O Ministério Público submeteu, esta segunda-feira, ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), uma acusação contra 11 arguidos constituídos no âmbito do processo 94/GCCC/2017-IP, relativo ao desvio de fundos no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
De acordo com dados fornecidos à “Carta”, os 11 arguidos são acusados da prática dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, Corrupção Activa, Peculato, Branqueamento de Capitais e Violação de Legalidade Orçamental.
Sem fazer referência aos nomes dos arguidos, o GCCC refere que quatro encontram-se em prisão preventiva, sendo que os restantes sete respondem no processo em liberdade. O GCCC dá conta da existência de dois mandados de captura internacional contra dois fugitivos, nomeadamente, Humberto Fernandes Xavier, empresário do sector dos transportes, e Ismael Gulamo Patel.
Entre os arguidos detidos está a antiga Ministra do Trabalho e Segurança, Maria Helena Taipo, os gestores da ARCOS Consultores, Arnaldo Simango, e da CALMAC Limitada, José Marcelino, e Filomena Sumbana, esposa do antigo governante Fernando Sumbana. Entretanto, entre os que vão responder o processo em liberdade consta o nome de Lúcio Sumbana, filho do casal Sumbana.
Com a dedução da acusação e consequente remissão ao TJCM encerra-se, formalmente, a fase de instrução preparatória, abrindo-se, assim, a instrução contraditória, uma etapa decisiva na qual a acusação e a defesa vão tentar convencer o tribunal dos seus argumentos. (Carta)
Num breve “press release” emitido nesta quarta-feira em Pretória, a Embaixada americana na África do Sul diz que recebeu com grande “desilusão” o comunicado do Ministro sul-africano da Justiça e Serviços Correcionais, Michael Masutha, que anunciou ontem a extradição do antigo Ministro das Finanças Manuel Chang para Moçambique, apesar de o pedido de extradição americano ter sido remetido à justiça sul-africana anteriormente ao pedido de Maputo.
“Apelamos ao Governo sul-africano para que envie Manuel Chang para os Estados Unidos da América para ele enfrentar um julgamento pelos crimes de que é acusado, os quais vitimaram cidadãos americanos e delapidaram o Governo de Moçambique em mais de 700 milhões de USD”.
O “press release” reafirma que Chang é acusado nos EUA de fraude e branqueamento de capitais, num esquema que defraudou investidores americanos no quadro das chamadas “dívidas ocultas” de mais de 2 mil milhões de USD. A Embaixada americana não clarifica se vai interpor um recurso junto do Tribunal Supremo da RAS, para suspender a decisão do Ministro Masutha. (Carta)
A FIFA fez um anúncio nesta quarta que tranquilizou muita gente. A entidade comunicou no seu site que desistiu da ideia de ter 48 selecções já no "Mundial" de 2022, no Qatar. Gianni Infantino, presidente da FIFA, forçava para que a ideia fosse adiantada de 2026, como previsto, para 2022, criando uma série de problemas, mas com apoio de várias confederações (como da Ásia, África e até a Conmebol).
A entidade desistiu agora da ideia, depois de concluir um estudo de viabilidade que mostrou que não era possível. A inviabilidade decorre da situação política do Qatar com seus vizinhos.
O Qatar vive um bloqueio comandado especialmente pela Arábia Saudita, e envolve países como os Emirados Árabes Unidos. A situação de tensão é grande e o bloqueio já causou muitos problemas. Gianni Infantino tentou vender a ideia de que expandir o "Mundial" para 48 selecções já em 2022 e dividir a sede do Qatar com os vizinhos seria uma forma de o futebol tentar intermediar uma melhor relação entre os países. Uma balela inacreditável e, acima de tudo, perigosa.
A FIFA fingira importar-se com as tensões do Médio Oriente mas o objectivo de um “Mundial” com 48 seleções era essencialmente financeiro. O problema é que também estava em cima da mesa uma proposta conjunta que envolvia o Soft Bank, do Japão, e investidores da Arábia Saudita para gerirem o “Mundial”, o “Mundial de Clubes” e criar uma competição baseada na “Liga das Nações”, da UEFA, mas de caráter mundial.
