, Carvalho disse: “os 27 Estados membros que compõem a União Europeia vão decidir dentro dos próximos dias se renovam ou não o mandato da Missão Europeia-Moçambique e, nessa altura, serão definidas as formas de intervenção”.

 

Explicou que a provisão de apoio letal às Forças de Defesa de Moçambique terá que ser discutida pelos diferentes países pela União Europeia internamente e depois com as autoridades moçambicanas.

 

“Temos acompanhado através dos vários órgãos de comunicação social que as autoridades moçambicanas já fizeram um pedido nesse sentido. Garantidamente e seguramente que as autoridades europeias estarão a analisar e decidirão nas instâncias máximas se esse apoio poderá ser dado e em que moldes. Prevê-se que nas próximas semanas haja uma decisão sobre o assunto. (AIM)

Continua a não haver consensos no Comité Central da Frelimo sobre a lista de pré-candidatos que deve ser submetida à votação para a escolha do candidato presidencial do partido no poder às eleições de 09 de Outubro próximo. Este sábado, o processo voltou a falhar.

 

Em entrevista aos jornalistas, Teodoro Waty, um dos poucos membros do Comité Central que tem dado entrevistas informativas à imprensa desde o primeiro dia da reunião (sexta-feira), disse que os 254 membros efectivos do Comité Central ainda estão na fase de preparação dos nomes que devem ser submetidos às urnas.

 

“Ainda não há nomes definitivos para ir à votação”, declarou a fonte, defendendo que a Comissão Política, tal como o Presidente do Partido, não se têm oposto à entrada de novos candidatos na lista a ser submetida à votação.

 

A reunião, que inicialmente estava prevista para durar um dia, deverá retomar este domingo, pelas 10h. Waty, um antigo deputado, é um homem esperançoso e acredita que, neste domingo, os “camaradas” poderão fumar o “cachimbo da paz”.

 

A fonte reconhece estar-se perante um processo desgastante, mas defende que os membros do Comité Central, o órgão mais importante da Frelimo entre os Congressos, estão à procura da melhor solução, “que é ampliar a lista e ir-se à votação” e acredita que neste domingo, “em algum momento, será ampliada”.

 

Numa reunião marcada por intervalos longos que as próprias sessões de debate, é quase um desejo comum que o dossier seja encerrado este domingo. Salvador M’tumuke, antigo Ministro da Defesa, é um dos que acredita que a Frelimo elegerá, hoje, o seu candidato presidencial. Já Celso Correia, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural e uma das figuras preteridas da lista inicial de pré-candidatos, entende que “os partos difíceis sempre dão bebés bonitos”.

 

Por sua vez, José Pacheco, que ao meio tarde deste sábado apresentou-se aos jornalistas, afirma estar-se num processo complexo, em que se deve tomar todas precauções para que se observe “os princípios democráticos da Frelimo”.

 

Na entrevista, Pacheco não confirmou se o seu nome constava da lista em debate e garantiu não ter notado qualquer tentativa de Filipe Nyusi em forçar a escolha de certos nomes. Igualmente, negou haver desacordo na escolha de figuras que podem assumir os destinos do país.

 

Referir que, à entrada da I Sessão Extraordinária do Comité Central da Frelimo, a Comissão Política, órgão que tinha missão de seleccionar os presidenciáveis, havia proposto as candidaturas de Roque Silva (Secretário-Geral do partido), Damião José (antigo porta-voz do partido) e Daniel Chapo (Governador de Inhambane), porém, os nomes não reuniram consenso, havendo membros que defende a inclusão dos nomes de Aires Ali e Basílio Monteiro.

 

Até ao momento, sublinhe-se, o partido Frelimo ainda não se pronunciou oficialmente desde que o evento arrancou na sexta-feira. (A. Maolela)

 
 
Pág. 64 de 646