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Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
Redacção

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É um cenário de terror, desespero total e de “Deus nos acuda!”. Fontes da "Carta" contam que já não há pessoas na aldeia Mbau, no Posto Administrativo com mesmo nome, no distrito de Mocímboa da Praia, que geograficamente faz limite com o Posto Administrativo de Quiterajo, no distrito de Macomia, onde há sensivelmente 15 dias foram assassinados oficiais da Forças Defesa e Segurança (FDS).

 

O facto é que entre as 19 horas da passada segunda-feira (23 de Setembro) e as 01 hora da madrugada de terça-feira (24 de Setembro), a população daquela aldeia viveu um autêntico terror, fruto de 07 horas de intensos ataques, que resultaram na morte de 15 pessoas, conforme garantiram fontes da “Carta”, naquele ponto do país.

 

As fontes relatam que aquela segunda-feira parecia mais um dia normal, como eram os últimos, mas tudo mudou quando os insurgentes entraram, num momento em que a maior parte das vítimas encontrava-se num ambiente descontraído, consumindo bebidas alcoólicas e escutando música. Fontes relatam que, à sua chegada, os “insurgentes” cercaram as pessoas que se encontravam no seu “ambiente de festa”, na sua maioria jovens.

 

Conforme explicaram à nossa reportagem, durante o a incursão àquela comunidade houve uma troca de tiros entre as FDS e os insurgentes, mas devido a “operação” montada pelos insurgentes, que se acredita que tinham mais homens e artilharia pesada que as FDS, não houve como evitar o pior.

 

A fonte disse à "Carta" que, após a chacina, os insurgentes voltaram a atacar a mesma aldeia na manhã do dia 24 de Setembro, pelas 09 horas, tendo saqueado produtos alimentares nas barracas daquela aldeia. Contam ainda que o grupo incendiou as barracas e algumas casas daquela aldeia e a sede do partido Frelimo, naquele Posto Administrativo.

 

“Carta” soube ainda que, devido a clima de medo instalado naquela região do país, os residentes daquela aldeia decidiram abandonar o local, como nas outras aldeias dos distritos de Macomia, Muidumbe e Palma, deixando naquele Posto Administrativo apenas os agentes das FDS e algumas autoridades locais.

Duas mortes em Muidumbe

 

Fontes da “Carta” contam ainda que, na mesma segunda-feira, houve um ataque no distrito de Muidumbe, concretamente na povoação de Limala, Localidade de Muenguela, onde dois homens de idades compreendidas entre 28 e 30 anos de idade foram surpreendidos e decapitados pelos insurgentes, quando se encontravam na sua machamba. O ataque, de acordo com as fontes, ocorreu por volta das 10 horas.

 

Situação similar aconteceu na manhã do dia 20 de Setembro, sexta-feira, na aldeia Ncumbi, a 20 Km da vila de Palma, onde um homem é dado como desaparecido, após ter saído de casa supostamente a procura da sua esposa que também era tida como desaparecida, mas que acabou voltando à casa. Segundo as fontes, a esposa do desaparecido terá saído na companha de amigas (10 no total, incluindo ela) para descascar mandioca seca e, devido a sua demora, o indivíduo saiu para procurá-la, não tendo voltado mais para casa.

 

Perseguições e detenções em Macomia

 

Outra situação relacionada aos ataques, que foi reportada à “Carta”, é das alegadas detenções e perseguições de supostos empresários, Sheiks e familiares de pessoas que, alegadamente, têm ligações com os insurgentes. De acordo com as fontes, no passado dia 19 de Setembro, quinta-feira, um cidadão que exerce as profissões de alfaiate e guarda de segurança, natural de Mitacata, em Quiterajo, distrito de Macomia, foi detido durante a calada da noite pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR), quando se encontrava no seu posto de trabalho. Não há detalhes sobre a sua detenção, mas aventa-se a possibilidade de ter ligações com os insurgentes.

 

A UIR também tentou deter, mas sem sucesso, o Sheik Sujai Aifa, pertencente a mesquita "Alfurkan". A detenção não aconteceu porque, no referido dia, o mesmo encontrava-se na cidade de Pemba. Fontes afirmam que o Sheik está na lista das FDS, alegadamente por ser financiador dos insurgentes, por um lado e, por outro lado, porque alguns dos membros do grupo foram alunos da sua madrassa (escola de formação islâmica).