Mas a FIFA sabia, no entanto, que a possibilidade da Arábia Saudita ser envolvida causaria um desconforto político que iria muito além do Qatar. Há outros factores que colocariam a FIFA em apuros: a questão de direitos humanos, por exemplo. A entidade incluiu no seu revisto e melhorado caderno de encargos pontos importantes sobre respeito de direitos humanos, uma espécie de garantia para impedir que países que violem direitos humanos participem e vençam o “Mundial”.
A Arábia Saudita, nesse sentido, estaria numa situação grave, dado o caso recente do jornalista Jamal Khashoggi, saudita e opositor ao regime do país, morto dentro da embaixada saudita na Turquia. (Adaptado de trivela.com.br)
A justiça moçambicana montou uma operação de “caça ao homem” contra dois cidadãos alegadamente implicados no caso que envolve a antiga Embaixadora de Moçambique em Angola, Maria Helena Taipo. Trata-se de Humberto Fernandes Xavier, um empresário do sector dos transportes, e Ismael Gulamo Patel.
Os dois estão a ser procurados há várias semanas mas terão desaparecido sem deixar rastos. Humberto e Ismael são consideradas peças fundamentais na estratégia de incriminação de alguns dos principais arguidos do caso. Uma fonte segura disse à “Carta” que as autoridades já emitiram um mandado internacional de captura contra os dois indivíduos. (Carta)
Os atacantes que operam em oito distritos da província de Cabo Delgado realizaram mais uma acção armada, nesta terça-feira, 21 de Maio, agora visando a aldeia Simbolongo, no Posto Administrativo de Mucojo, em Macomia. Nesta incursão, três cidadãos do sexo masculino foram mortos a tiro. O ataque aconteceu por volta das 17 horas.
As vítimas foram surpreendidas quando estavam em plena quebra do jejum, afirmam fontes da "Carta" em Macomia. Simbolongo é uma aldeia da localidade Pangane e dista cerca de 80 quilómetros da sede distrital.
Segundo as fontes, depois da acção, os insurgentes, em número não revelado, roubaram comida e fugiram para as matas. A zona vive um cenário de insegurança. Os residentes têm sido perseguidos pelos insurgentes nas suas idas ao mar, onde pescam para seu sustento.
Descreveram-nos que a frequência de perseguições a cidadãos indefesos aumentou nas últimas semanas, levando a que poucos se façam à faina no mar. Este cenário acontece depois que, muito recentemente, as Forças de Defesa e Segurança desmantelaram uma das principais bases dos insurgentes, que se localizava numa mata na região entre os postos administrativos de Mucojo e Chai.
Mucojo é uma região cujas populações estão agora a braços com uma situação de fome severa, acelerada pelos efeitos do ciclone tropical Kenneth. Na região não há electricidade e nem se fala por telefone. Com suas casas destruídas pelo ciclone, as pessoas vivem em pequenos abrigos. (Carta)
O principal procurador da investigação dos Estados Unidos no caso das dívidas ocultas de Moçambique foi contratado em abril como advogado de uma companhia petrolífera norte-americana, operadora de um projeto de exploração de gás natural liquefeito em Moçambique. Matthew Amatruda, principal procurador do caso que incrimina o ex-ministro das finanças de Moçambique Manuel Chang e outros antigos membros do governo moçambicano, deixou de representar o governo dos Estados Unidos da América num tribunal federal de Nova Iorque e trabalha agora como advogado para a companhia norte-americana Exxon.
O Banco Mundial e os seus parceiros, nomeadamente, Suécia e Noruega, irão conceder 87.6 milhões de USD para o financiamento do Programa Nacional de “Energia para Todos”, lançado em Novembro do ano passado, pelo Presidente da República. Deste valor, 82 milhões são provenientes do Banco Mundial, cujo acordo será celebrado, na tarde desta quarta-feira, com o governo moçambicano, através do Ministério da Economia e Finanças. O remanescente será desembolsado pelos dois parceiros.
O Programa Nacional de energia para Todos foi lançado pelo Chefe de Estado moçambicano a 12 de Novembro último, tendo como objectivo principal assegurar que todos os moçambicanos tenham acesso à energia até ao ano de 2030, como preconizam os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, de que o país é subscritor.
