De acordo com os dados do último inquérito de 2020, o Purchasing Managers Index (PMI), realizado mensalmente pelo Standard Bank Moçambique, a actividade empresarial do sector privado abrandou em Dezembro último, vindo de uma trajectória positiva no mês anterior.
Contudo, o inquérito aponta que as expectativas para a produção futura se mantiveram fortes devido à sua contracção mais lenta desde Março, e ao emprego que apresentou a maior taxa de aumento dos últimos dez meses.
O principal indicador do inquérito caiu para 49,3 em Dezembro passado, uma queda fracionária quando comparada com o valor de 49,4 de Novembro, marcando apenas a segunda queda do índice em oito meses.
“Posto isto, esta leitura assinalou apenas uma ligeira deterioração na saúde da economia do sector privado, dado que o impacto da doença provocada pelo coronavírus foi inferior ao registado no início do ano”, indica o PMI.
O relatório do inquérito mostra que as encomendas em empresas moçambicanas diminuíram mais rapidamente do que em Novembro, em paralelo com uma descida no número de clientes e de relatórios com a indicação de que os bens exportados demoraram mais tempo a chegar ao seu destino.
Se, por um lado, o PMI relata que a actividade empresarial registou uma queda lenta desde Março, por outro, mostra que o número de postos de trabalho aumentou a um maior ritmo nos últimos dez meses.
“Vários membros do painel reportaram, nomeadamente, os esforços conjuntos no sentido de reconstruir as suas forças de trabalho após o declínio resultante da Covid-19. Estes esforços foram, em parte, motivados pela melhoria nas expectativas empresariais relativas a Dezembro, para além de uma maior esperança na recuperação global como resultado do desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19”, fundamenta a fonte.
No que se refere aos preços, o PMI aponta que as empresas moçambicanas registaram um novo aumento nas pressões relativas aos custos em Dezembro, ou seja, o primeiro dos últimos nove meses.
“Os salários dos funcionários também aumentaram, mas a um ritmo mais lento do que em Novembro. O facto de a moeda ser fraca levou a que as empresas transferissem maiores custos para os seus clientes, como evidenciado pelo novo aumento nos preços de venda no final do ano”, conclui o PMI.
Perante os resultados do inquérito, o economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, comentou que, depois dos desafios que caracterizaram o ano de 2020, as perspectivas para o ano de 2021 continuam a ser afectadas de forma negativa devido à Covid-19 e às incertezas, aos desafios de segurança, à posição fiscal fragilizada e ao espaço reduzido para apoio por parte da política monetária.
Para Mussá, o resultado disto é a lenta recuperação do crescimento a que estamos a assistir. “Provavelmente, a economia apenas sairá da recessão ao longo do segundo trimestre de 2021, sendo que é expectável um aumento médio do PIB em 2% face ao período homólogo, durante todo o ano”, apontou o economista. (Carta)