A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que congrega o setor privado, pediu ao Presidente da República garantias de segurança nas multinacionais, incluindo escoltas militares nos principais corredores do país, disse ontem o presidente do órgão.
“Temos algumas multinacionais que estão em ‘démarches’ para declarar força maior, então, alertamos para a necessidade de, enquanto decorrem atos urgentes da trégua, também há necessidade de ajudar a controlar os principais corredores”, disse o presidente da CTA, Agostinho Vuma.
Em conferência de imprensa em Maputo para fazer balanço do encontro de segunda-feira com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, em face às manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, Vuma disse que já decorrem conversações com o Governo visando materializar a iniciativa.
“Fiz referência que no corredor Maputo-Witbank e o troço cidade de Maputo até Ressano Garcia [maior fronteira terrestre] foi-nos prometido que teremos segurança ao longo do troço como acontecia na zona centro do país, noutros conflitos pós-eleitorais em que tivemos escolta das forças de Defesa e Segurança”, assegurou o presidente do CTA, indicando que o pedido dos empresários se estende às empresas multinacionais que pedem igualmente policiamento.
Os empresários, que apontam a insegurança no país, alertaram para o crescimento da taxa de desemprego, indicando igualmente que empresas multinacionais ponderam alegar “força maior” para retirar investimentos do país.
As manifestações de uma semana convocadas por Venâncio Mondlane obrigaram à interrupção da circulação de camiões de cargas nos últimos três dias no corredor da Estrada Nacional N.º4, que liga a cidade de Maputo com a fronteira de Ressano García, com camiões em fila de mais de 20 quilómetros do lado sul-africano, disse Vuma.
As estatísticas apresentadas ontem pelo setor privado indicam que foram canceladas até então reservas de turismo inestimáveis do mês de dezembro e todas de janeiro de 2025 no país.
Como solução, os empresários pediram ao Presidente moçambicano para negociar primeiro uma trégua com Venâncio Mondlane para paralisar manifestações enquanto decorrem outras no âmbito eleitoral, visando travar prejuízos à economia.
“O que pedimos de forma concreta foi trégua enquanto decorrem outras negociações que no seu mais alto critério poderão eleger para pôr fim destas situações hostis à economia”, indicou Vuma.
“Fomos propor que vale a pena olhar para uma situação em que a trégua pode minimizar os impactos e as verdadeiras negociações decorrerão enquanto paralelamente estamos a assistir a uma trégua”, insistiu.
Mais de 13.000 mil reservas de turismo foram canceladas na província de Gaza, sul de Moçambique, devido às violentas manifestações de contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro, anunciou na segunda-feira Dorcídio Mavie, técnico da direção da Cultura e Turismo em Gaza.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 04 a 11 de dezembro, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00 (menos duas horas em Lisboa).
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados por Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional. Pelo menos 110 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais desde 21 de outubro, segundo a Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral DECIDE. (Lusa)