De acordo com o comunicado enviado à nossa Redacção, pelo Ministério dos Recursos Minerais e Energia, o valor coberto por estes acordos representa a parte inicial do total de 200 milhões de USD que os parceiros se predispuseram a disponibilizar para o arranque da implementação do Programa, que tem como as principais agências implementadoras a Electricidade de Moçambique (EDM) e o Fundo de Energia (FUNAE). (Carta)
A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), com mandato de organizar, gerir e manter um mercado secundário de valores mobiliários centralizado, espera que a Oferta Pública de Venda (OPV) dos 7,5 por cento da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) torne mais robusto o principal indicador do mercado bolsista, a “capitalização bolsista”.
A espectativa foi manifestada, na última segunda-feira, pelo PCA da BVM, Salim Valá, durante o lançamento da OPV da HCB.
“Com a operação, a BVM vai aumentar, sem dúvidas, a capitalização bolsista, a liquidez no mercado, o volume de transacções, vai atrair ainda novos investidores e vai despertar também o interesse de outras empresas pelo mercado de capitais”, afirmou Valá.
Dados facultados pelo PCA da BVM referem que a “capitalização bolsista” situa-se, neste momento, a um nível de 90.640 milhões de Mts (aproximadamente 1.409 milhões de USD), o que representa cerca de 9 por cento do PIB.
“O volume de negócios da BVM está no patamar de 3.309 milhões de Mts, o número de títulos cotados é de 152 na BVM, temos o índice de liquidez de 3,88 por cento”, destacou Valá, para demonstrar o optimismo da instituição que dirige em relação aos ganhos da OPV da HCB.
Ainda em relação às vantagens, o PCA da BVM disse, igualmente, que a pretensão de obter uma elevada dispersão accionista e a procura pela maior inclusividade dos cidadãos, a OPV dos 7,5 por cento da HCB vai trazer para a Bolsa muito mais investidores moçambicanos, principalmente por arrastamento.
“Há também uma perspectiva pedagógica emanante a esta operação. Muitos moçambicanos estão ávidos em comprar acções da HCB. Com a operação vão aprender como investir em bolsa, como comprar acções de uma empresa cotada em bolsa”, acrescentou o gestor máximo da BVM.
Por ser vantajoso para as empresas, o PCA da BVM usou da ocasião para instar as empresas a listarem suas acções na instituição para se beneficiar de ganhos “visíveis e tangíveis”. “Não faz sentido que, das 100 maiores empresas que operam, em Moçambique, apenas três estejam cotadas na BVM. Temos de mudar esse cenário”, criticou a fonte.
Para comprovar a pouca aposta dos investidores nacionais na BVM, Valá recorreu ao segundo relatório de Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP), apresentado, recentemente, que refere que, quando a BVM foi criada, em 1999, foi feita uma análise e foram identificadas 17 empresas, de um porte tal e com condições que poderiam nela estar listadas, mas em pleno 2019, a instituição conta com apenas oito empresas.
“Contudo, nós estamos a trabalhar de forma arrojada para trazer estas empresas para BVM”, garantiu Valá, mostrando optimismo com os ganhos que a instituição tem vindo a registar. (Evaristo Chilingue)
Apesar de estar debaixo dos ataques dos insurgentes e de ter sido afectada pelo Ciclone Kenneth, que fustigou alguns distritos da região norte do país a 24 de Abril último, a província de Cabo Delgado, a mais afectada, figura entre as mais “cumpridoras” das metas estabelecidas pelos órgãos eleitorais para o recenseamento eleitoral.
Até ao passado dia 19 de Maio, a província, politicamente controlada pela Frelimo, tinha registado 522.628 eleitores, dos 644.021 previstos, correspondendo a 81,15 por cento, tornando-se a segunda mais “mobilizada” do país. A sua frente estava apenas a também sempre controversa província de Gaza (sempre registou participações eleitorais quase de 100 por cento em todos os pleitos), que já tinha registado 504.115, dos 575.055 previstos, correspondendo a 87,66 por cento. Trata-se também de uma província controlada pela Frelimo.
Segundo o porta-voz do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), Cláudio Langa, a situação deve-se ao facto de os postos de recenseamento eleitoral, nos distritos afectados pelo Ciclone Kenneth, terem sido encerrados “poucos dias (máximo de dois dias)”, com excepção dos do distrito do Ibo, cuja ligação era deficitária.
