A empresa pública Aeroportos de Moçambique diz ter já comunicado os bancos que não poderá continuar a pagar a dívida de cerca de 500 milhões de USD, contraída desde 2006 para modernizar várias infra-estruturas aeroportuárias. Em causa, o Administrador Financeiro da ADM, Saide Júnior, apontou os prejuízos provocados pelo novo coronavírus (Covid-19), que não permitem a empresa honrar com os seus compromissos com os credores.
Em entrevista, há dias, à televisão pública, Júnior explicou que, por causa do cancelamento de dezenas de voos internacionais, grande parte feito por companhias estrangeiras e, por consequência, diminuição drástica da demanda do transporte aéreo (em finais de Março último, a procura caiu de 172 mil para 88 mil passageiros), a empresa perde por mês (a partir de Fevereiro passado) 2 milhões de USD em receitas.
Aquele gestor avançou ainda que, caso a crise provocada pela Covid-19 se prolongue por nove meses (uma perspectiva pessimista), o prejuízo da empresa atingirá 3.2 milhões de USD por mês.
Diante dessa incerteza, Júnior, que é também porta-voz da empresa, disse que a ADM já informou os credores que não poderá continuar a pagar a dívida nos termos anteriormente previstos. “Já endereçamos carta aos bancos, a informar que vamos enfrentar dificuldades em honrar com os compromissos que nós temos em termos financeiros”, disse a fonte.
Em caso de maior agravamento da crise, a ADM poderá também não poder assalariar os 800 trabalhadores. Em relação a esse assunto, Júnior acrescentou que a empresa que dirige solicitou também um pedido de apoio aos bancos para que, assim que for necessário, assegurem os salários dos funcionários.
Igualmente, “escrevemos aos bancos, solicitando que nos apoiem, caso esses problemas se alastrem ao ponto de nós termos problemas de pagar salários e mantermos a operação a um nível moderno de qualidade e segurança”, disse o porta-voz da ADM. Todavia, como prioridade, Júnior apontou a compreensão dos credores na reestruturação da dívida para retomar o pagamento assim que a crise passar.
Dados do Ministério da Saúde (MISAU), referentes a esta terça-feira (07), indicam que há uma semana que o país não regista novos casos de infecção pelo novo coronavírus, mantendo-se com os anteriores 10 (um já recuperado), dum total de 424 testes feitos. O MISAU reporta ainda que em quarentena domiciliar estão 7.6 mil passageiros. (Evaristo Chilingue)