Uma criança de seis anos de idade perdeu a vida na Pediatria do Hospital Central de Maputo (HCM), alegadamente, por falta de atendimento do pessoal de serviço. Aborrecido, o pai da menor filmou o que sucedeu no hospital e partilhou o vídeo nas redes sociais nesta quinta-feira (13), o que levou a direcção do HCM a reagir.
“A criança de seis anos chegou à unidade sanitária em estado grave e foi encaminhada directamente para os cuidados intensivos pediátricos para receber uma assistência urgente. Infelizmente, passados alguns minutos, dado o seu estado crítico, a criança veio a perder a vida nas mãos do pessoal médico que estava a assisti-la. Consta que, depois que o pai foi informado, decidiu fazer o vídeo”, explicou o Director Clínico do Hospital Central de Maputo, António Assis.
Segundo Assis, em termos de tratamento, o HCM tem uma equipa que vai desde a recepção e triagem quando se trata de casos críticos. Entretanto, a direcção do HCM prometeu investigar a denúncia para saber o que realmente aconteceu.
“Estamos a fazer a leitura das câmeras de vídeo para apurar o que teria acontecido quando a menor deu entrada. O nosso foco é atender e tratar os doentes da melhor forma possível. Nós somos cerca de 4 mil trabalhadores, entendemos que somos muitos e se existe alguma coisa para melhorar, faremos”.
“Esta criança deu entrada nesta unidade sanitária já em estado grave. Consta-nos que ela já estava doente há cinco dias e os pais procederam à auto-medicação e só depois disso resolveram levá-la a uma unidade sanitária”, lamentou.
No entanto, o director clínico reiterou que vão verificar as câmeras e os boletins para perceber o que de facto ocorreu. “Se constatarmos que houve um erro da nossa parte, existem procedimentos disciplinares em função do que ocorreu”.
Refira-se que em várias unidades sanitárias do país vem se registando casos de mau atendimento, lentidão, falta de medicamentos e outro material de uso hospitalar.
Por exemplo, nesta quinta-feira (13), enquanto decorria o processo normal de trabalho, “Carta” apurou que o Centro de Saúde da Matola-Gare [que funciona em tendas improvisadas] já se encontrava com os serviços encerrados às 13h00, alegadamente, porque às vezes o pessoal trabalha somente até às 12h00. Como alternativa, os pacientes, incluindo aqueles em estado grave, foram recomendados a procurar um Centro de Saúde na Machava. (M.A)
O Ministro da Saúde, Joe Phaahla, anunciou ontem (12) que um dos cinco pacientes com Mpox (surto de varíola de macacos) faleceu na última segunda-feira no Hospital de Tembisa, em Gauteng. O óbito ocorre depois de dois casos terem sido confirmados em Gauteng e três em KwaZulu-Natal.
“Em todos os casos, os pacientes são do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 30 e os 39 anos, sem antecedentes de viagem para os países que registam actualmente um surto, o que sugere que existe uma transmissão local desta doença infecciosa no país”, disse o ministro esta quarta-feira.
Segundo o governante, o falecido era originário de KwaZulu-Natal, mas estava fora de casa desde Dezembro do ano passado.
O Ministro fez estes pronunciamentos durante uma conferência de imprensa centrada na gestão do surto de varíola dos macacos no país.
Phaahla afirmou que todos os casos foram classificados como casos graves, de acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) que exige hospitalização. Os pacientes apresentam sintomas que incluem erupção na pele, dores de cabeça e do corpo e foram identificados como um dos grupos-chave, homens que fazem sexo com homens (HSH).
O Ministro disse à imprensa que um dos pacientes já recebeu alta, um está em isolamento domiciliar e dois ainda estão no hospital. A última vez que a África do Sul registou casos positivos de Mpox foi em 2022, quando cinco casos foram confirmados no Cabo Ocidental, KwaZulu-Natal, Limpopo e Gauteng.
“Portanto, o nosso país é consistente com os surtos em vários países do mundo e diferente da variante da estirpe na RDC”, explicou.
Rastreio de contactos
O Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD), disse o Ministro, continua com actividades epidemiológicas e de vigilância para identificar casos para investigação para estimar a magnitude da doença através da recolha e análise sistemática de dados.
Ele disse aos meios de comunicação que foram identificados 38 contactos em KwaZulu-Natal, enquanto um dos pacientes indicou ter tido contacto sexual com múltiplos parceiros, incluindo homens e mulheres.