Falando esta terça-feira, durante uma conferência de imprensa de balanço do processo, que decorre desde o passado dia 15 de Abril, Langa explicou que a situação se verificou também com os postos de recenseamento atacados pelos insurgentes, que também foram reabertos dois dias depois, com o auxílio das Forças de Defesa e Segurança. Por sua vez, a província de Sofala, que foi a mais afectada pelo Ciclone IDAI, em meados de Março, continua no “meio” da tabela, com 262.877 eleitores registados, dos 521.950 previstos, correspondendo a 50,36 por cento.
STAE mantém esperança em cumprir as metas de recenseamento eleitoral
Faltando apenas nove dias para o término do Recenseamento Eleitoral, o STAE ainda mantém-se confiante no cumprimento das metas fixadas no início do processo, que é de recensear 7.341.739 eleitores. Até ao último domingo (19 de Maio), o órgão responsável pela gestão do processo eleitoral tinha registado apenas 4.590.347 eleitores, o que corresponde a 62,52 por cento do total previsto.
Segundo Cláudio Langa, a confiança deve-se ao facto de, nos últimos dias, os postos de recenseamento eleitoral registarem, geralmente, uma maior afluência de potenciais eleitores. Só na última semana, revela a fonte, os órgãos eleitorais atingiram o pico, tendo registado 132 mil eleitores por dia.
“Esperamos ainda um registo maior, tendo em conta o histórico dos outros censos eleitorais”, disse a fonte.
Agregando estes dados com os do ano passado, o STAE refere que já recenseou, até ao momento, 11.414.929 eleitores, dos 14.166.318 previstos, o que corresponde a 80,58 por cento. A instituição sublinha que os dados não correspondem ao total das brigadas, havendo défice de dados referentes a 10 brigadas. “Olhando para o possível pico de crescimento e contando com os dados do ano passado, podemos considerar que estaremos dentro das metas habituais de registo, que são de 92 por cento do total previsto”, sublinhou.
De acordo com a fonte, as metas poderão ser atingidas, tendo em conta também o fundo do tempo diário, que é de 10 horas, que equivale a 600 minutos. Assim, tomando em conta que o registo de cada eleitor dura apenas três minutos, as brigadas de recenseamento eleitoral podem registar 200 eleitores por dia. Avança ainda que, nos postos de recenseamento com maior afluência, o STAE colocou mais uma máquina, podendo duplicar o número de eleitores registados.
Confrontado com a questão das constantes avarias do equipamento, a fonte assegurou que estas já estão ultrapassadas e que, neste momento, os postos de recenseamento encontram-se estáveis, sob ponto de vista técnico.
Entretanto, a estabilidade não se verifica no capital humano, onde o STAE continua a denotar a ausência de brigadistas nos postos de recenseamento, em todo o país. De acordo com a fonte, a situação deve-se a duas razões. A primeira por ser um trabalho sazonal (alguns arranjam melhor emprego e abandonam o trabalho) e a segunda, devido aos abandonos momentâneos para resolver questões particulares, tendo em conta que os brigadistas permanecem 10 horas no terreno por dia, durante os 45 dias.
“Porém, estamos a monitorar para que estas ausências se reduzam ao mínimo possível nos próximos dias, porque há postos com muita afluência e que só encontramos um brigadista a atender”, afirmou, assegurando que o órgão já está a mobilizar os subsídios que faltam para o pagamento dos brigadistas (já pagou o correspondente a um mês de trabalho). (Abílio Maolela)
O governo aprovou, esta terça-feira (21 de Maio), o decreto que obriga os operadores de telecomunicações a fixarem tarifas únicas a retalho e a grosso, na prestação de serviço público de telecomunicações. A informação foi avançada, esta terça-feira, pela porta-voz do governo, Ana Comoana, durante o habitual briefing à imprensa, após mais uma sessão (17ª) ordinária do Conselho de Ministros.
Segundo Comoana, a aprovação deste documento tem por objectivo assegurar que o mercado das telecomunicações tenha tarifas competitivas, por um lado, e, por outro, garantir que a aplicação destas tarifas, pelos operadores, tenha em conta os princípios de justiça, razoabilidade e também de não discriminação, ou seja, que as tarifas aplicadas sejam justas, acessíveis para os consumidores e universais.
Comoana disse ainda que o decreto estabelece como método o preço médio e que as tarifas também tenham um limite que não ultrapasse aquilo que é estabelecido como limite superior, mas que tenha um limite inferior, de modo que haja equidade nos interesses dos operadores de telecomunicações e dos consumidores.(Marta Afonso)