 

Ainda em Macomia, fontes garantem que no passado dia 18 de Setembro, seis pessoas foram detidos pelos agentes da UIR por alegadamente estarem em conluio com os insurgentes. (Omardine Omar e Paula Mawar)

Na semana passada, o antigo embaixador de Moçambique na Rússia, Bernardo Chirinda, foi condenado por corrupção em primeira instância. Ele recorreu e está em liberdade. Ele nunca tinha sido preso. Como ele, há outros, que gozam dos critérios dúbios de determinação da prisão preventiva em Moçambique (como a antiga embaixadora nos EUA).

 

Há, no entanto, quem não goza da mesma sorte, indo parar à cadeia, mesmo quando não há indicação clara de risco de fuga ou de manipulação da investigação. O caso de Paulo Zucula é um deles. Com barbas de 4 anos, o processo se vem arrastando sem uma indicação clara da data d0 seu desfecho.

 

Durante este tempo, Zucula esteve em liberdade e não consta que terá tentado fugir ou mesmo perturbar as investigações. Mas há pouco mais de um mês, ele foi detido preventivamente.

 

E há casos mais bizarros. Como o da antiga “Tsunami”. A juíza do caso Helena Taipo justifica a aplicação da medida de coação máxima à antiga Ministra do Trabalho e ex-Embaixadora em Angola com “subsistir a possibilidade de a mesma perturbar a marcha e o desfecho do processo”.  

 

De acordo com o despacho relevante da juíza, “a arguida goza de grande influência na instituição lesada e, segundo Maia Gonçalves (...), o perigo de perturbação do processo, embora à letra da lei se refira apenas à instrução, abrange todas as fases do mesmo, pelo menos, enquanto a prova não estiver fixada.

 

“Com efeito, mesmo durante a instrução, a arguida gozou de solidariedade dos colegas do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social, que solicitaram a este tribunal o pagamento de subsídio de prisão preventiva a favor da mesma, quando nos termos da lei, deveria ser solicitada pela arguida e a mesma já estava fora do prazo legalmente admitido, pois, na altura, já havia sido deduzida a acusação.” (Carta)

quinta-feira, 26 setembro 2019 06:24

Mais um Guebuza na barra da justiça

Depois de Ndambi, Armando Guebuza vê seu segundo filho, Mussumbuluko, sentado no banco dos réus. Trata-se de um caso laboral. Uma audiência de julgamento envolvendo a então célebre empresa Msumbiji, de Mussumbuluko, e um antigo funcionário, Orlando Mabasso (ex-Director de Recursos Humanos) terá lugar nesta segunda-feira no Tribunal de Trabalho da Cidade de Maputo. Mabasso já processara a empresa por 9 honorários não pagos, tendo ganho o caso. Depois de muito tempo sem que a condenada cumprisse a sentença, o caso foi finalmente executado na semana passada.

 

Agora, o novo caso tem a ver com outro pedido de indemnização também por honorários alegadamente não pagos. Mabasso disse à “Carta” que havia proposto à Mussumbuko um acordo amigável, mas o visado nunca se mostrou aberto a discutir. “Ele simplesmente não responde”.  Este caso é apenas um de muitos, na mesma natureza, envolvendo o filho do antigo presidente no quadro dessa ventura empresarial que parece andar agora se norte.

 

Em Dezembro passado, 27 trabalhadores da extinta Direção de Operações da Msumbiji queixaram-se de que a empresa não lhes pagara indemnizações devidas após ter rescindido unilateralmente com os trabalhadores, tendo-lhes garantido que pagaria uma indemnização. Depois que os negócios da Msumbiji começaram a entrar em ruina (sobretudo um milionário e sobrefacturado contrato com uma extinta empresa de telefonia móvel), ele decidiu, em Fevereiro, desfazer-se dessa massa laboral, mas não pagou o que prometeu: uma indemnização.

