Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

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Textos de Marcelo Mosse

Olhem pró Marcos, o Tuto! Ele anda foragido da Justiça no Brasil. É parceiro do Fuminho no PCC (o Primeiro Comando da Capital), facção criminosa envolvida no tráfico de drogas. O Fuminho foi preso em Abril no Montebelo, lugarejo elitista na Sommerschield, em Maputo. Ontem, o Ministério Público de São Paulo revelou que o Tuto é "adido" no Consulado de Moçambique no Belo Horizonte, Minas Gerais. O quê? Isso mesmo! Por essa via, não espanta que tivesse passaporte diplomático moçambicano! Vejam...até onde tráfico brasileiro penetrou em Moçambique: até o tutano do Governo, traficante recebendo honrarias de diplomata. É de esperar que a Ministra Verônica Macamo venha urgentemente destrançar as linhas com que se coseu este Tuto. E dizer quem são seus parceiros locais. Finja, pelo menos, e convoque um inquérito...uma comissãozinha. Assim, evita embaraçar a AR (em país normal, já o parlamento a tinha convocado. Mas, aqui, o compadrio da maioria obsoleta não ajuda). 

Com a aproximação do julgamento do caso interposto pela PGR em Londres contra o Credit Suisse, marcado para 2021, o banco helvético não quer cair sozinho: quer arrastar também o Presidente Nyusi. Bizarro. Inócuo. A pura vingança servida friamente.

 

Para co-responsabiizar Nyusi, o CS baseia-se em evidências circunstancias carecendo de prova (a menção do famigerado “New Man” na planilha de subornos da Privinvest) e de um papel secundário do actual Presidente de Moçambique, enquanto Ministro da Defesa, no contexto da aprovação do projeto de defesa costeira que esteve na base da contratação da dívida da Proindicus. O anúncio de que o CS pretende envolver Nyusi como tendo tido participação política decisória e benefício económico irregular na contratação do crédito para a Proindicus tem dois significados.

 

Primeiro: O CS tem a noção de que cometeu irregularidades e não vai escapar a uma condenação judicial, com tremendos danos reputacionais. A 17 de Março deste ano, um despacho da Reuters mencionava que procuradores americanos estavam a investigar o papel do Credit Suisse Group AG no caso das “dívidas ocultas” de Moçambique e acreditavam ter evidências da culpabilidade do credor suíço depois que três ex-banqueiros se confessaram culpados, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto.

De acordo com esse despacho da Reuters, os promotores acreditavam que o Credit Suisse podia ser considerado criminal e civilmente responsável pelos crimes dos seus funcionários se eles forem cometidos no âmbito de suas funções e beneficiarem, pelo menos em parte, o banco.

 

É provável que o CS tenha sedimentado, depois da investigação americana, a noção de que não escaparia a qualquer acção civil neste caso, interposta por entidades legítimas.

Não sabemos se a justiça americana avançou com uma acção contra o CS mas o caso interposto pela PGR moçambicana está a correr trâmites, e foi no âmbito dos quais seus representantes legais (do CS) manifestaram a vontade de envolver Nyusi, num feio golpe de chantagem e vingança: o caso da PGR em Londres terá tido a anuência do mais alto magistrado da nação, causando uma fúria tremenda nos corredores do banco helvético por causa de uma eventual condenação.

Segundo: Decorrendo dessa eventual condenação, o CS agarrou-se na estratégia da chantagem para tentar chegar a um acordo com Moçambique. Por outra palavras, a ameaça de alistar Nyusi como co-responsável num caso justamente interposto pelo Estado moçambicano era uma forma de acenar para uma negociação extra-judicial.

Geralmente, os grandes bancos sempre evitaram uma sentença judicial quando acossados perante uma quase condenação. Uma condenação judicial tem efeitos reputacionais desvastadores. Os bancos preferem um acordo extra-judicial e é isso que, provavelmente, procuram ao acenar a Nyusi. 

De resto, os poucos mais de 600 milhões de USD do crédito à Proindicus são “peanuts” para o volume de danos de uma eventual condenação judicial e para os lucros anuais do CS. Os resultados do CS (lucro) para o segundo trimestre deste ano (um ano atípico dado a pandemia) fora de 1.27 bilhões de USD. Os lucros são função do valor por acção que, por sua vez, são função (também) da reputação do banco. Ora, o lucro de um trimestre do CS é dobro do crédito concedido à Proindicus.

