“Até agora, a acção dos terroristas tem impactado negativamente na actividade das empresas, particularmente nacionais contratadas ou sub-contratadas para operar no local, uma situação que tem vindo a assumir uma dimensão que impede o lançamento de qualquer projecto de desenvolvimento na zona norte da província de Cabo Delgado”, lamentou, na última quinta-feira, o vice-presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Prakash Prehlad.
Mesmo sem precisar o número de empresas afectadas, por dificuldades de comunicação causadas pelos terroristas, após ataque à vila de Palma, no passado dia 24 de Março, Prehlad disse que várias empresas têm enfrentado dificuldades em receber os pagamentos desde Dezembro, por falta de clareza da parte da Total em relação às mercadorias recebidas.
O vice-presidente da CTA explicou, por exemplo, que com a paralisação e desmobilização geral, não se sabe como é que as empresas procederão em relação aos investimentos feitos em mercadorias e bens para fornecer aos projectos e, como consequência, as empresas locais correm um grande risco de perder credibilidade perante fornecedores internacionais, bem como perante a banca.
Aquele empresário avançou que nestas situações de insegurança, há um grande risco de a logística ser transferida da cidade de Pemba para outros pontos. Relatou que, devido à insegurança, alguns bancos já demonstraram desinteresse em apoiar as empresas nacionais para os projectos no norte, uma situação que só favorece as empresas estrangeiras.
“Nesta situação de real emergência que põe em perigo não só a vida de muitas pessoas, mas também o futuro de Moçambique, a CTA pode ser o promotor de um protocolo de coordenação entre as empresas de segurança a operar na província de Cabo Delgado e as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, para que se possa levar a cabo uma acção séria e conjunta para ter o controlo da dinâmica territorial e uma capacidade predictiva que ajude a prevenir os perigos das acções terroristas”, propôs, Prehlad.
Além disso, o empresário acrescentou que, uma vez restabelecida a situação de segurança na zona norte de Cabo Delgado, a CTA pode, também, ser porta-voz e promotora de solicitação de incentivos para o sector privado nacional, que, de facto, foi obrigado a abandonar os seus negócios e os seus bens no território. Prelad terminou a sua abordagem sobre o assunto, sublinhando que o restabelecimento dum ambiente seguro em Cabo Delgado terá como consequência imediata a minimização do risco de perda de postos de emprego e oportunidades de negócio existentes. (Evaristo Chilingue)