 

Em Dezembro, oito meses depois, os visados continuavam sem ver um tostão. Uns preferiram então intentar uma acção judicial, como foi o caso de Mabasso. O advogado da Msumbuiji, Isálcio Manhanjane, disse ontem que o caso de Mabasso não tem mérito pois foi ele a origem da natureza dos vínculos contratuais entre a a Msumbiji e os 27 trabalhadores. “Ele foi negligente”. Mahanjane não especificou.

 

Seja como for, o nome e a imagem do clã Guebuza volta às parangonas por motivos pouco dignos.
Mussumbuluko Guebuza é o filho do ex-Presidente Armando Guebuza que se revelou um aficionado por armas de guerra. Quando o pai estava no poder, ele participou de processos de “procurement” militar, posando com fornecedores de armas, de metralhadoras em riste. Com proteção paternal, sua empresa estava de vento em popa. A Msumbiji surgia sempre em notícias de novas venturas empresariais com marca de arrojo e génio empreendedores. Mas os contratos eram ganhos porque sua sombra paternal estava sempre presente onde a Msumbiji se oferecia para trabalhar.

 

Obteve esse fabuloso contrato de fornecimento de serviços de instalação, manutenção e reparação de grupos geradores de cerca de 350 torres de telefonia móvel de uma das operadoras, nas províncias do sul de Moçambique. Sua aparição no sector empresarial moçambicano foi, no entanto, meteórica. Com Guebuza no poder, conseguiu um sólido contrato de “assistência técnica” com a Aggreko, uma multinacional que geria uma central de produção de energia com base no gás de Temane, a partir de Ressano Garcia, fornecendo à EDM, à Eskom e à Nampower, a eléctrica da Namíbia.

 

Mussumbuluko revelou alguns traços de sua personalidade ao se deixar fotografar com armas de grande calibre numa sessão de compra de equipamento militar para o exército. Controverso foi também o negócio da implantação de centenas de câmaras de vídeo vigilância nas cidades de Maputo e da Matola, com o objectivo de monitorar os cidadãos. As mais de 400 câmaras de vídeo vigilância foram instaladas por uma empresa chinesa, em parceria com a Msumbiji, num negócio apadrinhado directamente pelo ex-Presidente Armando Guebuza. (Marcelo Mosse)

terça-feira, 24 setembro 2019 10:22

BCI acolhe estudantes de contabilidade e auditoria

Dezenas de estudantes de Contabilidade e Auditoria, do Instituto Politécnico de Tecnologia e Empreendedorismo (IPET), efectuaram, na semana finda, uma visita de estudo à sede do BCI, em Maputo.

 

Para além de terem tido acesso a alguns dos sectores-chave do banco, os estudantes tomaram parte numa palestra sobre planeamento e educação financeira. Segundo o facilitador e colaborador do BCI, Daudo Vali, a visita serviu também “para dar a conhecer aspectos importantes sobre planeamento e independência financeira, por meio de uma poupança eficaz”.

 

“É prática do BCI estabelecer uma interacção contínua com instituições de ensino básico, médio e superior, como forma de preparar os alunos, estudantes e futuros profissionais para que sejam conhecedores da realidade e das actividades bancárias, e que sejam economicamente capazes de maior racionalização de recursos”, esclareceu.

 

Como referiu Rosalita Paulino, docente do IPET, os estudantes “já têm uma visão geral sobre a banca e uma certa percepção sobre o seu funcionamento”. “Tiveram aqui um contacto directo com o terreno, como forma de os levar a quebrar certos mitos. Muitas das vezes pensa-se que banca é só lidar com dinheiro. Ao saírem daqui partem com outras expectativas e com uma visão mais próxima da sua área de formação”, explicou.

 

“Esta visita foi fascinante”, disse Luís Bila, estudante de Contabilidade e Auditoria. “Esta experiência deu-me mais motivação para concluir o meu curso, especializar-me e num futuro próximo aperfeiçoar-me profissionalmente”, continuou.

 

Já para Anifa Ussene, “para além de nos ajudar a aprofundar os conhecimentos que já adquirimos, este contacto cria mais familiarização com o meio profissional e, no meu caso, vai ser possível aliar a teoria e a prática, e tornar a minha formação mais completa”.