Entretanto, a Equipa de Resposta a Surtos iniciou o rastreio de contactos e a detecção de casos nas províncias afectadas.
“Incentivar as pessoas que possam saber que, de uma forma ou de outra, foram associadas a alguém com a doença ou que apresentam quaisquer sintomas de lesões cutâneas ou erupções cutâneas, a dirigirem-se ao centro de saúde mais próximo.”
Vacina
Actualmente, não existe tratamento registado para Mpox na África do Sul. No entanto, o Ministro disse que a OMS recomenda a utilização do Tecovirimat, também conhecido como TPOXX, para o tratamento de casos graves, como em indivíduos com CD4 inferior a 350.
Ele anunciou que o departamento obteve a aprovação do TPOXX através da Autoridade Reguladora de Produtos de Saúde da África do Sul (SAPHRA) numa base de uso compassivo para pacientes conhecidos com doença grave.
O Ministro disse ainda que está em estudo a obtenção de vacinas e a considerar várias opções, incluindo quem será o alvo prioritário em termos de imunização. No entanto, ele acredita que os grupos de alto risco devem ser priorizados, incluindo profissionais do sexo, HSH, profissionais de saúde e trabalhadores de laboratório.
O Ministro também enfatizou a importância de gerir o estigma para as populações-chave em risco, embora não tenha havido recomendações para quaisquer restrições de viagem.
“Acho que se pode dizer com segurança que, especialmente para os adultos, qualquer pessoa que desenvolva esse tipo de erupções na pele, mesmo que pense que pode ser varicela, mesmo os jovens, deve procurar atendimento médico.”
Ele disse que o governo está a esforçar-se para evitar novas mortes. “Já temos uma vítima fatal e ela estava bastante doente, e fomos informados que, mesmo tomando o antiviral devido à gravidade das feridas, ela não conseguiu absorver o tratamento e morreu em poucos dias”. (SAnews)
Os cinco agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) aparecem no vídeo, de sete minutos, a torturar uma cidadã acusada de vender bens roubados pelo marido. A mulher é brutalmente torturada, chegando ao extremo de ser pisoteada no abdômen e na cabeça, como forma de obter a confissão sobre o crime cometido.
A Porta-voz da PRM em Inhambane, Nércia Bata, confirmou que o acto ocorreu na semana finda e a corporação só teve conhecimento através do vídeo que foi parar às redes sociais.
“Infelizmente, o vídeo mostra membros da PRM a agredir uma cidadã. Trata-se de cinco membros e neste momento estão suspensos das suas actividades. A PRM não trabalha daquela maneira, pois, aquele é um comportamento individual daqueles membros que se envolveram neste acto. Nós condenamos este tipo de comportamento e nos distanciamos disto”.
Nércia Bata diz que os agentes que espancaram a cidadã serão responsabilizados. Entretanto, a vítima foi convidada para o Comando Distrital para que se possa lavrar o respectivo auto para que os infactores possam ser responsabilizados criminalmente.
“Apelamos à população para que seja vigilante e, quando notar situações similares, deve comunicar a polícia”.
Explicou que neste momento foi constituída uma comissão de inquérito para apurar o que terá acontecido e quais as causas que levaram os membros da PRM a agredir a cidadã.
“Condenamos esses actos. Não vamos olhar muito para a causa que levou os agentes a cometer este acto. Neste momento, eles foram suspensos, mas continuam na esquadra para passos subsequentes”, frisou.
Lembre que o casal em causa foi apresentado à imprensa no passado dia 04 de Junho, acusado de roubo e venda de gado e de outros bens naquele distrito. A Procuradoria Provincial de Inhambane garante que os agentes da PRM já foram identificados e já instaurou um processo-crime. (M.A)
Membros activos do partido FRELIMO estão a apoiar clandestinamente a Coligação Aliança Democrática (CAD), na província de Nampula. Os “camaradas” não querem ser identificados, mas dão o seu corpo e alma a favor da Coligação encabeçada por Venâncio Mondlane.
Nos últimos tempos, um pouco por todo o país, membros e figuras sonantes da FRELIMO denunciam graves irregularidades no seio do Partido. Os casos mais recentes ocorreram nas eleições internas, para a escolha de cabeças-de-lista a governador, membros das Assembleias Provinciais e deputados da Assembleia da República.
