É dos posicionamentos mais cómicos em torno das Eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais, realizadas no passado dia 09 de Outubro. Cinquenta dias após a votação, a Renamo, o maior partido da oposição no actual xadrez político moçambicano, ainda não sabe em que posição ficou, nem com a contagem paralela, anunciada a 30 de Outubro último pelo mandatário nacional do partido, Geraldo Carvalho.
Em conferência de imprensa concedida na manhã desta quinta-feira, o deputado Arnaldo Chalaua, Presidente do Conselho Jurisdicional da Renamo, disse que o partido está entre o primeiro e o segundo lugar, esperando pelo Conselho Constitucional para clarificar o facto.
“A nossa maior ansiedade é que o Conselho Constitucional anuncie os resultados, tendo em conta a verdade eleitoral que se almeja. A nossa expectativa é que tudo venha a favor da Renamo, se a Renamo não está na primeira posição, então, ela pode estar na segunda posição”, afirmou Chalaua, mostrando desconhecer o resultado conseguido pelo partido nas eleições de 09 de Outubro.
Segundo Chalaua, a desconfiança de que a Renamo esteja entre o primeiro e o segundo lugar deriva do “voto rural” que trouxe “um refrigério, contrariando, efectivamente, aquilo que foi anunciado pela Comissão Nacional de Eleições”. Lembre-se que os resultados da CNE indicam que a Renamo e o seu candidato presidencial ficaram em terceiro lugar, atrás do PODEMOS e de Venâncio Mondlane, respectivamente. Aliás, a Renamo aparece em terceiro lugar em todas as contagens, até aqui divulgadas, incluindo paralelas.
A Renamo afirma que os seus dados estão disponíveis, mas nega divulgá-los, alegando que foram submetidos ao Conselho Constitucional. “Estão à disposição, podemos partilhar num outro momento”, afirmou Chalaua, sem garantir a publicação das actas e editais das Mesas de Voto em sua posse.
“Temos feito um trabalho bastante árduo e cuidadoso a nível dos órgãos eleitorais, a nível central. Os nossos dados dão-nos alguma certeza e alguma confiança de que o Conselho Constitucional irá, efectivamente, dar um sim à Renamo”, defendeu o político.
O Presidente do Conselho Jurisdicional da Renamo reiterou a posição assumida por Geraldo Carvalho de que o maior partido da oposição recorreu à sua experiência em processos eleitorais anteriores e, no lugar de sair à rua reivindicar vitória, “preferiu ter calma e fazer a contagem”. A fonte assegura que 80% dos votos nulos, declarados pelos órgãos eleitorais, destinavam-se à Renamo.
Arnaldo Chalaua afirma, aliás, que a Renamo continua refém dos resultados do Conselho Constitucional para realizar a segunda sessão anual do seu Conselho Nacional, o órgão deliberativo mais importante do partido, no intervalo entre os congressos.
Chalaua defende que será dessa reunião que o partido vai analisar o seu desempenho nas Eleições Gerais e das Assembleias Provinciais. “Neste momento, estão a ser mobilizados meios financeiros para garantir a realização da actividade sem grandes sobressaltos”, disse, defendendo que a questão financeira “pode estar na origem da demora da realização do encontro”. (Carta)