 

Refira-se que o IPET opera há cerca de 10 anos e oferece uma quinzena de cursos em Maputo, Sofala, Tete, Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa.(Carta)

terça-feira, 24 setembro 2019 09:01

Teatro / Dorotéia

Dorotéia é uma peça que retrata a história de uma senhora que se desviou dos padrões familiares fugindo com um sul-africano. Perdeu-se e passou a se envolver com vários homens tendo como preferência homens mais velhos, tempo depois de perder o seu filho, Dorotéia jurou que havia de ser uma senhora de bom conceito, refugiando-se então no abrigo das primas (D. Flávia, Maura e Carmelita) viúvas, que viviam numa casa só de salas, pois acreditavam que é no quarto onde a carne e a alma se perdem. Elas olhavam para o sexo como pecado, feiura como espantalho do demónio, a beleza como maldição e a doença como purificação da alma.

 

(26 de Setembro, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)

terça-feira, 24 setembro 2019 08:59

Performance / A Palavra Mais Bonita

Maria Giulia Pinheiro coleciona as palavras mais bonitas do público e cria poemas ao vivo por toda a comunidade lusófona. A Poeta homenageia o pai, que perdeu a fala um ano antes de morrer, compondo poesias com as palavras que ele não pôde dizer. Após exatamente um ano da morte de seu pai, Maria Giulia Pinheiro sobe ao palco para brindar sua vida em performance inédita em Moçambique. Misturando narrações e ação, a poeta recolhe as palavras mais bonitas das pessoas presentes na plateia e cria poesias a partir delas. O show-lírico conta ainda com uma série de poemas já escritos, com palavras enviadas por Facebook e neste momento circula pela comunidade lusófona. “Meu pai perdeu a fala mais ou menos um ano antes de morrer. Sou poeta e perder a palavra como capacidade de expressão e comunicação justamente no momento de sua partida foi uma dor muito grande. Não poder ouvir o que ele estava pensando naquele momento”, conta a poeta. “Como tudo o que sei fazer é criar, quero que esta seja nossa forma de comunicação agora. Não sei qual foi a última palavra que meu pai disse. Por isso, vou louvar a todas”, diz Maria Giulia.

 

(26 de Setembro, às 18Hrs no Centro Cultural Brasil-Moçambique)

terça-feira, 24 setembro 2019 08:57

Teatro / A Boca

A Boca é uma obra de artes cénicas (teatro), onde a representação, o canto e a dança, assim como a percussão corporal, o equilíbrio acrobático e a poesia num estilo contemporâneo moçambicano retractam a vida de Jotamo, um jovem de 25 anos, recém-licenciado pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), para o curso de medicina. Ele perde seu pai (Fred) vítima de assassinato, na sua festa de graduação. O desejo de vingança, paixão e admiração pela actividade praticada pelo pai em vida (jornalismo) fazem com que Jotamo abandone a medicina, e trabalhe no mesmo posto que o pai, como meio para investigar o assassinato do seu progenitor. Quem matou o jornalista Fred? Por que o mataram?

 

(24 de Setembro, às 18:30Min no Centro Cultural Brasil-Moçambique)

A delegação moçambicana que participou, recentemente, na ITU Telecom World 2019, em Budapeste, Hungria, apresentou, na segunda-feira, 23 de Setembro, em Maputo, ao ministro dos Transportes e Comunicações, os prémios de “Melhor Participação”, atribuído ao Governo de Moçambique e o de “Solução Tecnológica com Maior Impacto Social”, entregue à startup moçambicana UX/Biscate.


Na plataforma internacional, onde figuras influentes de governos, reguladores, investidores e operadores se juntam às Pequenas e Médias Empresas (PME) do sector das tecnologias para debater, partilhar e expor tecnologias de ponta e estabelecer parcerias, foram ainda reconhecidas as startups moçambicanas Output Tech/Xiphefu, finalistas na categoria “Solução Tecnológica com Maior Impacto Social” e a Ability, com o certificado de excelência.