Em Nampula, grande parte dos que apoiam moralmente e com pequenas contribuições financeiras a CAD são antigos deputados que não garantiram a sua renovação, ou que viram as suas candidaturas a vários níveis chumbados, bem como os que endossa(va)m o apoio a Manuel Rodrigues, figura excluída prematuramente nas eleições internas a cabeça-de-lista a governador provincial.
Manuel Rodrigues, lembre-se, é um dos considerados “indisciplinados”, por ter renunciado à posição de cabeça-de-lista do partido FRELIMO, nas eleições autárquicas do ano passado.
A pedido dos “dissidentes” da Frelimo, uma vez que se encontram ainda em militância activa, “Carta” prefere omitir os seus nomes. Entretanto, Castro Niquina, coordenador provincial da CAD em Nampula, confirmou o apoio que a coligação tem vindo a receber de membros da FRELIMO.
“Temos pessoas do partido FRELIMO que apoiaram as nossas candidaturas. Recebemos muitos membros da FRELIMO que traziam as suas assinaturas e até foram ao terreno recolher as mesmas. Essas pessoas pediram-nos para proteger os seus nomes”, disse.
Niquina, que também já foi quadro sénior da RENAMO na província de Nampula, disse que além de apoio moral também deram, aquando da recolha das assinaturas, algumas contribuições financeiras para organização dos documentos.
“Pese embora sejam membros da FRELIMO, estes indivíduos estão a passar mal. Veja que os mesmos também sentem na pele o elevado custo de vida, falta de medicamentos nos hospitais, por isso ao verem a aparição do engenheiro Venâncio Mondlane acreditam na mudança e desenvolvimento rápido do país”, disse Niquina. (Carta)
A ministra da Justiça, Helena Kida, manifestou a sua preocupação com os relatos de violações dos direitos humanos e ataques contra jornalistas, na sequência da violência policial contra jornalistas que cobriam uma manifestação há uma semana de 300 ex-membros do agora extinto serviço secreto, SNASP, à porta dos escritórios das Nações Unidas em Maputo, exigindo dinheiro que alegam lhes ser devido nos últimos 20 anos.
Segundo Kida, que falava esta segunda-feira, num Simpósio Internacional sobre Género no Poder Judiciário, evento de três dias que decorre em Maputo, “no geral, estamos preocupados com a situação das violações dos direitos humanos. Mas temos que olhar cada caso, individualmente. Em geral, é claro, não somos a favor. Precisamos de mais informações para comentar o assunto”, afirmou.
A ministra acredita que deve ter havido excesso de zelo “porque inicialmente parecia que uma jornalista tinha sido raptada pela polícia. Isso é impossível. A polícia não sequestra. Ela pode ter excedido os seus poderes para manter a ordem.”
Na verdade, não há dúvida de que a jornalista em questão, Sheila Wilson, foi raptada. Pois se ela fosse apenas detida, ela teria enfrentado acusações. Mas, embora a polícia a tenha chamado de agitadora, não a acusou de nenhum crime. Ela foi mantida incomunicável numa esquadra por quatro horas, antes que a polícia a libertasse sem acusação.
Wilson, que trabalha para a organização de direitos humanos Centro para o Desenvolvimento e Democracia (CDD), estava a filmar, no seu telemóvel, o ataque policial contra a manifestação dos antigos agentes do SNASP.
Quando a libertaram, a polícia não devolveu o seu telefone. A corporação o manteve aparentemente na crença de que imagens de violência policial não apareceriam nas telas de televisão. Mas Wilson estava transmitindo as cenas no complexo da ONU ao vivo para a sede do CDD e, portanto, as imagens dela já haviam sido distribuídas.
Durante o simpósio, a ministra apelou aos profissionais da justiça para uniformizar a forma como olham para a situação de género, ao fazerem julgamentos e ao lidarem com questões relativas às mulheres.
“A formação e capacitação do poder judicial, com uma perspectiva de género, são cruciais para garantir a igualdade de acesso à justiça e a imparcialidade nas decisões judiciais”, afirmou.
“Muitas vezes temos visto casos em que as mulheres se consideram injustiçadas. Isso nos faz perceber que ainda não alcançamos a igualdade. O que queremos é eliminar as desigualdades de tratamento e de acesso aos serviços jurídicos”, acrescentou.
De acordo com Kida, ao receberem formação específica sobre género, agentes da polícia, advogados, magistrados e funcionários de assistência jurídica estarão melhor preparados para compreender as complexidades das relações de poder e da discriminação de género que podem influenciar os processos judiciais.
