As manifestações populares, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que já causaram a morte de mais de 100 pessoas em todo país, continuam fora da agenda das discussões do Governo, nas suas sessões do Conselho de Ministros.
Hoje, o Executivo, que conta com pouco mais de 35 dias de “vida”, reuniu-se, em Maputo, em mais uma sessão ordinária do Conselho de Ministros, a 36ª do ano, porém, no final da reunião, nada disse em torno dos protestos, que deixaram o Grande Maputo sitiado e com níveis elevados de violência desde quarta-feira passada.
Em nota de imprensa emitido no final do encontro, o Secretariado do Conselho de Ministros refere que o Governo apreciou e aprovou o decreto que autoriza a emissão da moeda comemorativa alusiva ao 45.º aniversário da criação do Metical, a ser celebrado em 2025; a resolução que aprova a Política de Investimento do Fundo Soberano de Moçambique; e a resolução que determina a incorporação, em 2025, de 1.000 prestadores no Serviço Cívico de Moçambique.
Igualmente, o Secretariado do Conselho de Ministros refere que o Presidente da República, o Primeiro-Ministro, Ministros, Vice-Ministros e Secretários de Estado apreciaram ainda informações sobre o Relatório da Participação de Moçambique na COP 16, da Convenção sobre a Diversidade Biológica, realizada na Cidade de Cáli, Colômbia, de 21 de Outubro a 1 de Novembro de 2024; e a situação da cólera no distrito de Mogovolas, na província de Nampula.
Nas suas duas páginas, o comunicado de imprensa do Governo não apresenta sequer uma linha que aborda as manifestações populares, cuja nova fase, denominada “4x4”, termina esta quarta-feira. Sublinhar que hoje não houve conferência de imprensa.
Refira-se que pelo sétimo dia consecutivo, as cidades de Maputo e Matola e os distritos de Boane e Marracuene, na província de Maputo, voltaram a estar “sitiadas”, com o registo de novos bloqueios de estradas por manifestantes, que continuam a ocupar as vias públicas em protesto aos resultados eleitorais de 09 de Outubro e à precariedade das suas condições de vida.
Esta não é a primeira vez em que o Governo aparece em público, após reuniões do Conselho de Ministros, anunciar decisões tomadas no encontro sem abordar questões pontuais e candentes da sociedade. Geralmente, os seus porta-vozes costumam dizer aos jornalistas que “o assunto não foi tema de agenda”, mesmo quando os assuntos merecem esclarecimentos pontuais do Executivo. (Carta)