Para o Governo, segundo referiu Carlos Mesquita, ministro dos Transportes e Comunicações, a distinção representa um profundo reconhecimento do trabalho que o Executivo tem vindo a realizar no desenvolvimento das telecomunicações em Moçambique, no âmbito do cumprimento do Programa Quinquenal do Governo 2015-2019, sendo uma grande responsabilidade para os actores deste ramo manter e aumentar os níveis de reconhecimento internacional que o País está a atingir.


Em relação aos prémios arrecadados pelas startups nacionais, o governante felicitou aos jovens que “com o seu trabalho abnegado elevaram o prestígio de Moçambique nos organismos internacionais de telecomunicações”.


“Exortamos à Autoridade Reguladora das Comunicações de Moçambique (ARECOM) e demais intervenientes para darem o acompanhamento e apoio necessários para o desenvolvimento destes talentos e outros ainda por vir, implementando a nobre missão do Governo de assegurar a participação de todos os moçambicanos na gigantesca e exaltante missão de edificar o Moçambique que queremos”, frisou o ministro.


O presidente do Conselho de Administração da ARECOM, Américo Muchanga, que chefiou a delegação moçambicana na ITU Telecom World 2019, considerou que o prémio dado ao Governo, resulta daquilo que tem sido a sua acção na área das comunicações, em particular, por permitir que os jovens moçambicanos possam ter um papel cada vez mais relevante na criação de soluções que vão fazer com que as tecnologias de informação e comunicação não sejam usadas apenas para falar, mas que sejam efectivamente para o desenvolvimento económico e social do País.


Na exposição de serviços e soluções tecnológicas das PME da ITU Telecom World participaram seis startups nacionais, nomeadamente a UX/Biscate, Tabech, OutPut Tech/Xiphefu, Bacelapp, Ubi e Meu Taxi.


A UX obteve a distinção máxima na categoria de “Solução Tecnológica com Maior Impacto Social”. Trata-se de uma aplicação de emprego, desenvolvida pela UX  Information Technologies, para o sector informal, que conecta trabalhadores de baixa renda, com telefones celulares básicos, sem recurso à internet, aos clientes/potenciais empregadores na web.


Um dos desenvolvedores de software da UX  Information Technologies, Osvaldo Maria, disse, na ocasião, que o prémio, conquistado entre cerca de 70 soluções concorrentes, representa o esforço que a UX tem feito para a melhoria da empregabilidade em Moçambique.(Fds)

 

Passam aproximadamente cinco meses, desde que o ciclone Kenneth sacudiu a província de Cabo Delgado, com maior impacto nos distritos de Macomia, Ilha do Ibo e cidade de Pemba, e na zona norte da província de Nampula, tendo morto 38 pessoas e desalojado cerca de 170 mil pessoas, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

 

Foi a 25 de Abril que o país registou a passagem do segundo ciclone, em 41 dias, neste caso o Kenneth, depois de ter registado o memorável ciclone Idai, que fustigou a zona centro, com maior incidência para a cidade da Beira, tendo causado a morte de 603 pessoas e milhares de desalojados.

 

Um total de 32.034 casas parcialmente e 2.930 totalmente destruídas foi o retrato dado em relação do “desempenho” daquele evento natural, que também deixou abaixo salas de aulas, unidades sanitárias, postes de energia e uma ponte metálica sobre o rio Muagamula (distrito de Muidumbe), que deixou isolados cinco distritos do norte daquela província (Mueda, Muidumbe, Palma, Nangade e Mocímboa da Praia).

 

Uma das casas que ficou parcialmente destruída é da família Fernandes, residente no bairro Natite, na capital provincial de Cabo Delgado, que desde aquele fatídico dia nunca mais teve tecto.

 

Com uma criança paralítica, de nove anos de idade, de nome Fernanda Álvaro Fernandes, a família, visitada recentemente pela “Carta”, revela estar a viver dias difíceis, devido à falta de apoio das autoridades.

 

Segundo Magalhães Fernando, Chefe da família, o ciclone Kenneth deitou abaixo a sua casa de tipo 01 e levou todos os seus bens. Hoje, Magalhães Fernando e a família (esposa e dois filhos) vivem numa casinha emprestada pelo irmão.

 

“Durante o processo de levantamento, várias organizações passaram pela nossa residência para recolher os nossos dados, mas só foi para recolher dados mesmo porque nunca mais apareceram”, revela a fonte.