 

Em face disto, é mesmo de esperar que este imbróglio termine num acordo extrajudicial. Para o CS seria ouro sobre azul. E para Moçambique? Dependerá. A PGR pretende a eliminação da dívida da Proindicus e suas garantias. Se se conseguir isso, ganha também o Estado moçambicano. (Marcelo Mosse)

quinta-feira, 20 agosto 2020 06:15

Nyusi mais predisposto a liderar

Eis a armadilha em que caímos. O mercenarismo do eixo Pretoria/Harare zombou dos russos da Wagner, acusando-os  de fracos. Quando se meteram a combater os terroristas por terra, em Cabo Delgado, os russos sofreram baixas. Na RAS e no Zimbabwe, isso foi motivo de chacota. E Moets! Os mercenarios africanos comentaram que o terreno em Cabo Delgado era demasiado selvagem, que não era coisa para russo. Foi um marketing negativo para a Wagner. Na verdade, eles, os que também matam legalmente por dinheiro mais não pertencem a qualquer Estado, queriam o negócio para si. E conseguiram! Quando chegaram, venderam para o mundo que o combate à insurgencia em Cabo Delgado era uma questão de semanas. Não é o que estamos a ver!

 

Agora, poucos meses depois, Lionel Dyck, dono do Dyck Advisory Group (DAG), o grupo de mercenários que defende nossa soberania em Cabo Delgado, diz que a guerra está longe de ser vencida; que os terroristas estão bem armados e motivados. O DAG só opera por ar com menos de 30 homens (ah sim! Porquê não fazem por terra como os russos?); e tem uma capacidade limitada de recolher informações (por isso a matança indiscriminada de civis, confundidos com rebeldes).

 

Mas é óbvio que toda esta ladainha é de quem veio cá para ganhar dinheiro. Quanto mais isto durar, mais mola entra nos bolsos do senhor Lionel (e de quem por cá ganha comissões e rendas), e nosso povo com suas culturas morrendo, perante um Presidente se esforçando para mobilizar umas impávidas serenas comunidades regional e internacional.

 

O DAG não passa de mais uma armadilha!

Em Setembro de 2015, o economista Carlos Nuno Castel-Branco e o editor do mediaFax Fernando Mbanze, foram absolvidos num caso promovido pelo Ministério Público, que os acusava de calúnia e difamação contra a figura do ex-Presidente Armando Guebuza. Em 2013, Castel-Branco publicara um texto no Facebook e no mediaFax, dizendo, entre outras coisas, que Guebuza estava fora de controlo e que devia sair de cena, levando consigo seus patos. O juiz de direito do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, João Guilherme, desconstruiu eficazmente o libelo acusatório. O MP recorreu ao Tribunal de Recurso da cidade de Maputo, que acaba de confirmar a absolvição. Ou seja, a acusação perdeu redondamente. Os argumentos do colectivo de juízes defenderam veementemente a liberdade de expressão e de imprensa e frisaram que a figura de Presidente da República está nos holofotes do escrutínio público e isso era uma das essências da democracia.

Filipe Nyusi anuncia, no domingo, o regresso faseado às aulas. E diz que caberá ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano garantir que isso seja feito. A Ministra da Educação, Carmelita Nhamashulua, sai do Conselho de Ministros, ontem, e atira a bola para o Ministro da Saúde:

 

“Ainda não há data específica para o retorno às aulas. Em todo o país existem cerca de 667 escolas secundárias e apenas 300 é que têm condições sanitárias adequadas, entretanto, independentemente do que for feito, cabe ao Ministério da Saúde autorizar a reabertura das escolas, dependendo também da evolução epidemiológica dos casos”.

 

Todos sabemos que Carmelita é uma maestrina na fuga às suas responsabilidades. Não diz o que vai fazer em cada uma das 367 escolas secundárias "sem condições sanitárias adequadas".

 

Onde estão os 309 milhões de USD do FMI? Ja passam dois meses, e ninguém diz nada. Aliás, sempre que o executivo abre a boca só fala em repressão, com gente morrendo de fome nas cidades.

 

Eis um Governo sem norte na crise do Covid 19. Filipe Nyusi anuncia um regresso faseado as aulas com "timing" improvável. A não ser que ele não equacionou a dimensão sanitária. Se é isso, então o caos está contemplado (basta olhar comparativamente para lá fora). Se não é isso, como é o Governo vai higienizar todas as escolas em menos de 1 mês?

 

Mas, voltando à ministra Carmelita, afinal tudo depende da "evolução epidemiológica". Só que, é claro que, ouvindo do Dr Ilesh e a OMS, a coisa ainda vai piorar.

 

Eis o Governo numa retórica contraditória, envolvendo até o PR. Eis o país em que vivemos!

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