Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

quarta-feira, 20 janeiro 2021 14:05

Nas vésperas da visita de Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal finge que abre portas a Moçambique

Era preciso Marcelo Rebelo de Sousa vir a Moçambique para Lisboa fingir que autoriza que moçambicanos viagem para Portugal sem restrições. Rebelo de Sousa chegou hoje a Maputo, terra onde ele viveu e que considera sua segunda pátria e com  quem Portugal tem “ligações de fraternidade que são únicas”.

 

Nos últimos tempos, essa fraternidade esteve (e continua) em banho-maria durante longos meses. Sem decreto conhecido, moçambicanos que quisessem viajar para Portugal eram simplesmente vexados com uma recusa de visto. Grosso modo, a opinião pública |moçambicana estava com os nervos à flor da pele. Há relatos de moçambicanos que tiveram que recorrer à Embaixada da Espanha para obterem um visto Schengen para se deslocarem a Portugal.

 

As redes sociais foram inundadas de comentários criticando a diplomacia moçambicana por não aplicar uma medida recíproca. Ou seja, no mesmo período de fechamento de Portugal aos moçambicanos, cidadãos portugueses podiam entrar em Moçambique sem restrições, obtendo inclusive visto de fronteira, nomeadamente no Aeroporto de Mavalane. A razão para as restrições nunca foram sobejamente explicadas. E os moçambicanos podiam viajar para qualquer parte do mundo.

 

Agora, com a vinda de Marcelo, Lisboa empenhou-se em lavar uma nódoa profunda, dando a entender, nas entrelinhas, que as restrições tinham a ver com a Covid19. Os moçambicanos já podem entrar em Moçambique sem restrições. E Marcelo Rebelo de Sousa evita um grande mal estar, ele que nutre publicamente uma afeição por este país. Seja como for, esta interrupção da fraternidade por decreto português mostra como a politica fragiliza os laços entre os povos e coloca reticências na construção da dita comunidade lusófona.

 

Mas esta abertura tem uma condicionante que retira todo o seu valor e mostra o lado cínico da cooperação internacional, uma condicionante inalcançável para o comum dos moçambicanos; "Certificado Digital COVID da UE na modalidade de vacinação (que ateste a conclusão da série de vacinação primária do respectivo".

 

Eis a fraternidade que nos governa, e o fingimento como marca de água. (Marcelo Mosse)

 

Eis a informação relevante sobre as Viagens a Portugal e as Novas Medidas Aplicáveis:

 

*Aviso: Viagens para Portugal - Novas Medidas Aplicáveis*

 

“São autorizadas as viagens a passageiros provenientes de Moçambique, para viagens essenciais e não essenciais (independentemente do motivo).

 

Para entrada em Portugal é obrigatório a apresentação de um dos comprovativos abaixo:

 

  • Certificado Digital COVID da UE na modalidade de vacinação (que ateste a conclusão da série de vacinação primária do respetivo titular, há mais de 14 dias e menos de 270 dias desde a última dose ou a toma de uma dose de reforço de uma vacina contra a COVID – 19 com autorização de introdução no mercado) e na modalidade de recuperação.
  • Comprovativo de teste à COVID-19 com resultado negativo, realizado nas últimas 72 horas no caso de teste RT-PCR ou 24 horas no caso do teste rápido de antigénio (TRAg) antes do embarque.

 

Crianças que não tenham ainda completado 12 anos de idade estão isentas de apresentação de Certificado Digital COVID da UE/Certificado de Vacinação ou do comprovativo de teste à COVID-19. Para apresentação do pedido de visto, deverá ser reunida a documentação necessária e dar entrada do mesmo na VFS - Centro de Pedidos de Vistos, com o devido agendamento prévio. (X)

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