 

Fernando acrescenta ainda que a sua situação se torna mais dramática, devido à sua cor (mestiço), pois, “as pessoas pensam que tenho muito dinheiro e que facilmente me irei recompor, o que não constitui a verdade. O ciclone Kenneth tirou-nos tudo que construímos com muito suor”, desabafa.

 

Durante a conversa com a nossa reportagem, o pai de Fernanda Fernando partilhou a estória da sua filha, tendo dito que, em 2010, quando ela nasceu submeteu todos documentos necessários para receber ajuda, na Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social de Cabo Delgado, mas até ao momento nada aconteceu.

 

Na entrevista à “Carta”, Magalhães Fernando revelou ainda que, neste período de campanha eleitoral, a sua residência tem sido usada pelos partidos políticos para a realização de comícios naquele bairro da cidade de Pemba, por encontrar-se desabitada. Nas suas actividades, a fonte diz que os partidos recorrem à energia da sua casa, pois, a instalação principal não foi afectada. Também tem sido usada por malfeitores na calada da noite.

 

Referir que esta é uma parte do que se vive na capital provincial de Cabo Delgado e distritos de Macomia e Ilha do Ibo, fortemente atingidos pelo ciclone Kenneth, que a 25 de Abril sacudiu aquela região do país.

 

Relativamente a esta situação, “Carta” procurou ouvir a Direcção Provincial do Género, Criança e Acção Social em Cabo Delgado, para perceber as condições em que vivem as famílias afectadas pelo ciclone Kenneth, em particular esta família, com uma menor que necessita de cuidados especiais, mas esta não se mostrou disponível, alegadamente porque os responsáveis do pelouro encontram-se com agendas lotadas, em particular partidárias (campanha eleitoral). (Omardine Omar)

terça-feira, 24 setembro 2019 03:55

Superada meta de empregos activos para jovens

 Marta Maté e  Edmundo Werna

No âmbito da implementação da Política de Emprego (PE), o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) gerou em 2018, 85 porcento de empregos activos para jovens, superando a meta do quinquénio de um milhão e quinhentos mil (1.500.000) postos de trabalho.


A informação foi tornada pública, na segunda-feira, 23 de Setembro, em Maputo,  por Marta Maté, directora nacional do Trabalho, que falava à margem da reunião de avaliação e monitoria da PE do MITESS, alargada aos directores de planificação, técnicos e parceiros de cooperação.


Marta Maté disse, na ocasião, que a reunião tinha, também, por objectivo analisar a elaboração do Informe Anual da PE, preparar o Informe Semestral da PE de 2019, analisar os indicadores de emprego a serem adoptados na monitoria da PE, a orçamentação e fazer ainda a advocacia para a orçamentação pró-emprego.


“Nós temos alguns desafios em relação à qualidade de dados e descriminação de actividades e apreciação de alguns indicadores e orçamentação. A Política de Emprego e o Plano de Acção cabem dentro do instrumento de planificação. Estamos a dar os primeiros passos para a elaboração de um informe relativo ao segundo ano da implementação da PE 2019. Temos tido encontros trimestrais com os pontos focais de vários ministérios e estamos a ver se o relatório remetido ao Conselho de Ministros,  pode ser melhorado. Neste workshop, estamos igualmente a analisar os orçamentos dos sectores prioritários no pilar três da Política de Emprego e a desenhar a estrutura do próximo relatório, não obstante este ano ter apresentado resultados positivos”, explicou Marta Maté.


Por sua vez, Edmundo Werna, representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), disse que a reunião serve de catalisadora para as várias organizações e braços parceiros do MITESS, na avaliação e análise dos tópicos para a elaboração do informe anual da PE e dos indicadores de emprego.


“Esta reunião é uma oportunidade para se discutir o andamento da Política de Emprego com os parceiros do Governo, para ver como eles podem potencializar a criação de emprego nas suas determináveis e diversas políticas”, referiu Edmundo Werna.


Importa referir que a reunião contou com a participação de representantes dos ministérios envolvidos na PE, parceiros sociais, Banco de Moçambique, OIT, entre outros. (Fds)