“Temos situações em que um mesmo caso julgado por um juiz e uma juíza pode não ter o mesmo desfecho. A sensibilidade de uma juíza, ao julgar um caso de estupro, às vezes parece muito mais profunda do que quando um homem está julgando”, disse ela.
Kida acredita que o Simpósio é o momento em que os operadores de justiça “irão reflectir sobre como alcançar uma justiça mais justa, olhando também para a componente feminina. Isso favorece que todos tomem decisões mais justas e equitativas em qualquer etapa do processo.” (AIM)
Uma operação de busca e resgate está em curso no Malawi, depois que as autoridades da aviação não conseguiram ontem (10) entrar em contacto com a aeronave que transportava o vice-Presidente Saulos Chilima e mais nove pessoas a bordo.
Numa declaração à Nação, um pouco antes da meia-noite, o Presidente Lazarus Chakwera, que cancelou a sua visita às Bahamas, disse ter recebido apoio dos Estados Unidos da América, da Grã-Bretanha, da Noruega, do Israel e de outros países para ajudar na localização do avião.
O presidente do Malawi disse que soldados estão a vasculhar colinas e florestas perto da cidade de Mzuzu, no norte do Malawi, depois de um avião militar que transportava o vice-presidente do país ter desaparecido na área.
O avião que transportava o vice-presidente Saulos Chilima, de 51 anos de idade, e outras nove pessoas deixou a capital, Lilongwe, às 9h17 e deveria aterrar 45 minutos depois no Aeroporto Internacional de Mzuzu, cerca de 370 quilómetros (230 milhas) a norte. Mas o controlo de tráfego aéreo disse para dar meia-volta por causa do mau tempo e da pouca visibilidade, disse Chakwera numa declaração à Nação transmitida em directo pelo canal da TV estatal, MBC. A aeronave desapareceu do radar pouco tempo depois, disse Chakwera.
“Eu sei que esta é uma situação dolorosa. Sei que estamos todos assustados e preocupados. Eu também estou preocupado”, afirmou Chakwera. “Mas quero assegurar-vos que não estou poupando nenhum recurso disponível para encontrar o avião. E estou segurando cada fibra de esperança de que encontraremos sobreviventes.”
Mzuzu é a terceira maior cidade do Malawi e a capital da região norte. Encontra-se numa área montanhosa e florestada dominada pela cordilheira Viphya, que possui vastas plantações de pinheiros. O presidente Chakwera prometeu que as operações de busca continuariam durante a noite.
“Dei ordens estritas para que as operações continuem até que o avião seja encontrado”, disse Chakwera.
Chakwera anunciou que os EUA, o Reino Unido, a Noruega, Israel e outros países ofereceram assistência na operação de busca. Fontes não oficiais temem que o Vice-presidente do Malawi tenha morrido numa aterragem forçada na floresta de Chikangawa, depois que o seu helicóptero não conseguiu pousar no aeroporto de Mzuzu. O telefone de Chilima esteve disponível pela última vez às 10 horas.
Chilima estava a bordo de um helicóptero das Forças de Defesa do Malawi para assistir ao funeral do advogado Ralph Kasambara. Foi no regresso que se teme que o avião tenha caído. Segundo fontes, o acidente teria sido confirmado por testemunhas oculares na área florestal de Chikangawa.
Chilima é vice-presidente do Malawi desde 2020. Ele foi candidato nas eleições presidenciais de 2019 e terminou em terceiro. Essa votação foi vencida pelo titular Peter Mutharika, mas foi anulada pelo Tribunal Constitucional do Malawi devido a irregularidades. Chakwera terminou em segundo lugar naquela eleição.
Ele juntou-se então à campanha de Chakwera numa histórica repetição eleitoral em 2020, quando Chakwera foi eleito presidente. Foi a primeira vez em África que um resultado eleitoral anulado por um tribunal resultou numa derrota para o presidente em exercício.
O vice-presidente enfrentava acusações de corrupção devido a alegações de que recebeu dinheiro para em troca influenciar a adjudicação de contratos governamentais, mas os procuradores retiraram as acusações no mês passado. Isto levou a críticas de que o governo de Chakwera não estava a adoptar uma posição suficientemente dura contra a corrupção.
Chilima é casado e tem dois filhos. Ele possui um PhD em Gestão pela Universidade de Bolton e mestrado em Economia. Anteriormente ele liderou a empresa de telecomunicações Aiterl Malawi e trabalhou na Unilever Malawi, na Coca-Cola e na Carlsberg. (Carta/Malawi24)